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Re: [ABE-L]: Descaso com o Nordeste



Caro Pledson, Caros Redistas,


Não existem dificuldades na área de engenharia que não possam ser
superadas. Existem contratos não bem
elaborados e fiscalizados e uma grande inércia do Governo Federal.

Com os políticos nordestinos do tipo Renan Calheiros, José Sarney,
Fernando Bezerra Coelho,
Cid Gomes (que pagou R$ 600 mil para inaugurar um hospital) e da
prefeita da sua cidade, entre centenas
de outros, não chegaremos a lugar algum. Citei a prefeita, pois foi
com muita tristeza que constatei
o grande desleixo dela (+corrupção?) com a outrora bonita orla de Ponta Negra.

Com mais da metade de seu território localizada em regiões áridas,
Israel é um exemplo a ser seguido e hoje consegue
produzir alimentos suficientes para atender a mais de 95% da demanda
interna e ainda gerar excedentes para exportação.

Em tempo: a sua ideia de uma lista eletrônica a favor da transposição
é excelente.

Bom carnaval a todos!

Gauss


Em 10 de fevereiro de 2013 10:55, Pledson Guedes de Medeiros
<pledson@ccet.ufrn.br> escreveu:
> Caros,
>
> Acho muito importante que as pessoas começem a fazer uma campanha a favor da
> transposição do Rio São Francisco pois o que víamos, na maioria das vezes,
> eram protestos contra a transposição. Lembram do Bispo da Bahia que fez até
> greve de fome contra a transposição?
>
> Estes protestos iniciais, projetos iniciais incompletos e, obviamente, a
> grande complexidade da obra, levaram a demora e, até agora, a não conclusão
> do projeto. É importante dizer também que se trata de uma obra grandiosa,
> que muitos diziam ser impossível de ser feita, basta dizer que ela era
> ventilada desde o início do século passado. Para se ter uma idéia da
> complexidade, em determinados trechos o Rio terá o seu curso desviado e a
> sua água elevada para que possa haver o fluxo  da mesma. Além disso, em
> outros trechos os projetos precisaram ser refeitos em função da geologia do
> terreno e da necessidade de aberturas de novas passagens. Construir estádios
> para a Copa do mundo, convenhamos, é uma tarefa muito mais simples, apesar
> de custarem mais caro, pois basta colocar operários em três turnos e pronto,
> fez-se o estádio. Basta comparar a extensão das obras de transposição, que
> passam por vários estados nordestinos, e a construção dos estádios para a
> Copa que, juntos, não cobrem a área do bairro de uma cidade nordestina como
> Natal, por exemplo.
>
> Se fosse uma obra simples, convenhamos, já teria sido feita no início do
> século passado, não acham? Porém, é natural que todos nós nordestinos
> estejamos ansiosos pela conclusão desta obra de grande impacto social e que
> será capaz der levar a milhares de pessoas uma coisa simples, necessária e
> suficiente para subsistência humana, ÁGUA...
>
> Que tal iniciarmos um abaixo assinado pela importância da conclusão das
> obras de transposição do Rio São Francisco, este sim um abaixo assinado útil
> e que fará a diferença na vida de pessoas simples, que não tem acesso
> regular nem a água e que, durante séculos, foram esquecidas pelos
> governantes brasileiros. Aliás, justiça seja feita, passaram a ser lembradas
> a partir de 2003, pois antes era só carro pipa. Nos últimos 10 anos tivemos
> um grande projeto de construção de cisternas(de 2003 até o fim deste ano, a
> previsão é que tenhamos 750 mil cisternas construídas no semi-árido
> nordestino) e, a partir de 2007, foi iniciado o projeto mais importante e
> complexo de todos, a transposição do Rio São Francisco...
>
> Prof. Pledson Guedes de Medeiros
> Professor Associado
> Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
> Fone: (84) 3215-3786
>
>
> ---------- Original Message -----------
> From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
> To: Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>, rbras_l@rbras.org.br
> Sent: Sat, 9 Feb 2013 15:54:27 -0300
> Subject: [ABE-L]: Descaso com o Nordeste
>
>> Descaso com o Nordeste
>>
>> (Gauss M. Cordeiro e Mariz Menezes)
>>
>> Há décadas ouvimos falar em seca no Nordeste e em possíveis soluções,
>> mas nenhuma ação efetiva foi executada até hoje para resolver o
>> problema. O projeto de redenção dessa região, segundo alguns
>> especialistas, é a transposição das águas do Rio São Francisco.
>> Algumas pessoas são contra a execução desse projeto alegando que
>> retirar água do rio poderá provocar um déficit energético. Nada como
>> as estatísticas para explicar os fatos como eles realmente são. A
>> vazão média regularizada do Rio São Francisco é cerca de 2.250 m3/s.
>> Para se ter uma ideia de uma vazão dessa ordem, o abastecimento de
>> água de toda a região metropolitana de Recife efetua-se com, apenas,
>> 16 m3/s. As projeções da transposição indicavam que seria retirada do
>> Velho Chico uma vazão média de 40 m3/s e máxima de 70 m3/s e, claro,
>> isso não é pouco.
>>
>> A obra de transposição começou em 2007 e poderá beneficiar 13 milhões
>> de nordestinos castigados pela seca levando água através de mais de
>> 600 km de canais de concreto para cerca de 400 municípios dos estados
>> de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Para o desvio das
>> águas do rio, será utilizada a captação de 1,5% da vazão nominal do
>> rio. Ressalte-se que o erro cometido no uso da série histórica para
>> estimar essa vazão média não supera 4%. Como resultado prático,
>> haveria água suficiente para aliviar o sofrimento, a fome e a miséria
>> dessa população. O Nordeste enfrenta a pior seca das últimas décadas,
>> afetando a economia dos agricultores e pecuaristas que estão perdendo
>> suas lavouras e cabeças de gado. Inicialmente, a obra custaria R$ 4,5
>> bilhões. Hoje, quase que duplicou o seu valor. Entretanto, representa
>> apenas 1/3 do total de R$ 28 bilhões a serem gastos com estádios e
>> infraestrutura para a Copa do Mundo. Apenas 43% das obras de
>> transposição foram concluídas, mas a competição será iniciada em junho
>> do próximo ano.
>>
>> Se a maior parte da população ribeirinha for cultivar frutas às
>> margens do Rio São Francisco, a retirada de água poderá afetar a
>> capacidade de geração das usinas, comprometendo a situação energética.
>> Necessário torna-se, entretanto, verificar que, ao promover-se a
>> irrigação do sertão, as características regionais seriam alteradas e o
>> tão chamado Polígono das Secas poderia ser bastante reduzido ou
>> existir por menor tempo (chove, às vezes).
>>
>> A água que cai do céu vem da Terra e contém, em sua composição, o
>> oxigênio que as plantas exalam. Ao avistarmos o mar, constatamos a
>> elevada taxa de evaporação que provoca o surgimento de nuvens que
>> darão origem à chuva. Se for levantada a pluviometria da região no
>> entorno do lago de Sobradinho, desde a sua formação, poderemos
>> constatar, quem sabe, que as condições ali melhoraram. O espelho de
>> água do lago é imenso e faz alusão, como nos cordéis, a que o sertão
>> virou mar. Hoje, não só os plantadores de frutas beneficiam-se da água
>> do velho Chico, mas muitos outros, inclusive vinícolas. O que entrava
>> o projeto é a falta de vontade e a incompetência dos responsáveis para
>> gerenciá-lo. Por favor, concluam o projeto e esqueceremos que os
>> infelizes camponeses perderam suas caquéticas vaquinhas recentemente.
> ------- End of Original Message -------