Colegas,
Os protocolos de avaliação em vigor na nossa pós-graduação de fato justificam esta visão pessimista. Alguns aspectos para corroborar.
1. Ter listas de periódicos separadas por área limita a circulação de ideias, e cria paradoxos, como revistas muito bem avaliadas numa área que são mal avaliadas em outras.
2. O caso é mais grave na Estatística, pois a produção nessa área envolve muitas vezes colaborações com gente de todas as áreas; entretanto, os periódicos 'aceitáveis' segundo o QUALIS da área são muito poucos e focados num tipo de contribuição bem particular.
3. No recente workshop "The Future of Statistical Science", realizado em Londres, por organização do ISI, ASA, RSS e mais alguns parceiros, TODAS as áreas de fronteira identificadas como requerendo avanços importantes nos próximos 10 anos são áreas de APLICAÇÃO: genética, dieta e nutrição, BIG DATA, privacidade e confidencialidade, risco, etc. Se procuramos por revistas para publicar trabalhos nestas áreas, não as encontraremos no QUALIS da área de Matemática e Estatística.
4. Outro problema é a metrificação exagerada. Para poder aplicar critérios de pontuação da produção de forma automática, as revistas do QUALIS são alocadas em classes A1, A2, etc. O que é peculiar não é ter classes, mas sim é ter classes cuja frequência é arbitrada externamente aos dados. Assim, na classificação A1 só podem estar x% das revistas. Ora, se a classificação é para diferenciar por qualidade, como antecipar que só podemos ter x% das revistas na classe de qualidade A1? Insensato, para dizer o mínimo.
Porém, parafraseando Churchill, que disse que a democracia é o pior dos regimes, tirando todos os outros que já foram testados ("It has been said that democracy is the worst form of government except all the others that have been tried."), o sistema atual será defendido como o melhor, tirando todos os outros que já foram testados... Já ouvi esta frase de um coordenador de área da CAPES.
Por estas razões é que acho fundamental discutir e discordar, e tentar ampliar o espaço para promover melhorias no sistema existente, que provavelmente não será eliminado, mas que talvez possa ser aprimorado.
Saudações. Pedro.