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in finis: pesquisas eleitorais



Nada tenho a acrescentar à discussão. O ponto básico não foi respondido: como 
justificar-se as margens de erro apresentadas aos TRE's? Com os esquemas de 
amostragem usados, em sua maioria, não há justificativa teórica. Os 
resultados, de hoje e do passado, mostram que não há evidência empírica para 
esses esquemas. 

De minha parte, digo: penso que as margens de erro são falsas, "chutadas". Que 
me provem o contrário!

Cômico: os TRE's exigem amostragens "representativas", um objetivo 
tautologicamente falso, e declaração da "margem de erro". Na prática. aceita 
qualquer coisa, desde que o plano esteja escrito e a margem de erro 
declarada...

O assunto original era esse.

Algum defensor da amostragem por quotas vai produzir uma prova de que a margem 
de erro pode ser definida e é algebricamente igual a alguma obtida por 
processos de seleção aleatória?

Não entendo o argumento do "país de dimensões continentais" como justificativa 
para se fazer levantamentos por quotas ou outro esquema cujo mérito único 
seria o custo (argumento igualmente falso). Acho que, junto com esses 
esquemas, deve-se, honestamente, abrir mão da declaração da margem de erro. 
Pronto! Se os esquemas aleatórios são invectivados, por que se usar como 
padrão (falso) de qualidade parâmetros oriundos de amostragem aleatória? Eu 
acho - e estou seguro disso - que o grande problema é evidente: o despreparo 
técnico dos praticantes desse "grande mercado". Com base intuitiva, meramente 
intuitiva, querem eles amostras representativas (de que? de sexo, classe 
social, região - fatores que para nós seriam estratos); isso é repesentativo 
das proporções de voto? Quem pode saber? Se sabemos, não precisamos do 
levantamento. Mais adiante, com sua amostra em proporções de sexo, classe 
social, etc iguais às dos censos do IBGE, tratam o resultado como se os 
incluídos na amostra tivessem sido selecionados com iguais probabilidades de 
seleção. Tudo "chute", se me perdoam o termo grosseiro. Hipótese 
indefensável, mas necessária para as "fórmulas" (ah, a maldição dos 
cookbooks) "funcionarem". Esse é o cenário, como o vejo.

Um pouco de ironia: será que a justificativa de tanta coisa  mal feita no 
Brasil é que o país é extenso? (Extenso não é sinônimo de Grande, que o 
Brasil não é).

Voltando à origem: apenas me expliquem por que 70% das votações que incluḋas 
na lista da FSP deram fora das "margens de erro"? Só isso, quero saber. 

Como dizia, no tempo de radio-amador: vou ficar QRV (á disposição), na escuta. 
Aprendi muito nesta discussão. Mas eu mesmo não tenho muito mais a dizer. De 
minha parte, já foi muita repetição, para o que peço desculpas a meus pares.

Zé C.


Uma informação: fui membro, com prazer e orgulho, do CESOP (Centro de Estudos 
de Opinião Pública) da Unicamp. Reconheço que não contribuí muito para o 
esforço do Centro, mas aprendi um bocado. Tive o interesse despertado para 
pesquisas eleitorais, acesso a pesquisadores de renome na área (não somente 
aos "praticantes"), e muita discussão sobre este e outros assuntos 
correlatos. No CESOP são depositadas as pesquisa de opinião de vários 
organismos, que puderam ser compiladas. Não sou especialista no assunto, mas 
ele é um dos meus "hobby horses", de longa data. Minha opinião, talvez não 
tão abalizada, vem sedimentada. Notem que meus argumentos não são do CESOP, 
que, como parte da universidade, tem gente de todas as opiniões. E opinião 
não falta, em um Centro de política ou de sociologia. ;-)

On Saturday 25 October 2008 10:23:33 cferraz@de.ufpe.br wrote:
> Fernando, Renato e demais colegas,
>
> É louvável a preocupação em identificar um mercado promissor para
> estatísticos. Porém, mesmo avaliando nessa perspectiva, tendo a discordar
> de como foi levantada a questão, mais especificamente com respeito a parte
> destacada abaixo.
>
> ----------------
> “Contudo, a questao que nao quer calar e se institutos de pesquisas de
> ambito nacional  podem ou nao se  darem ao luxo de dispensar o uso de
> metodos nao-probabilisticos  para selecao de amostras em pesquisas
> eleitorais semanais.
> Principalmente num pais continental como o Brasil com mais de 5000
> municipios. Posso
> estar enganado, mas acho que nem o IBGE com toda a sua equipe e estrutura
> nao daria
> conta desta tarefa.”
> -----------------
>
> Primeiro, vamos lembrar que pesquisas eleitorais acontecem com abrangência
> nacional, estadual e municipal. Nos dois últimos casos, a questão do
> tamanho da população não tem mais o mesmo peso do primeiro - mas ainda
> assim não se vê mudança de método de amostragem por parte dos institutos
> de pesquisa.
>
> Talvez o argumento colocado esteja restrito a pesquisas eleitorais de
> abrangência nacional. Mas aí, pode levar a entender que não haja solução
> viável para os impasses levantados, via uso de métodos probabilísticos de
> amostragem - no que discordo. A tecnologia de amostragem - digo tecnologia
> por considerar mais abrangente o problema - vem se desenvolvendo a passos
> largos e é capaz de fornecer soluções com custos que não justificam
> economizar em favor de um método não probabilístico de amostragem. Não é o
> caso agora de listar aqui exemplos do que fazer, que plano amostral
> específico adotar para resolver o problema, mas vale o incentivo para
> aqueles que querem estudar e aprofundar os conhecimentos na área, seguindo
> uma pós-graduação, por exemplo. Criatividade é um dos aspectos essenciais
> para a elaboração de um bom plano amostral. Aliada à tencologia
> computacional disponível hoje permite ir muito além do que o senso comum
> pode vislumbrar.
>
> Imagino que, se houvesse uma preocupação por parte dos chamados institutos
> de pesquisa em investir em inovação tecnológica e material humano
> especializado - quantos doutores em estatística existem trabalhando - em
> pesquisa metodológica - nesses institutos no Brasil? - já teríamos um
> grande avanço na prática do que hoje não passam de sondagens de intenções
> de voto.
>
> Um abraço,
>
> Cristriano



-- 
José F. de Carvalho, PhD
Statistika Consultoria
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