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Re: Parafraseando Charles de Gaulle!




Caro Prof. João Duarte,

Ótimo a sua posição! A academia deve ser regida e pautada
por princípios de meritocracia embuídos de discussões
concordantes ou não para mostrarmos que a universidade
está bem viva.

Não quero que a minha opinião seja a verdadeira e respeito
aquelas em contrário. Entretanto, tenho firme convicção
que muitas programas de pós-graduação no País são
meros formadores de diplomas e não de cientistas.

Tenho base estatística para concluir isso. Para comprovar
esse fato observe, por exemplo, a totalidade de professores
das universidades federais e o percentual daqueles que realmente
publicam continuamente. Infelizmente, a isonomia dos salários
não permite distinguir aqueles professores produtivos daqueles
que apenas hibernam.

Que a discussão continue em termos verdadeiramente acadêmicos!

Cordiais Saudações,

Gauss Cordeiro

Quoting jbduarte <jbduarte@uol.com.br>:



  Prezados redistas RBRAS,

A respeito do e-mail do prof. Gauss, com retorno do prof. José
Maria, venho também dar o meu "pitaco" !

  Lembro Sócrates: "Opiniões não são verdades, pois muitas delas
não resistem ao debate" (a minha pode, muito bem, estar entre estas;
mas não cabe só à minha este lembrete). Ultimamente tenho
provocado, entre meus colegas, a necessidade de aprofundarmos a
reflexão sobre o Sistema Capes de Avaliação da pós-graduação no
Brasil.

  E, diante disso e de experiências vivenciadas em programas ditos
de excelência (conceito 7 na Capes), avalio como prematuro o
julgamento, recheado de argumentos de autoridade, do prof. Gauss,
acerca dos programas Minter/Dinter. Acho que a Capes, senão
a única, é uma das pouquíssimas instituições no mundo,
vinculadas à atividade científica, que já se posicionou contra o
estabelecimento de parcerias. Qual a razão para os iluminados da
Capes se posicionarem assim? Deixo a resposta a cargo dos senhores;
mas, ouso oferecer algo vislumbrado a partir da minha perspectiva,
que certamente tem os seus "viéses". Enfim, sobre o referido
julgamento, receio estar diante de mais uma evidência do que eu
tenho apontado frequentemente, sobre o que seguem algumas linhas de
minhas últimas provocações a respe ito:

  "Será que a Capes, com toda a sua experiência em avaliação de
pós-graduação no país, ainda não dispõe dos critérios mínimos
para estabelecer se programas de pós-graduação merecem ou não ser
credenciados, ou ainda, se devem ou não continuar funcionando,
recebendo recursos públicos etc.? Sem, necessariamente,
estigmatizá-los com seus ?rankings? do tipo ?Lista Playboy das
Melhores Universidades?? E isso, infelizmente, tem sido feito
também, e de modo integrado, com os periódicos científicos
nacionais, sem efetivamente apoiá-los, ou sequer ouvir a opinião de
seus editores!
Qual o modo como o próprio MEC procede para avaliar os cursos de
graduação no país, ou mesmo para autorizá-los ou não? O mesmo
tipo de critério não seria suficiente ou bastante razoável? A
distribuição de recursos (PROAP) e de bolsas de estudos,
certamente, não é o motivo pri ncipal, pois no caso dos cursos de
graduação também há que se distribuírem recursos, e estabelecer
prioridades nesta distribuição. A demanda social, por exemplo, não
seria um critério mais justo? Afinal, todo brasileiro deveria ter o
mesmo ?valor?! Ou tudo isso faz parte da estratégia dos grupos
hegemônicos (reverenciados como ?grupos de excelência?), que
compõem os Comitês Assessores, para continuarem garantindo as suas
maiores fatias no ?bolo?? Sobretudo num país de dimensões
continentais, em que vastas regiões historicamente preteridas
começam a se destacar e necessitam ser consideradas? Enfim, tem
brasileiro custando mais caro ao Estado, e isso é justo? Ora,
prezados colegas, sempre foi assim...!
Então cabe aqui a frase do filósofo Mario S. Cortella (2008, p.
129), em seu livro ?Qual é a Tua Obra??: ?É nece ssário
cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e
começarmos a achar que tudo é normal?.

  Para finalizar, caros colegas, sobretudo aqueles de centros
?não consolidados?, segundo a Capes e seus rótulos, ou
encaramos de vez esse debate ou ficaremos eternamente às margens e
com ?as migalhas?, assistindo a um país de desigualdades e
reverenciando os ?grupos de excelência? e o preconceito de
Charles de Gaulle.

  Espero ter colocado uma "pimentinha" nas provocações que se
apresentaram!

  JOãO BATISTA DUARTE
Universidade Federal de Goiás
Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos[1]
Setor de Melhoramento de Plantas
Telefones: (62)3521-1546 / 3521-1530
e-mail: jbduarte@agro.ufg.br[2]

  JOãO BATISTA DUARTE
Universidade Federal de Goiás
Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos[3]
Setor de Melhoramento de Plantas
Telefones: (62)3521-1546 / 3521-1530
e-mail: jbduarte@agro.ufg.br[4]

Em 04/06/2009 19:02, JMPSOUZA &LT; JMPSOUZA@USP.BR &GT; escreveu:
Caro Gauss:
A graduação, a pós, o ensino médio, o fundamental ganharão
qualidade,
independentemente da quantidade, à medida que cada vez mais tenhamos
pessoas
realmente interessadas no progresso de nossas instituições.
Atenciosamente,
José Maria

Jose Maria Pacheco de Souza, Professor Titular (aposentado)
Departamento de Epidemiologia/Faculdade de Saude Publica, USP
Av. Dr. Arnaldo, 715
01246-904 - S. Paulo/SP - Brasil
fones (11)3061-7747; (11)3768-8612
fax (11)3714-2403
www.fsp.usp.br/~jmpsouza
----- Original Message -----
From:
To: "jmpsouza"
Cc: ;
Sent: Thursday, June 04, 2009 6:21 PM
Subject: Re: Parafraseando Charles de Gaulle!

Caro Prof. Jose Maria,

Muito grato pelo seu email. O que tenho observado de
inúmeros cont actos com meus colegas da UFRPE e da UFPE
é uma grande preocupação com os rumos da pós-graduação
brasileira, principalmente com o gigantismo, onde o
objetivo principal da CAPES é muito mais voltado para
a quantidade do que a qualidade.

Isso já aconteceu no âmbito do Governo FHC em relação a
enxurrada de cursos de graduação. Nesse governo a bola da
vez parece ser a pós-graduação.

Faço pesquisa com muita dedicação e seriedade há quase 40 anos,
sou bolsista 1A do CNPq com mais de 100 artigos publicados em
periódicos internacionais na área de estatística de bom nível.
E, confesso, que me preocupo muito com a pós-graduação brasileira
há vários anos, principalmente com aquelas praticadas nos dias
de hoje à distância formando alunos de péssima qualidade e as
outras profissionalizantes que funcionam apenas como caça niquel.

Vários colegas têm se mostrado pr eocupado com programas
do tipo Minter/Dinter. Pode ser que seja uma iniciativa
que funcione em termos teóricos mas que não está correspondendo
às reais expectativas no geral.

Claro que deve haver exceções - patrocinadas por pessoas sérias
comprometidas com a academia-, mas posso lhe assegurar que
muitos cursos de pós-gradaução no País apoiados pela CAPES são
medíocres no sentido amplo do termo.

Estarei a sua inteira disposição para trocarmos mais ideias
sobre a academia.

Em tempo: usei de Gaulle como pano de fundo obviamente.

Cordiais Saudações,

Gauss Cordeiro

Quoting jmpsouza :

Caros colegas:
permito-me fazer alguns comentários sobre a mensagem do colega
Gauss
Cordeiro.
Minha Instituição e a Universidade Federal do Acre estão
conduzindo um
programa Minter/Dinter com muita seriedade e a previsão dos
resultados
é bem otimista, com base nos projetos propostos, nas
apresentações das
várias qualificações já feitas e no andamento das pesquisas,
algumas
prontas para defesa.
Seria interessante saber quantos foram "os que se pronunciaram" em
relação ao total de coordenadores e se a realidade comentada é
baseada em
impressões pessoais, devido a algumas experiências particulares
mal
sucedidas, ou em algum levantamento bem conduzido, que
identificasse as
falhas reais para que pudessem ser corrigidas.
A pós-graduação brasileira certamente não é perfeita, tem
muito que
melhorar, mas a afirmação que parcela razoável dela está
caminhando para
um enorme faz-de-conta não pode ser feita sem argumentos sólidos,
apenas
para aproveitar uma frase que, inclusive, não é certeza ter sido
dito
pelo marechal.
Atenciosamente,
José Maria


Jose Maria Pacheco de Souza, Professor Titular (aposentado)
Departamento de Epidemiologia/Faculdade de Saude Publica, USP
Av. Dr. Arnaldo, 715
01246-904 - S. Paulo/SP - Brasil
fones (11)3061-7747; (11)3768-8612
fax (11)3714-2403
www.fsp.usp.br/~jmpsouza
----- Original Message ----- From:
To: ;
Sent: Thursday, June 04, 2009 2:21 PM
Subject: Parafrasenado Charles de Gaulle!



Caros Redistas,

Estou presenciando - ideia de alguma eminência parda da CAPES-,
algo que pode se constituir em mais um dos demandos do sistema
de pós-graduação no País: DINTER (doutorado
inter-institucional)
e MINTER (mestrado inter-institucional). Por estar mais
dedicado às minhas pesquisas, confesso que quando me
informaram pela primeira vez da sigla DINTER cheguei a pensar
que se tratava de um órgão do DETRAN.

Segundo um grande amigo, participante de recente reunião dos
coordenadores de pós-graduação na CAPES, "os que se pronunciaram
sobre o DINTER estão extremamente chateados porque a realidade é
que os alunos querem apenas concluir seus cursos de doutorado e
mestrado sem fazer nenhuma pesquisa. Querem ainda que ninguém
seja reprovado."

É atribuída a Charles de Gaulle, o grande estadista francês, a
célebre frase "Le Brésil n'est pas um pays sérieux" (O Brasil
não é um país sério). Sem medo de errar, pode-se aqui
parafraseá-lo afirmando que uma parcela razoável da
pós-graduação
brasileira está caminhando a passos largos para um enorme
faz-de-conta.

Cordiais Saudações,

Gauss Corde iro



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[2] mailto:jbduarte@agro.ufg.br%E2%80%9C
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