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Re:[ABE-L]: para reflexão



Oi Gauss e colegas,

afinal que este quebra-quebra meio diabolico serviu para animar a ABE-L.
Que mais mensagens sobre historia, dicas, informacoes sobre assuntos
relacionados mas nao mainstream circulem pra valer na lsita. Assim, ela
fica mais interessante (lembrando sempre que ninguem e' obrigado
a ler todas as mensagens que circulam).

Sobre a postagem na lista, escrevi antes, e me sinto na obrigacao
constrangida e desagradavel de opinar de novo.
Acho que nao podemos deixar intimidacoes ocorrerem mas, igualmente
importante, ninguem precisa de um curriculo LATTES bem vestido para
escrever na ABE-L. As mensagens devem ser consideradas pelo seu
conteudo, pelos argumentos, e nao por quem as envia. Nao e' preciso
credencial. Existe uma falacia de raciocinio logica bem conhecida chamada
de Ad Hominem ofensivo: Atacar um oponente numa discussao de foram
pessoal e injuriosa ao inves de responder ao argumento.

Um colega no meu depto era diretor da Uniao Municipal de Estudantes Secoundaristas,
em tempos heroicos e historicos de movimento estudantil (eu tambem nao esperei muito
para comecar a cometer meus pecados...),
foi imprensado por um diretor de escola de ensino medio na frente dos demais alunos
daquela escola: "Mas voce nao faz parte dessa escola" E ele respondeu "Entao voce
nao tem resposta para meu argumentos". O diretor retirou-se furioso e a escola
ovacionou meu colega, um menino de 16 anos na epoca.

A melhor maneira de responder a um ataque Ad Hominem ofensivo na minha opiniao
e' nao responder da mesma forma. A tentacao e' imensa mas essa resposta nao ajuda
a adensar o debate. Nesses casos, e' melhor fechar o butequim pelo dia.

Eu soube ontem que um colega, um dos pesquisadores mais ativos em nossa comunidade,
nao faz parte da ABE-L. Fiquei sinceramente surpreso. E estamos preocupados com
estudantes na ABE=L. Quantos assintantes ativos existem? Lucia, existe este numero?
Sera' que somos apenas um bando de professores gatos-pingados escrevendo entre si?
Talvez se fomentarmos mais o debate intelectual, a troca de
informacoes,  este colega venha a se juntar a ABE-L.

Por falar nisso, so hoje tive tempo de ver a segunda apresentacao de
Hans Roslings, o diretor do Karolisnka Institute da Suecia, um show inacreditavel
de visualizacao de dados. Eu andei divulganfdo a apresentacaode 2006 dele.
Esta e' de 2007 e o site abaixo possui outras.
Estou em contato com eles para fazer a traducao
das apresentacaoes. Estas conferencias desse cara podem fazer pelo ensino
da estatistica o que nenhum de nos e' capaz de fazer. Vejam pra crer:

http://www.gapminder.org/video/talks/ted-2007---the-seemingly-impossible-is-possible.html

Voce e seus alunos nunca mais verao os dados da mesma forma depois
dessa conferencia. Uma experiencia unica.

Ah, parece que esse cara, Hans Roslings, esteve no Brasil numa conferencia
patrocinada pelo IBGE no Rio. Alguem tem mais informacao sobre isso? So' lamento
muitissimo nao ter estado presente. Algume esteve la'? Ele fez tambem o show
de engolir espada??

Renato
PS: a mensagem do Carlinhos sobre o fato de que ensinamos o que acreditamos
e que quem decide o que ensinar somos nos foi um primor, hem? Fiquei perplexo em
ver que concordava inteiramente com ele.

-----"gausscordeiro" <gausscordeiro@uol.com.br> escreveu: -----

Para: "abe-l" <abe-l@ime.usp.br>
De: "gausscordeiro" <gausscordeiro@uol.com.br>
Data: 15/09/2007 10.46
Assunto: [ABE-L]: para reflexão

Caros,

O mundo acadêmico das áreas de exatas antes dos anos 70
era predominantemente dominado, em primeiro lugar,
pelos matemáticos e físicos e, depois, pelos químicos.

Com o retorno ao Brasil dos primeiros doutores em
estatística formados exterior e a criação de alguns
Departamentos de Estatística nos anos 70, o cenário em
prol da nossa área no País começou a se configurar.
Se existiram doutores em estatística no País formados no exterior antes dos anos 70, acredito que eles foram de
menor monta para dar um impulso significativo à nossa área.

O grande impulso da estatística no Brasil se deu ? no meu entender ? na década de 80 -, e a criação da ABE com seus efeitos multiplicativos foi primordial para esse processo evolutivo. A consolidação da estatística certamente
ocorreu nos anos 90 com a ampliação dos cursos de mestrado
e doutorado.

Não tenho receio de errar ao dizer que, atualmente, as atividades de pesquisa em estatística (incluo aqui
obviamente probabilidade, pois não faço distinção entre
estas áreas de concentração) no Brasil competem em qualidade
com a física, matemática, química e computação (que cresceu
a passos largos nos anos 90), perdendo tão somente em
quantidade face ao menor capital humano.  

Como me julgo (sem cabotinismo), entre tantos outros,
parte integrante desse processo de crescimento, acredito
que discussões na lista eletrônica são importantes para
mostrar aos jovens estudantes o poder  da estatística,
que HOJE NÃO É MAIS o patinho feio das ciências exatas
como acontecia na década de 70.

No meu entender, todas as áreas da estatística são
importantes desde a teoria da medida e a teoria assintótica
aos métodos MCMC Bayesiano, passando pelas técnicas
intensivas como bootstrap, computação neural e a
grande variedade dos métodos estatísticos aplicados.
Ademais, com o crescimento das técnicas computacionais,
a cada dia surgem novas áreas de interesse como, por exemplo,
a teoria assintótica acoplada com a computação simbólica
que só tenderá a crescer nos próximos anos.

Claro que todos nós temos nossas próprias preferências
e investimos nelas para termos um lugar ao sol no cenário internacional. Mas negar a importância de qualquer uma
dessas áreas representa UM ERRO MUITO GRAVE e só colabora
para desprestigiar a estatística e o trabalho dedicado
de pessoas que têm produzido o melhor para a pesquisa
cinetífica na sua área de atuação.

Sinto pela mensagem longa, mas nos últimos tempos a praia
não tem me fascinado. Um bom final de semana para todos.

Cordiais saudações,
Gauss Cordeiro