Concordo que há grande disparidade entre cursos de Pós brasileiro e do
"1º Mundo". Deveras, num país em que a Ciência está em
segundo plano (é só olhar para a dificuldade de angariar recursos para
eventos e pesquisas, principalmente fora do eixo), não se dá crédito à leitura e se desestimula as
crianças a aprender Matemática ao se colocar pessoas desqualificadas
para ensiná-la (uma das provavéis causas do excesso de advogados* e
escasses de engenheiros**, por exemplo). No entanto, levanto algumas resalvas:
- Os números dos EUA podem não ser realmente esses, no
sentido que muitos estudantes são estrangeiros e retornam ao seu país
de origem, caso diferente de países como o nosso em que os alunos em
sua grande maioria são "prata da casa";
- Os EUA é um dos grandes destinos de doutorandos tupiniquis que em tese, assinam um termo se comprometendo a voltar;
- Um terceiro ponto é que a população ianque é, aproximadamente 1,6 vezes maior.
Portanto, acho que uma comparação mais
justa seria entre as densidades de doutores (doutores/100.000 habitantes) estadunidenses e brasileiros.
* http://colunistas.ig.com.br/leisenegocios/2010/10/23/brasil-e-o-segundo-pais-com-mais-advogados-por-habitante/
** http://www.baguete.com.br/artigos/251/luiz-francisco-gerbase/19/09/2008/abinee-adverte-faltam-engenheiros
Kleber Napoleão Nunes de Oliveira Barros PPGBEA-UFRPE DOUTORANDO
Date: Thu, 3 Mar 2011 19:03:11 -0300 From: gausscordeiro@uol.com.br To: abe-l@ime.usp.br Subject: [ABE-L]: 4,56 vezes mais doutores!
Caros Redistas,
Pode-se avaliar a escassez de cursos de pós-graduação e de capital acadêmico qualificado no Brasil, analisando alguns dados publicados recentemente.
Em 2009, foram diplomados nos Estados Unidos exatamente 49.562 doutores, o que representou um aumento de cerca de 1,6% em relação a 2008, cujo número de diplomados foi 48.802.
No Brasil, o número de doutores formados passou de 2.830 em 1996 para 10.705 em 2008, havendo, assim, um incremento significativo de 278% em 12 anos. Foram 87.063 doutoramentos nesse período, correspondendo a um crescimento médio anual de 11,9%. Esses dados são resultados da pesquisa “Doutores 2010: Estudos da Demografia da Base Técnico-Científica Brasileira, feita pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Nos termos acima, os Estados Unidos formaram, em 2008, 4,56 vezes mais doutores que o Brasil. Essa diferença é ainda apreciável, pois a população americana é apenas 50% a mais da brasileira. Entretanto, diminuímos consideravelmente o “gap” científico entre os dois países em 20 anos. Estamos deixando à margem uma variável importante: a qualidade das teses de doutorado, que nos EUA, em média, é muito superior à nossa.
Pode-se concluir que o atraso científico entre o Brasil e os Estados Unidos ainda é grande, embora muito menor do que há 20 anos, quando era enorme. Comparações semelhantes são válidas para outros países do Primeiro Mundo.
Cordiais Saudações,
Gauss
"There is no branch of mathematics, however abstract, which may not some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).
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