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Re: [ABE-L]: Placar 189 x 42



Caro Pedro, 

Concordo com praticamente tudo o que você escreveu, mas gostaria de
discordar, "data venia", da seguinte afirmação: "Pela ampliação da
participação da ABE na definição dos destinos de fundos públicos de
pesquisa na área da Estatística no Brasil." A definição do uso de
recursos do CNPq cabe ao CNPq; idem para a CAPES, FINEP, FAPESP, FAPERJ,
FAPEMIG, FACEPE, etc. Cada agência tem o direito de ter as suas
diretrizes e de estabelecer as sistemáticas de escolha de seus
assessores. 

Acho que seria muito complicado envolver as dezenas (centenas?) de
associações científicas no processo de alocação de verbas de
financiamento à pesquisa e à pós-graduação. Há áreas que não contam com
associação científica e há áreas que têm várias (Economia é uma delas). 

No que tange à formação de um CA no CNPq para a área de Estatística e
Probabilidade, não creio que seja tarefa fácil. Todavia, se houver o
entendimento de que tal passo é desejável, acho que o caminho seria uma
gestão dos muitos pesquisadores da área (inclusive da Probabilidade)
junto à presidência do CNPq através da ABE. 

Para que cheguemos lá, contudo, é necessário que o debate seja
retomado. 

Dois aspectos potencialmente daninhos que são citados sobre a criação de
um comitê assessor específico para a nossa área são: (i) haveria maior
latitude para corporativismo; (ii) junto com a Matemática temos mais
força no âmbito do CNPq; sem ela, seríamos pequenos e teríamos menos
cacife de barganha. 

Adicionalmente, como a Matemática e a Estatística/Probabilidade são, no
CA-MA, "vasos comunicantes", temos espaço para nos posicionar acima de
certos tetos. Por exemplo, temos mais de 10% dos pesquisadores de nossa
área acima do limite máximo de 10% determinado pelo CNPq (5
pesquisadores 1A para 42 pesquisadores). Isso só é possível porque
estamos juntos com a Matemática; sem essa parceria, teríamos no máximo 4
pesquisadores 1A. Esse é apenas um exemplo. 

Um aspecto positivo da criação de novos CAs que é comumente mencionado é
que ela tipicamente vem com um $v_0$, uma dotação "enxoval". No caso em
tela, seria importante que esse $v_0$ fosse, claro, superior à nossa
atual dotação dentro do CA-MA. 

Como você e os demais colegas enxergam esses dilemas?  

Um abraço. 

FC 


On Qui, 2007-09-27 at 22:38 +0100, Pedro Luis Nascimento Silva wrote:
> Prezados Gauss, Francisco e Enrico,
>  
> Penso que uma das razões para o pequeno tamanho da ABE, em comparação
> com o tamanho muito maior da 'Estatística' no Brasil, tem a ver com
> esta 'opção' que tem sido mantida pela nossa associação no que diz
> respeito à questão da sua inserção nos comitês de pesquisa do CNPq e
> CAPES. Minha opinião pessoal, que expressei no comitê do qual o
> Cribari fala, é de que deveríamos ter como bandeira ou meta um comitê
> específico para cuidar da área de Estatística. Esse é o nome da nossa
> associação, e deveria ser o nome do nosso comitê. Notem que não
> proponho excluir ou separar a probabilidade da estatística, como não
> fazemos em nossa associação.
>  
> Muitos pesquisadores em estatística fazem suas carreiras através de
> comitês de outras áreas porque não encontraram ou não teriam espaço
> para reconhecimento de suas contribuições nos comitês dominados por
> pessoas que não os considerariam como pares. Acho que o Enrico tocou
> no ponto chave: muitos de nós não nos sentiríamos entre pares nos
> comitês atuais. Não estão errados os membros dos comitês. O que está
> errado é ter comitês em que os pares não são os responsáveis pelo
> julgamento da contribuição.
>  
> Gostaria ainda de salientar que, apesar de importantes como instância
> de valor simbólico para uma comunidade de pesquisa, tais comitês são
> peça pequena num momento em que as agências de fomento não tem como
> suprir todas as necessidades de financiamento das atividades de
> pesquisa e desenvolvimento. Nossa comunidade precisa se organizar para
> disputar com melhores chances de sucesso espaços e recursos que vão
> sendo alocados por outras fontes, e de outras formas que não a
> modalidade das bolsas de produtividade em pesquisa. Há um mundo de
> oportunidades associadas ao desenvolvimento de produtos e processos,
> de pesquisas em grupos onde o saber principal não é o da Estatística,
> mas onde não se faz nada de relevante sem este saber, do qual a
> comunidade dita da Estatística participa de maneira completamente
> desarticulada, sem visão de conjunto, e provavelmente, apenas na base
> do esforço individual. 
>  
> Pela criação do comitê da Estatística nos órgãos de fomento.
>  
> Pela ampliação da participação da ABE na definição dos destinos de
> fundos públicos de pesquisa na área da Estatística no Brasil.
>  
> Pela maior articulação da participação dos membros da comunidade em
> projetos e iniciativas caracterizadas por envolverem forte conteúdo de
> Estatística.
>  
> Saudações a todos e todas.
>  
> Pedrão.
> 
>  
> Em 27/09/07, Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br> escreveu: 
>         Caro Gauss,
>         
>         Quando eu entrei no CA-MA do CNPq como assessor da área de
>         Estatística e
>         Probabilidade (em setembro de 2003), essas áreas contavam (se
>         lembro 
>         bem) com 38 bolsas de produtividade em pesquisa. Se estamos
>         com 42
>         bolsas agora, houve um aumento de cerca de 10% em 4 anos.
>         Quando eu
>         estava no CA-MA fiquei feliz ao ver alguns pesquisadores
>         jovens
>         brilhantes ganharem bolsas e fiquei triste ao ver pessoas de
>         mérito 
>         comprovado que não conseguiram entrar no sistema. Da mesma
>         forma, fiquei
>         feliz ao assistir a promoções de nível altamente meritórias e
>         frustrado
>         ao notar que pesquisadores muito ativos não conseguiram
>         ascender. Essa 
>         "bipolaridade" marcou o meu mandato no CNPq. Creio que outros
>         representantes tenham sentido o mesmo.
>         
>         A ABE formou uma comissão e a encarregou de discutir a
>         possibilidade de
>         criação de um CA de Probabilidade e Estatística. Esta comissão
>         foi 
>         formada por mim, pela Eulália e pelo Pedro. As discussões
>         foram
>         frutíferas, mas foram, tenho que reconhecer, menos conclusivas
>         do que
>         gostaríamos. A ABE realizou ainda uma consulta junto a
>         pesquisadores da
>         área sobre três possibilidades: (i) manter o "statu quo"; (ii)
>         solicitar 
>         a criação de um novo CA (para Probabilidade e Estatística);
>         (iii)
>         solicitar a inclusão de mais um representante no CA passando o
>         CA a ter
>         um representante para a Estatística e um para a área de
>         Probabilidade).
>         Não lembro bem o resultado da pesquisa; a Lúcia poderá
>         fornecer mais
>         informações. Todavia, creio que não houve preferência pela
>         criação de CA
>         para a área. Essa é uma discussão complexa e que envolve
>         vantagens e
>         desvantagens em cada esquina. Eu mesmo tenho "mixed feelings"
>         sobre cada 
>         alternativa.
>         
>         Faço esse histórico para sugerir que a ABE retome a discussão
>         e os
>         encaminhamentos sobre essa importante questão. Idealmente, a
>         discussão
>         deveria envolver também os pesquisadores da área de
>         Probabilidade. 
>         
>         Um abraço para você.
>         
>         FC
>         
>         
>         
>         On Qui, 2007-09-27 at 12:02 -0300, gausscordeiro wrote:
>         > Caros,
>         >
>         >
>         >
>         > Há mais de 23 anos, sempre defendi que a Estatística tivesse
>         um comitê 
>         > próprio
>         >
>         > no CNPq face ao crescimento a passos largos dessa área no
>         país.
>         >
>         >
>         >
>         > Sem querer polemizar (e para o meu dileto colega Luís Paulo
>         não pedir
>         > para eu
>         > 
>         > "apontar minha metralhadora mais para cima") gostaria apenas
>         de citar
>         > um fato
>         >
>         > que constatei esta semana, ao ministrar um minicurso de MLG
>         na
>         > excelente
>         >
>         > Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de
>         Maringá (nível 
>         > 6 na Capes).
>         >
>         >
>         >
>         > A área de zootecnia no CNPq (4 membros no seu comitê
>         assessor próprio
>         > mais um suplente)
>         >
>         > detém cerca de 189 bolsas de produtividade de pesquisa, das
>         quais 18 
>         > estão na
>         >
>         > Pós-Graduação acima.
>         >
>         >
>         >
>         > A nossa área de probabilidade e estatística em todo o país,
>         detém
>         > somente
>         >
>         > 42 bolsas de produtividade de pesquisa, ou seja, ínfimo 22%
>         do peso 
>         > da
>         >
>         > participação da zootecnia. Eu acredito que esta discrepância
>         global
>         > persista em
>         >
>         > relação a outras áreas do conhecimento tais como: engenharia
>         de
>         > produção,
>         > 
>         > economia, veterinária, agronomia etc.
>         >
>         >
>         >
>         > Algumas pessoas podem argumentar que existem bolsas de
>         pesquisadores
>         > que
>         >
>         > trabalham com estatística em outras áreas. Isso é verdade,
>         embora um 
>         >
>         > comitê próprio de probabilidade e estatística, no meu
>         entender, seria
>         > salutar e
>         >
>         > imprescindível para agregar os estatísticos e dar o valor
>         científico
>         > real que a nossa
>         > 
>         > área merece.
>         >
>         >
>         >
>         > Tenho um amigo que costuma me dizer que os estatísticos
>         adoram atirar
>         > nos próprios
>         >
>         > pés. Eu gostaria de refutar em breve a sua assertiva com
>         fatos 
>         > concretos.
>         >
>         >
>         >
>         > Saudações,
>         >
>         >
>         >
>         > Gauss Cordeiro
>         
>         --
>         Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
>         Departamento de Estatística          fax:   +55-81-21268422 
>         Universidade Federal de Pernambuco   e-mail:
>         cribari@de.ufpe.br
>         Recife/PE, 50740-540, Brazil
>         http://www.de.ufpe.br/~cribari 
>         
>         "Dear friend, theory is all grey and the golden tree of life
>         is green."
>         
>         --Goethe
>         
>         
> 
> 
> 
> -- 
> Pedro Luis do Nascimento Silva 
> Southampton Statistical Sciences Research Institute
> University of Southampton
> Highfield
> Southampton, SO17 1BJ, UK
> Tel: 44-23-80597169
> Fax: 44-23-80595763
> Alternate e-mail: pedrolns@soton.ac.uk 
-- 
Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
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Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
Recife/PE, 50740-540, Brazil         http://www.de.ufpe.br/~cribari

"Dear friend, theory is all grey and the golden tree of life is green."
                                                        --Goethe