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Re: [ABE-L]: Placar 189 x 42



Prezados Gauss, Francisco e Enrico,
 
Penso que uma das razões para o pequeno tamanho da ABE, em comparação com o tamanho muito maior da 'Estatística' no Brasil, tem a ver com esta 'opção' que tem sido mantida pela nossa associação no que diz respeito à questão da sua inserção nos comitês de pesquisa do CNPq e CAPES. Minha opinião pessoal, que expressei no comitê do qual o Cribari fala, é de que deveríamos ter como bandeira ou meta um comitê específico para cuidar da área de Estatística. Esse é o nome da nossa associação, e deveria ser o nome do nosso comitê. Notem que não proponho excluir ou separar a probabilidade da estatística, como não fazemos em nossa associação.
 
Muitos pesquisadores em estatística fazem suas carreiras através de comitês de outras áreas porque não encontraram ou não teriam espaço para reconhecimento de suas contribuições nos comitês dominados por pessoas que não os considerariam como pares. Acho que o Enrico tocou no ponto chave: muitos de nós não nos sentiríamos entre pares nos comitês atuais. Não estão errados os membros dos comitês. O que está errado é ter comitês em que os pares não são os responsáveis pelo julgamento da contribuição.
 
Gostaria ainda de salientar que, apesar de importantes como instância de valor simbólico para uma comunidade de pesquisa, tais comitês são peça pequena num momento em que as agências de fomento não tem como suprir todas as necessidades de financiamento das atividades de pesquisa e desenvolvimento. Nossa comunidade precisa se organizar para disputar com melhores chances de sucesso espaços e recursos que vão sendo alocados por outras fontes, e de outras formas que não a modalidade das bolsas de produtividade em pesquisa. Há um mundo de oportunidades associadas ao desenvolvimento de produtos e processos, de pesquisas em grupos onde o saber principal não é o da Estatística, mas onde não se faz nada de relevante sem este saber, do qual a comunidade dita da Estatística participa de maneira completamente desarticulada, sem visão de conjunto, e provavelmente, apenas na base do esforço individual.
 
Pela criação do comitê da Estatística nos órgãos de fomento.
 
Pela ampliação da participação da ABE na definição dos destinos de fundos públicos de pesquisa na área da Estatística no Brasil.
 
Pela maior articulação da participação dos membros da comunidade em projetos e iniciativas caracterizadas por envolverem forte conteúdo de Estatística.
 
Saudações a todos e todas.
 
Pedrão.

 
Em 27/09/07, Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br> escreveu:
Caro Gauss,

Quando eu entrei no CA-MA do CNPq como assessor da área de Estatística e
Probabilidade (em setembro de 2003), essas áreas contavam (se lembro
bem) com 38 bolsas de produtividade em pesquisa. Se estamos com 42
bolsas agora, houve um aumento de cerca de 10% em 4 anos. Quando eu
estava no CA-MA fiquei feliz ao ver alguns pesquisadores jovens
brilhantes ganharem bolsas e fiquei triste ao ver pessoas de mérito
comprovado que não conseguiram entrar no sistema. Da mesma forma, fiquei
feliz ao assistir a promoções de nível altamente meritórias e frustrado
ao notar que pesquisadores muito ativos não conseguiram ascender. Essa
"bipolaridade" marcou o meu mandato no CNPq. Creio que outros
representantes tenham sentido o mesmo.

A ABE formou uma comissão e a encarregou de discutir a possibilidade de
criação de um CA de Probabilidade e Estatística. Esta comissão foi
formada por mim, pela Eulália e pelo Pedro. As discussões foram
frutíferas, mas foram, tenho que reconhecer, menos conclusivas do que
gostaríamos. A ABE realizou ainda uma consulta junto a pesquisadores da
área sobre três possibilidades: (i) manter o "statu quo"; (ii) solicitar
a criação de um novo CA (para Probabilidade e Estatística); (iii)
solicitar a inclusão de mais um representante no CA passando o CA a ter
um representante para a Estatística e um para a área de Probabilidade).
Não lembro bem o resultado da pesquisa; a Lúcia poderá fornecer mais
informações. Todavia, creio que não houve preferência pela criação de CA
para a área. Essa é uma discussão complexa e que envolve vantagens e
desvantagens em cada esquina. Eu mesmo tenho "mixed feelings" sobre cada
alternativa.

Faço esse histórico para sugerir que a ABE retome a discussão e os
encaminhamentos sobre essa importante questão. Idealmente, a discussão
deveria envolver também os pesquisadores da área de Probabilidade.

Um abraço para você.

FC



On Qui, 2007-09-27 at 12:02 -0300, gausscordeiro wrote:
> Caros,
>
>
>
> Há mais de 23 anos, sempre defendi que a Estatística tivesse um comitê
> próprio
>
> no CNPq face ao crescimento a passos largos dessa área no país.
>
>
>
> Sem querer polemizar (e para o meu dileto colega Luís Paulo não pedir
> para eu
>
> "apontar minha metralhadora mais para cima") gostaria apenas de citar
> um fato
>
> que constatei esta semana, ao ministrar um minicurso de MLG na
> excelente
>
> Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (nível
> 6 na Capes).
>
>
>
> A área de zootecnia no CNPq (4 membros no seu comitê assessor próprio
> mais um suplente)
>
> detém cerca de 189 bolsas de produtividade de pesquisa, das quais 18
> estão na
>
> Pós-Graduação acima.
>
>
>
> A nossa área de probabilidade e estatística em todo o país, detém
> somente
>
> 42 bolsas de produtividade de pesquisa, ou seja, ínfimo 22% do peso
> da
>
> participação da zootecnia. Eu acredito que esta discrepância global
> persista em
>
> relação a outras áreas do conhecimento tais como: engenharia de
> produção,
>
> economia, veterinária, agronomia etc.
>
>
>
> Algumas pessoas podem argumentar que existem bolsas de pesquisadores
> que
>
> trabalham com estatística em outras áreas. Isso é verdade, embora um
>
> comitê próprio de probabilidade e estatística, no meu entender, seria
> salutar e
>
> imprescindível para agregar os estatísticos e dar o valor científico
> real que a nossa
>
> área merece.
>
>
>
> Tenho um amigo que costuma me dizer que os estatísticos adoram atirar
> nos próprios
>
> pés. Eu gostaria de refutar em breve a sua assertiva com fatos
> concretos.
>
>
>
> Saudações,
>
>
>
> Gauss Cordeiro

--
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