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Re: [ABE-L]: Boicote a Elsevier: maior editora de periódicos do mundo



Acrescentando, menciono o LaTeX como uma importante ferramenta para diagramação de textos científicos. Além de ser open source, a sua curva de aprendizado é razoavelmente rápida ao se comparar com a qualidade dos resultados obtidos.

Trabalho com uma equipe técnica de bolsistas na edição de apostilas de Estatística na UFJF. Estamos usando o LaTeX em conjunto com um programa de controle de revisões através de repositório (chamado "subversion"). Assim, conseguirmos ter vários bolsistas trabalhando no mesmo documento, sem ter aquela bagunça de versões e revisões.

Para revisões de papers, existe um sistema chamado open source chamado MyReview, capaz de gerenciar a submissão de artigos para congressos, e até mesmo, para revistas...

De certo modo, pode-se editar uma revista utilizando apenas recursos gratuitos e de código aberto, incluindo a hospedagem do site, sistema de revisão, e a própria diagramação, utilizando uma equipe descentralizada que pode estar dispersa em várias instituições com o sistema de repositório.

Dá o que pensar...

Se alguém quiser mais informações sobre essas ferramentas, pode me procurar.

- LaTeX: http://www.latex-project.org/
- Subversion: http://en.wikipedia.org/wiki/Apache_Subversion
- MyReview: http://myreview.sourceforge.net/


2012/2/12 Jose F. de Carvalho <carvalho@statistika.com.br>
No meio de tanto confete, eis um outro assunto muito sério na lista. Trata-se da liberdade de informação.

A veiculação de ideia e de informação em geral ganhou, nas últimas décadas, enorme fôlego. A Internet foi o meio e motor dessa mudança. O veículo disponível, muita gente (MUITA) entusiasmou-se e passou a escrever software (melhorando o meio) e a divulgar mensagens de forma livre e desobrigada. Temos hoje acesso a livros e a informação de um modo que não se podia sequer sonhar há duas décadas passadas.

Que tal inventar-se (já existem) revistas científicas, com revisão e tudo, para publicação APENAS na Internet. Eliminando-se o papel, fica muito mais barato e mais ágil. Eliminando-se as editoras, tiramos do meio do caminho organizações jurássicas, que já prestaram relevante papel, mas que, hoje, apenas para sobreviver, querem retardar o futuro. Leis que restringem a Internet e o software livre estão em vigor e leis novas, mais estritas, estão sendo gestadas nos EUA e na Europa. A França fez um papel muito feio no passado, tentando multar usuários da Internet por infração a copyright. O que mais se falava, então, como justificativa, era pirataria de música. Não deu certo. Fala-se hoje de combater crimes, como pedofilia, exageros como pornografia e, a esse título, justifica-se a fiscalização (espionagem do cidadão pelos governos) e censura. Na verdade, o interesse é outro. A livre veiculação de ideias é perigosa para qualquer status quo; e os governos são os primeiros a ressentirem-se.

Há também a burrice, baseada talvez na miopia ou na preguiça (inércia) própria da máquina pública. O Brasil gastou 130 mi comprando o serviço de publicação de artigos científicos. Quanto gasta o mesmo Brasil, por ano, com o pagamento de licenças de software? Precisa pagar isso? Com a existência de tanto software livre, bastaria um esforço de adaptação, mínimo por parte de usuários, e a conta seria eliminada. Conheço empresas que fizeram isso e tiveram enorme vantagem. Vantagem não somente financeira, mas de segurança, em vários sentidos. E o Brasil, por que não faz?

O melhor boicote às Elseviers da vida seria um esforço para se criar revistas livres, baseadas em software livre e aberto. Elas seriam tocadas e geridas como os muito grupos de desenvolvimento de software, que tem dado certo, felizmente, há décadas. Vejam isso na Free Software Foundation (http://directory.fsf.org/wiki/Main_Page). A qualidade do Linux e de suas muitas distribuições, do LibreOffice, do R, da Wikepedia e de tantos outros são uma demonstração prática de que a coisa funciona... e melhor do que a contrapartida fechada e privada.

Abs

Zé Carvalho

PS infelizmente, tem de haver algo na primeira pessoa do singular... Cristiano Ferraz e eu estamos tentando escrever dois livros. Isso é projeto para mais um ano. Faz cerca de quinze dias, reunidos aqui em Campinas, falamos quase juntos a proposta de publicar na Web. Brincamos sobre isso: "menos poluição", "maior rapidez", "quem sabe, abrir para colaboração aberta, como um Wiki?..."

PPS: nada tenho contra editoras, em princípio. Sou grato à J. Wiley, à McMillan e tantas outras; algumas que mudaram de nome  e de propriedade. E também à Editora Mir, soviética, de quem comprei livros baratos. Algumas outras, como a CRC, muito ao contrário; esta sempre vendeu caro e tentou fechar acessos via Internet, por exemplo, ao Eric Weisstein's Math Treasury Troves. Uma confusão só, agora está em propriedade da Wolfram. Bem, nada contra - mas já se vê que o futuro é outro.

Um exemplo do futuro, chegando depressa. Sempre quis assinar a Linux Journal, mas o preço do transporte ao Brasil tornava inviável a assinatura. Agora disponível em forma de e-pub, assinei a revista por 20 dólares. E a tenho mensalmente, no dia da publicação, recebendo um aviso por e-mail. Não há impressão em papel, não há transporte em avião. E posso ler em um leitor de e-pub ou no computador.

Membro da ASA e do IMS desde 1975, tenho cópias de JASA, Annals e mais outras revistas desde então. Fazem bonito na estante de meu escritório. Mas quando preciso de um artigo, busco-o na Internet, via JSTOR ou nos sites da associações. Nem me dou ao trabalho de levantar-me da cadeira e buscar uma revista na estante!

Renovei minha assinatura na RBras e optei, ainda este ano, por receber a Biometrics em papel. Opção fruto da letargia e inércia, pois, tal como em outras publicações, busco os artigos na Web. Terá sido este o último ano em que receberei a revista impressa.


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Estamos a um passo de ter revistas "livres".
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On 02/10/2012 12:17 PM, gausscordeiro wrote:
Caros Artur e demça. ais Redistas,
Certamente Artur! Os cientistas merecem muito maior respeito das editoras.
Como dizia meu pai, os beneditinos da humanidade muitas vezes sao tratados
com desprezo que nem as "putas velhas" (com todo o meu respeito a elas).
Abs,
Gauss


"There is no branch of mathematics, however abstract, which may not some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).



 




Em 10/02/2012 11:01, Artur Lemonte < arturlemonte@yahoo.com.br > escreveu:
Car*s,

Na minha opnião (vejam o link http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1046769-cientistas-boicotam-a-maior-editora-de-periodicos-do-mundo.shtml), acho uma excelente iniciativa.

[ ]'s, Artur.





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Atenciosamente,

Raphael Saldanha
saldanha.plangeo@gmail.com