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Re: [ABE-L]: Placar 189 x 42



Francisco,
 
A ampliação da participação da ABE se daria, é claro, no contexto de poder indicar, em processos transparentes, membros dos referidos comitês assessores. Não vejo discordância, neste caso, mas posso estar equivocado.
 
Sobre o risco de maior latitude para o corporativismo, inevitável. Mas é preciso examinar o que ocorre no esquema geral das coisas: cada comitê atualmente existente opera com algum nível de corporativismo? Caso afirmativo, então é BOM ter um pouco de corporativismo para a estatística. Caso negativo, então o risco de apenas o novo comitê operar dessa forma deve ser mínimo, e novamente, não haveria problema.
 
Sobre a opção de juntar forças com outro(s) grupo(s) num mesmo comitê, e no caso, com o da Matemática, seria ideal se de fato o casamento desse certo, fosse frutífero e dali nascessem idéias e diretrizes que fortaleçam a área e assegurem o seu tratamento adequado; se houvesse real afinidade entre os grupos em termos de suas formas de pensar e operar, no que diz respeito à atividade de fomento e avaliação da pesquisa. Não creio que seja exatamente assim o atual cenário, mas posso estar enganado. Mas é preciso contrapor a esta opção a de um comitê próprio da Estatística, onde todos os pesquisadores atualmente dispersos em vários outros comitês, pudessem estar reunidos. Teríamos mais força porque teríamos muitos mais no espaço da estatística.
 
Quando penso na criação do comitê da estatística, penso que mais importante que o enxoval é o compromisso de longo prazo com o fomento nesta área, com a obtenção de uma autonomia que hoje não existe, e de um espaço de atuação, que hoje é pequeno, se comparado com o tamanho e potencial da comunidade que faz estatística no Brasil.
 
Obviamente, um projeto destes precisa ter o apoio de um segmento muito amplo desta comunidade, e aí reside o desafio: obter este consenso não é tarefa simples, como sabemos.
 
Mas concordando com o mote do Prof. Carlos Bragança Pereira, "pelear é preciso..." Nada como uma boa causa para mobilizar forças muitas vezes adormecidas ou esquecidas.
 
Grande abraço, Pedro.
 
Em 28/09/07, Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br> escreveu:
Caro Pedro,

Concordo com praticamente tudo o que você escreveu, mas gostaria de
discordar, "data venia", da seguinte afirmação: "Pela ampliação da
participação da ABE na definição dos destinos de fundos públicos de
pesquisa na área da Estatística no Brasil." A definição do uso de
recursos do CNPq cabe ao CNPq; idem para a CAPES, FINEP, FAPESP, FAPERJ,
FAPEMIG, FACEPE, etc. Cada agência tem o direito de ter as suas
diretrizes e de estabelecer as sistemáticas de escolha de seus
assessores.

Acho que seria muito complicado envolver as dezenas (centenas?) de
associações científicas no processo de alocação de verbas de
financiamento à pesquisa e à pós-graduação. Há áreas que não contam com
associação científica e há áreas que têm várias (Economia é uma delas).

No que tange à formação de um CA no CNPq para a área de Estatística e
Probabilidade, não creio que seja tarefa fácil. Todavia, se houver o
entendimento de que tal passo é desejável, acho que o caminho seria uma
gestão dos muitos pesquisadores da área (inclusive da Probabilidade)
junto à presidência do CNPq através da ABE.

Para que cheguemos lá, contudo, é necessário que o debate seja
retomado.

Dois aspectos potencialmente daninhos que são citados sobre a criação de
um comitê assessor específico para a nossa área são: (i) haveria maior
latitude para corporativismo; (ii) junto com a Matemática temos mais
força no âmbito do CNPq; sem ela, seríamos pequenos e teríamos menos
cacife de barganha.

Adicionalmente, como a Matemática e a Estatística/Probabilidade são, no
CA-MA, "vasos comunicantes", temos espaço para nos posicionar acima de
certos tetos. Por exemplo, temos mais de 10% dos pesquisadores de nossa
área acima do limite máximo de 10% determinado pelo CNPq (5
pesquisadores 1A para 42 pesquisadores). Isso só é possível porque
estamos juntos com a Matemática; sem essa parceria, teríamos no máximo 4
pesquisadores 1A. Esse é apenas um exemplo.

Um aspecto positivo da criação de novos CAs que é comumente mencionado é
que ela tipicamente vem com um $v_0$, uma dotação "enxoval". No caso em
tela, seria importante que esse $v_0$ fosse, claro, superior à nossa
atual dotação dentro do CA-MA.

Como você e os demais colegas enxergam esses dilemas?

Um abraço.

FC


On Qui, 2007-09-27 at 22:38 +0100, Pedro Luis Nascimento Silva wrote:
> Prezados Gauss, Francisco e Enrico,
>
> Penso que uma das razões para o pequeno tamanho da ABE, em comparação
> com o tamanho muito maior da 'Estatística' no Brasil, tem a ver com
> esta 'opção' que tem sido mantida pela nossa associação no que diz
> respeito à questão da sua inserção nos comitês de pesquisa do CNPq e
> CAPES. Minha opinião pessoal, que expressei no comitê do qual o
> Cribari fala, é de que deveríamos ter como bandeira ou meta um comitê
> específico para cuidar da área de Estatística. Esse é o nome da nossa
> associação, e deveria ser o nome do nosso comitê. Notem que não
> proponho excluir ou separar a probabilidade da estatística, como não
> fazemos em nossa associação.
>
> Muitos pesquisadores em estatística fazem suas carreiras através de
> comitês de outras áreas porque não encontraram ou não teriam espaço
> para reconhecimento de suas contribuições nos comitês dominados por
> pessoas que não os considerariam como pares. Acho que o Enrico tocou
> no ponto chave: muitos de nós não nos sentiríamos entre pares nos
> comitês atuais. Não estão errados os membros dos comitês. O que está
> errado é ter comitês em que os pares não são os responsáveis pelo
> julgamento da contribuição.
>
> Gostaria ainda de salientar que, apesar de importantes como instância
> de valor simbólico para uma comunidade de pesquisa, tais comitês são
> peça pequena num momento em que as agências de fomento não tem como
> suprir todas as necessidades de financiamento das atividades de
> pesquisa e desenvolvimento. Nossa comunidade precisa se organizar para
> disputar com melhores chances de sucesso espaços e recursos que vão
> sendo alocados por outras fontes, e de outras formas que não a
> modalidade das bolsas de produtividade em pesquisa. Há um mundo de
> oportunidades associadas ao desenvolvimento de produtos e processos,
> de pesquisas em grupos onde o saber principal não é o da Estatística,
> mas onde não se faz nada de relevante sem este saber, do qual a
> comunidade dita da Estatística participa de maneira completamente
> desarticulada, sem visão de conjunto, e provavelmente, apenas na base
> do esforço individual.
>
> Pela criação do comitê da Estatística nos órgãos de fomento.
>
> Pela ampliação da participação da ABE na definição dos destinos de
> fundos públicos de pesquisa na área da Estatística no Brasil.
>
> Pela maior articulação da participação dos membros da comunidade em
> projetos e iniciativas caracterizadas por envolverem forte conteúdo de
> Estatística.
>
> Saudações a todos e todas.
>
> Pedrão.
>
>
> Em 27/09/07, Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br> escreveu:
>         Caro Gauss,
>
>         Quando eu entrei no CA-MA do CNPq como assessor da área de
>         Estatística e
>         Probabilidade (em setembro de 2003), essas áreas contavam (se
>         lembro
>         bem) com 38 bolsas de produtividade em pesquisa. Se estamos
>         com 42
>         bolsas agora, houve um aumento de cerca de 10% em 4 anos.
>         Quando eu
>         estava no CA-MA fiquei feliz ao ver alguns pesquisadores
>         jovens
>         brilhantes ganharem bolsas e fiquei triste ao ver pessoas de
>         mérito
>         comprovado que não conseguiram entrar no sistema. Da mesma
>         forma, fiquei
>         feliz ao assistir a promoções de nível altamente meritórias e
>         frustrado
>         ao notar que pesquisadores muito ativos não conseguiram
>         ascender. Essa
>         "bipolaridade" marcou o meu mandato no CNPq. Creio que outros
>         representantes tenham sentido o mesmo.
>
>         A ABE formou uma comissão e a encarregou de discutir a
>         possibilidade de
>         criação de um CA de Probabilidade e Estatística. Esta comissão
>         foi
>         formada por mim, pela Eulália e pelo Pedro. As discussões
>         foram
>         frutíferas, mas foram, tenho que reconhecer, menos conclusivas
>         do que
>         gostaríamos. A ABE realizou ainda uma consulta junto a
>         pesquisadores da
>         área sobre três possibilidades: (i) manter o "statu quo"; (ii)
>         solicitar
>         a criação de um novo CA (para Probabilidade e Estatística);
>         (iii)
>         solicitar a inclusão de mais um representante no CA passando o
>         CA a ter
>         um representante para a Estatística e um para a área de
>         Probabilidade).
>         Não lembro bem o resultado da pesquisa; a Lúcia poderá
>         fornecer mais
>         informações. Todavia, creio que não houve preferência pela
>         criação de CA
>         para a área. Essa é uma discussão complexa e que envolve
>         vantagens e
>         desvantagens em cada esquina. Eu mesmo tenho "mixed feelings"
>         sobre cada
>         alternativa.
>
>         Faço esse histórico para sugerir que a ABE retome a discussão
>         e os
>         encaminhamentos sobre essa importante questão. Idealmente, a
>         discussão
>         deveria envolver também os pesquisadores da área de
>         Probabilidade.
>
>         Um abraço para você.
>
>         FC
>
>
>
>         On Qui, 2007-09-27 at 12:02 -0300, gausscordeiro wrote:
>         > Caros,
>         >
>         >
>         >
>         > Há mais de 23 anos, sempre defendi que a Estatística tivesse
>         um comitê
>         > próprio
>         >
>         > no CNPq face ao crescimento a passos largos dessa área no
>         país.
>         >
>         >
>         >
>         > Sem querer polemizar (e para o meu dileto colega Luís Paulo
>         não pedir
>         > para eu
>         >
>         > "apontar minha metralhadora mais para cima") gostaria apenas
>         de citar
>         > um fato
>         >
>         > que constatei esta semana, ao ministrar um minicurso de MLG
>         na
>         > excelente
>         >
>         > Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de
>         Maringá (nível
>         > 6 na Capes).
>         >
>         >
>         >
>         > A área de zootecnia no CNPq (4 membros no seu comitê
>         assessor próprio
>         > mais um suplente)
>         >
>         > detém cerca de 189 bolsas de produtividade de pesquisa, das
>         quais 18
>         > estão na
>         >
>         > Pós-Graduação acima.
>         >
>         >
>         >
>         > A nossa área de probabilidade e estatística em todo o país,
>         detém
>         > somente
>         >
>         > 42 bolsas de produtividade de pesquisa, ou seja, ínfimo 22%
>         do peso
>         > da
>         >
>         > participação da zootecnia. Eu acredito que esta discrepância
>         global
>         > persista em
>         >
>         > relação a outras áreas do conhecimento tais como: engenharia
>         de
>         > produção,
>         >
>         > economia, veterinária, agronomia etc.
>         >
>         >
>         >
>         > Algumas pessoas podem argumentar que existem bolsas de
>         pesquisadores
>         > que
>         >
>         > trabalham com estatística em outras áreas. Isso é verdade,
>         embora um
>         >
>         > comitê próprio de probabilidade e estatística, no meu
>         entender, seria
>         > salutar e
>         >
>         > imprescindível para agregar os estatísticos e dar o valor
>         científico
>         > real que a nossa
>         >
>         > área merece.
>         >
>         >
>         >
>         > Tenho um amigo que costuma me dizer que os estatísticos
>         adoram atirar
>         > nos próprios
>         >
>         > pés. Eu gostaria de refutar em breve a sua assertiva com
>         fatos
>         > concretos.
>         >
>         >
>         >
>         > Saudações,
>         >
>         >
>         >
>         > Gauss Cordeiro
>
>         --
>         Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
>         Departamento de Estatística          fax:   +55-81-21268422
>         Universidade Federal de Pernambuco   e-mail:
>         cribari@de.ufpe.br
>         Recife/PE, 50740-540, Brazil
>         http://www.de.ufpe.br/~cribari
>
>         "Dear friend, theory is all grey and the golden tree of life
>         is green."
>
>         --Goethe
>
>
>
>
>
> --
> Pedro Luis do Nascimento Silva
> Southampton Statistical Sciences Research Institute
> University of Southampton
> Highfield
> Southampton, SO17 1BJ, UK
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                                                       --Goethe





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Pedro Luis do Nascimento Silva
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