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Re: [ABE-L]: nosso mundo sem referees



Carlinhos e demais amigos da ABE-L:

Li o artigo e gostei. Ainda mais depois que se fechou o site library.nu, estou irado contra editoras e editores. A crítica apresentado ao processo de revisão é bem fundamentada. E se junta aos problemas (físicos) de publicações, que podem DESAPARECER com a Internet. Eu não sabia do site, mas me tornarei fã. Como ele sugere, diariamente vou checar novos textos.

Vou contar uma injustiça de examinador (igual a revisor). Há muitas décadas passadas, um colega, médico e professor do IB da Unicamp, preparou uma tese para concurso de livre-docência. Pensando enquanto escrevo, isso foi por volta de 1972. Um professor titular, eu diria, da FMV da USP, que estaria na banca, condenou a tese e disse que se apresentada, reprovaria o candidato. Fui a são Paulo conversar com o velho professor. Ele não tinha nada além de empáfia; argumento sólido, nenhum. Mas foi irredutível. Meu amigo transformou o cerne da tese em um artigo. Publicou-o em uma revista médica. Esse artigo recebeu um dos mais prestigiados prêmios da época. (Nada mal, levou-nos a um giro de mais de um mês na Alemanha e Suíça, onde visitamos várias universidades e centros de pesquisa, com entrevistas com o Ministro de Ciências da Alemanha, o diretor da OMS, o Ministro da Saúde de Portugal. Fizemos palestras em algumas universidades alemãs e fomos tratados principescamente, sem exagero no adjetivo. Depois de tudo isso, eu, sempre belicoso, quis ir a São Paulo e conversar com o tal professorzinho catedrático. Meu amigo impediu-me, alegando que para nada serviria e, claro, ele (o catédra) estava ciente de que aquela tese era o artigo premiado. Em tempo - o revés não impediu que meu amigo, por seu trabalho, fosse catapultado a professor titular (o Zefa, reitor, não brincava em serviço). Hoje, depois de longa carreira, aposentado, mas ainda trabalhando e orientando, ele tem mais de 150 artigos publicados e é professor emérito - um título compartilhado por poucos na Unicamp.

Conheço muitos exemplos. Outro envolveu o professor Euclydes Lima Filho. Mas é outra estória longa e muito próxima de nós, aqui nesta lista. Fico somente no  exemplo acima, que considero emblemático.

Mudemos. Na era da Internet, papel é coisa do passado. É até poluidor (e como!). E é coisa do passado querer selecionar-se o que se publica ou não. Nossa lista não tem mediador. Não é melhor assim? (Fico à vontade para escrever o que eu quiser. Tomo algum cuidado, mas sinto-me mesmo à vontade, como em uma mesa com amigos, em um Sinape, por exemplo. Assim é que é bom). Publicar na Internet não tem custo e alcança o mundo em segundos. Há filmes no u-tube que foram vistos por milhões no primeiro dia! Pra que complicar, se nada custa?

A opinião exposta no artigo é relevante e apropriada. Delenda o processo de revisão, como está.

Abraços

Zé Carvalho

On 04/02/2012 12:47 PM, cpereira@ime.usp.br wrote:
Caros redistas:
Convido a todos para ler o boletim da ISBA principalmente o artigo do Larry Waserman com inicio na página 6 - A WORLD WITHOUT REFEREES, by Larry Waserman.

Vale a pena ler!!!!


http://bayesian.org/sites/default/files/fm/bulletins/1203.pdf



Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>