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ENEM,TRI e Redação



Falsa causa, Contra o Homem, Conclusão Irrelevante e Apelo à autoridade

 

O silêncio nunca é por acaso, na maioria das vezes é conveniente. Não esperava maiores comentários à minha postagem a respeito do ENEM-SISU, no entanto, sucederam-se intervenções, culminando com a palavra de um dirigente. Colocando as articulações combinadas à parte, tão frequentes nas batalhas que vêm sendo travadas nas redes sociais e também presentes aqui, muitas intervenções recorrem a quatro classes de sofismas bastante comuns: falsa causa, contra o homem, conclusão irrelevante e apelo à autoridade.

 O argumento do Leonardo Pereira questionando a mistura das notas da Redação com aquelas obtidas pela TRI não foi contestado tecnicamente. O uso da nota da redação com o peso que ela tem poderá sim causar enormes distorções. Na UFRJ, a correção de redações era feita em salas com a presença de todos os avaliadores, previamente treinados e à medida que surgissem impasses eram dirimidos pelos coordenadores. Dessa forma tinha-se mais uniformidade nas notas da redação, que muitos acham que deveria ser prova eliminatória e não classificatória. Contra essa colocação se limitaram a questionar a qualificação do declarante e não a sua argumentação. É preciso estar muito comprometido com o sistema para defender tão intransigentemente o desastre que tem sido tanto a concepção, como a implementação do ENEM-SISU. A favor desse projeto invocou-se até as privatizações da era FHC, as vacas magras do período Paulo Renato e assim por diante... Em relação à TRI não houve da parte do Leonardo, nenhuma crítca, mas o apelo para maior transparência, com a divulgação dos parâmetros estimados, permitindo assim que qualquer um fosse capaz de calcular sua nota ponderada. Qual é o problema em fazer isso? Aliás o direito à revisão vem sendo conquistado na Justiça, revelando erros graves, como foi o caso do estudante Michel Cerqueira de Oliveira. Será que a dirigente pode nos esclarecer a respeito?

Outra linha de contra a argumentação (diferente de contra-argumentar que é debater) é identificar as críticas ao processo ENEM-SISU como críticas aos estatísticos ou não que se envolveram com essa metodologia, ou pior ainda, aos técnicos do INEP. Eu tenho enorme apreço pelos funcionários de carreira do INEP e há anos venho consultando seus trabalhos e relatórios. Por outro lado, acho lamentável a prática desse e de todos os governos que colocam à frente de institutos técnicos pessoas que não pertencem aos seus quadros. O país tem pago um preço altíssimo por essa prática.

Querem impor o ENEM-SISU como algo definitivo, sobre o qual só podem haver sugestões de melhoria. Se esse exame é a única etapa que deve existir entre o jovem e a universidade então melhor seria permitir o acesso irrestrito. Sairia mais barato, mais justo e mais autêntico. Pois veremos no SISU a engrenagem das cotas destruir o mérito daqueles que não são pobres, pardos, negros ou indígenas. E num momento seguinte a engrenagem das universidades destruir as esperanças daqueles que entraram pelas cotas, mas não conseguem acompanhar os cursos, como é a situação, por exemplo, na UFABC e em muitas outras IES.

A palavra tem um custo muito alto. Como diz um colega meu - pensar é perigoso, falar é mortal ? Sei que vou sofrer represálias pelo que disse aqui, porque não vivemos em uma democracia, mas apenas em sua aparência. 

 



Prof. Luis Paulo
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