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Re: [ABE-L]: Ainda sobre o Placar 189 x 42



Caros Francisco e demais Redistas,

No Brasil, infelizmente, existe um fosso (menor) entre
frequentistas e Bayesianos (não sei de quem é a culpa
mas estou citando o que realmente existe) e as discussões
continuam, no meu entender, bem terceiro-mundista,
corroborando apenas para dividir o nosso capital humano
em ações que não conduzem a nada realmente significativo
para a Estatística do País. As discurssões que você
citou estão em outro contexto.

Como, mutatis mutandis, foi traçado um outro fosso
maior, também, terceiro mundista, entre probabilistas
e estatísticos (também, não sei de quem é a culpa),
o que só vem a corroborar com a "falta de poder de fogo"
das duas áreas. Para confirmar a minha última assertiva
é só verificar a participação de probabilistas importantes
do Brasil nos últimos SINAPEs que tem um grande "P" na
sigla. Convém aqui ainda relembrar que o último SINAPE
ficou fora das reuniões prioritárias do CA-ME do CNPq.

Com esses dois fossos e mais possíveis "super-egos,
também, terceiro mundistas" de alguns, a Probabilidade
e a Estatística sáem perdendo no global e ganham por
tabela as outras áreas na divisão do bolo. Talvez seja
agora o momento certo dos pesquisadores das duas áreas
se unirem e verificarem as tolices que estão cometendo
com a separação inusitada que, infelizmente, existe e
não faz parte dos meus sonhos.

Devemos, no meu entender, empreender juntos um projeto
comum de ação para melhorar as duas áreas, não só em
termos de CNPq mas em todo o País. Caso contrário,
continuaremos enternamente como simples sub-áreas de
concentração da Matemática, como álgebra, geometria,
sistemas dinâmicos e análise como há 30 anos e
"perdendo de goleada" no CNPq de outras áreas.

Quanto aos demais pontos, eu concordo integralmente
com você.

Cordiais Saudações,

Gauss Cordeiro



> Caro Gauss,
>
> Não acho que o debate entre frequentistas e bayesianos seja
> terceiro-mundista. Tanto é que pessoas como o Efron, o Fraser e o David
> Cox estão se debruçando sobre ele.
>
> No que tange ao debate sobre o financiamento de nossa área, acho que ele
> deveria envolver também os pesquisadores da área de probabilidade. Vejo
> probabilidade e estatística como uma "unidade" e acho difícil que uma
> discussão que não mature nos dois pólos venha a ter consequências
> efetivas.
>
> Também acho, como disse, que não é sensato esperar que associações
> profissionais interfiram no "modus operandi" de agências de fomento.
> Estas devem ter as suas diretrizes e a sua organização funcional. O
> papel da ABE, no meu entender, deve ser o coordenar as discussões e de
> dar a elas o devido encaminhamento.
>
> Acho também que deve ficar claro que a criação de um CA de estatística e
> probabilidade no CNPq é um processo demorado e incerto, que somente irá
> adiante se houver um apoio massivo dos pesquisadores da área. Neste
> sentido, concordo com o Renato: é imperativo que discutamos o assunto.
> Um passo inicial apropriado seria a divulgação pela ABE do resultado de
> uma pesquisa que ela fez junto a tais pesquisadores.
>
> Um abraço,
>
> FC
>
> On Seg, 2007-10-08 at 13:49 -0300, gausscordeiro wrote:
> > Caros Redistas,
> >
> > A constatação do Renato, no meu entender,  está muito correta. Eu já
> > disse na  rede que os estatísticos brasileiros são muito tímidos e,
> > somado a esse fato, reitero que somos pouco empreendedores tomando por
> > base os matemáticos, economistas e físicos,  por exemplo. Recordem-se
> > da dificuldade que tivemos para a escolha do Presidente da ABE em
> > julho de
> > 2006. Simplesmente não houve candidaturas!. Se não fosse à boa vontade
> > do Wilton,
> > estaríamos ainda sem presidente. Felizmente, estamos muito bem
> > representados neste item.
> > Para aqueles que se dedicam à pesquisa estatística é muito
> > desconfortante sabermos que estamos representados no CNPq em
> > quantidade bem inferior aquelas áreas que citei em e-mail anterior.
> > Embora, saibamos, que muitos estatísticos e uns poucos probabilistas
> > atuem em outros CAs mas que assim fazendo desenvolvem mais as outras
> > áreas.
> >
> > Seguindo o que disse o Vermelho, essa discussão de estudarmos a
> > possibilidade de termos um CA próprio no CNPq é certamente muito mais
> > importante e deve persistir na rede para convergirmos para um patamar
> > aceitável do que "a disputa terceiro mundista" entre frequentistas e
> > Bayesianos  e/ou às assertivas infundadas que circulam na rede
> > afirmando, por exemplo,  que a "área X da Estatística não é importante
> > nos dias de hoje".
> >
> > A Estatística (incluo aqui Probabilidade) e seus métodos são
> > imprescindíveis para o desenvolvimento científico e tecnológico de
> > qualquer País. Isso é verdadeiro. Portanto, não podemos concordar que
> > no Brasil a representatividade dos seus cientistas esteja bem abaixo
> > de várias outras áreas, tais como, ciência social, zootecnia,
> > veterinária, engenharia de produção, e por aí vái.
> >
> > Saudações,
> >
> > Gauss Cordeiro
>
> --
> Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
> Departamento de Estatistica          fax:   +55-81-21268422
> Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
> Recife/PE, 50740-540, Brazil         web: www.de.ufpe.br/~cribari/
>
>     Behind every successful man stands an amazed mother-in-law!
>
>
>