[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

mais simon



Caros antes de voltar ao assunto da entrevista e ao nosso futuro comitê,
gostaria de dizer ao Gauss que conflito é a palavra chave em ciencia.  Ser
discordante não é ser disafeto.  Outra coisa importante é que minha critica
sobre metodos assintoticos foi equivocada pois ao procurar os resultados exatos,
sou obrigado a fazer uso de mcmc ou de ou outros metodos de reamostragem.  Quer
mais frequentista que isso ai?  Alem disso, quem vai acreditar que voce vai
abandonar uma boa discussão? 
Vamos agora aos conflitos.  Contrario ao Luis Paulo eu concordo com quase tudo
que o Simon falou apropriadamente.  Principalmente pelo fato da isonomia
eliminar grandes talentos do convivio universitario brasileiro.  Muitos, talvez
a maioria, dos nossos talentos estão hoje ou em universidades internacionais ou
em empresas privadas. 

Ai vai minha mensagem.

Colegas:

Acordei cedinho hoje com a entrevista do Simon em mente.  Vim para o computador
digitar alguns pedaços da entrevista.  Partes que penso estariam relacionadas às
nossas discussões na rede.  A ótima surpresa foi ver que o Francisco,
decididamente um de nossos lideres, também havia se interessado pela entrevista
e nos brindou com cópia de toda a entrevista.  Vejam que a preocupação de muitos
hoje em dia diz respeito ao aproveitamento de talentos, principalmente da
definição do que seja talento.  Dessa forma, chamo também a atenção para o texto
de Cláudio Moura e Castro na mesma revista, Diamantes Descartados.  Devemos
também agradecer a Lisbeth para o texto interessante de Nora Bär, uma
editorialista Argentina.  

Simon foi muito corajoso, em criticar em nosso pais, a isonomia obrigatória de
universidades públicas.  Esse é um mito que aqui na USP podemos ser
discriminados se da não isonomia formos defensores.  Mas para ser ainda mais
corajoso Simon deveria também criticar a isonomia geográfica, e isso seria ainda
mais controverso.  Interessante ver que nossas discussões na rede estão dentro
do contexto das preocupações de nossa sociedade como um todo.    

Mas eis onde queria chegar: o comitê de computação saiu do comitê da matemática,
anos atrás.  Qual foi a preocupação deles, na época, para a definição dos
critérios de avaliação? Pasmem! Foi quais tipos de revistas deveriam ser
contadas para concessão de bolsas e de ascensão de nível.  A primeira
preocupação foi escolher as áreas afins e depois a equivalência de notas dessas
revistas com as de computação.  No primeiro momento decidiu-se pela diminuição
de uma letra da revista afim.  Depois se notou que isso podia depender muito das
pessoas do comitê no momento da classificação.  Logo se decidiu pelo valor
original, Quali da CAPES, da revista ser mantido.  Naquele comitê, anais de
congressos podem valer iguais ou mais do que revistas conhecidas.  

Assim colegas, nossas preocupações não são novidade.  Contudo, nosso contexto é
outro pela própria natureza da estatística.  Como disse anteriormente, muitos de
nós somos mesmo operários da ciência e nosso trabalho é colaborar com a
sociedade em outras áreas do conhecimento.  A proporção de pessoas da
estatística dedicada ao trabalho de colaboração científica pode ser até superior
ao contingente dos puramente acadêmicos.  Creio que vem daí a dificuldade do
comitê de matemática em comparar estatísticos, probabilistas e matemáticos.  Os
matemáticos aplicados diminuíram a dificuldade deles colocando mais membros no
comitê.  Insisto que esse deveria ser um dos nossos primeiros passos para a
criação de um novo comitê.  Talvez esteja solitário com essa opinião.   

Quando enviei para a lista os critérios de Harvard tive a intenção de mostrar
minha preocupação com o valor, para o comitê, de publicações onde aparecemos
como mais um autor, entre muitos, de uma publicação cientifica.  Fui então ver
como fazem os outros comitês científicos do CNPq.  Como a concorrência no comitê
de ciências biológicas é enorme, perguntei para um colega como fazem em casos de
muitos autores de um artigo.  Disse-me ele que a ordem, assim como em Harvard,
faz diferença.  Para se manter em um determinado nível o pesquisador tem de
publicar como primeiro ou como ultimo autor pelo menos uma vez por ano, em
média, em revistas de destaque. Imagine colega, a dificuldade em estabelecer
critérios de julgamento.

Saudações e desculpem importuna-los nesse domingo de finais de campeonatos
regionais.

Saudações

Carlinhos

Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>