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Re: Re: [ABE-L]: Cadê os associados da ABE? OU melhor: como atingir um publico maior de estatisticos no BRasil



O Prof. Basílio colocou com muita propriedade a linha de raciocínio que impera neste país: a de olhar para o próprio umbigo.

Umbigo profissional: o sistema CONFE/CONRE nasceu com os mesmos propósitos de outros conselhos de classe, ou seja, fiscalizar o exercício do profissional para, por assim dizer, proteger a sociedade de maus profissionais. O problema é a lógica simplista desta fiscalização: só quem fez bacharelado pode ser considerado um bom profissional. Se os estatísticos são formados por não-bacharéis com doutorado na área, por que seria natural assumir que estes não seriam bons profissionais? Muitos dizem que "ensinar é diferente de atuar como profissional". Por que seria?

A área da estatística é, de fato, bastante complicada para se fiscalizar pois reúne técnicas amplamente ensinadas em qualquer curso de graduação. Se são ensinadas a quaisquer profissionais, é razoável impedi-los de usá-las? Alguns dirão: "ah, mas os médicos.... ah, mas os engenheiros......". Que eu saiba, não é comum ensinarem matérias de medicina ou engenharia aos estudantes de quaisquer cursos de graduação.

Ou seja, o sistema de fiscalização sofre muito pelo próprio conceito do que é estatística e da dificuldade que temos de separar "técnicas privativas" das de domínio popular. Além disso, a falta de profissionais no mercado exige muito jogo de cintura e acabamos enfrentando muitos casos de exceção/permissão.

O umbigo acadêmico: sabe-se que muitos professores não gostam que misturem academia e mercado: a escola tem que ensinar; o profissional precisa se virar. Mas o que eu vejo no mundo todo é uma interação muito interessante entre a estatística e tudo quanto é área de conhecimento, há muito envolvimento de doutores em estatística no mercado de trabalho levando soluções mais criativas para análise de dados. O mundo acadêmico ainda é pequeno aqui mas, apesar das dificuldades, estão aparecendo mais bacharelados em estatística. E claro que não seria justo levar mais problemas do cotidiano do mercado para docentes solucionarem. Mas seria possível haver mais interesse dos docentes em olhar para as novas demandas do mercado, não com desdém, mas como novos desafios? Sei que é muito difícil conciliar publicação em revistas de primeira linha em estatística com solução aplicada para um problema real.... mas alguma solução deve existir! Ou será que estou falando uma grande bobagem?

O ideal seria um esforço conjunto, ABE e CONREs para melhorar a área no Brasil. Se, por enquanto, ambos os órgãos não andam de mãos dadas por algumas questões incompatíveis, pelo menos podemos buscar união nas coisas que valorizamos: a boa estatística.

O CONRE-3 tem atuado principalmente em três frentes: 

1) divulgando a área para estudantes do Ensino Médio participando de feiras de profissões e distribuindo flyers que explica mais ou menos o que fazemos, onde atuamos e quanto podemos ganhar. Enviamos flyer para escolas que nos procuram e fazemos palestras também.

2) divulgando a nossa profissão e quão interessante ela é aos alunos dos bacharelados daqui da nossa região. Participamos intensamente das Semanas/Mostras Estatísticas promovidas pelos deptos de estatística sempre levando nossos flyers e materiais desenvolvidos no CONRE-3 (informativo, canetas, réguas) --- que ajudam no marketing também. Enviamos materiais gratuitamente para todos os deptos de estatística que nos procuram, mesmo que sejam de fora de nossa jurisdição (SP-PR-MT-MS).

3) oferecendo cursos diversos para os estatísticos (com desconto se tem registro em dia, ou cobrando o dobro em qualquer outro caso). Nossa intenção não é competir com pós, nem oferecer formação acadêmica (no sentido estrito); queremos oferecer cursos rápidos de técnicas estatísticas que o mercado utiliza, ou de informática, ou mesmo de português para relatórios e comunicação oral (que provavelmente será o nosso próximo curso). Temos em nossa sede duas salas de aula completas, com ar condicionado, projetor multimídia, computador e rede wireless. Além disso, sempre que possível, organizamos eventos para discutir a nossa profissão, ou outro assunto de interesse de nossos profissionais.

Acredito que a união ABE+CONRE seria muito produtiva nestas três frentes. 

Eu sempre incentivo os alunos e profissionais a se associarem à ABE também. Mas, como disse o Clécio, se pagar o CONRE, que é obrigatório, é uma dificuldade, imagine pagar algo voluntariamente! Todos querem ver vantagens, infelizmente, e pouquíssimos sabem o que é voluntariado. Tem gente que acha que eu trabalho para o CONRE-3 porque tenho algum tipo de vantagem ou salário. Não ganho nenhum centavo, não pego nenhum trabalho via CONRE-3 (embora chovam oportunidades); não tenho descontos na minha anuidade (e ainda pago registro PF e PJ) e nem emprego nenhum parente! Estou lá apenas porque gosto e o meu sonho é ver a estatística valorizada, respeitada e fortalecida no país.

Como sempre, coloco-me, como coordenadora do CONRE-3, à disposição da ABE para parcerias em prol da estatística.

Abraços a todos e bom final de semana,
Doris





2009/10/2 Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>
Colegas
Muito boa esta discussao  inicida pelo Gauss , bem como as sugestoes dadas pelos diversos colegas.Aponto alguns pontos
1)Como conciliar os posgraduados em estatistica com os Conselhos frente a visao cartorial de profissionalizacao?
2)Os conselhos e a ABE poderiam em conjunto promover os cursos de atualizacao? Que outras iniciativas essas entidades poderiam e desejariam fazer juntas?
Acho uma tarefa dificil se por um lado alguns conselhos sao dominados por mentalidades bastante retrogradas por outro na ABE ainda temos muita gente com mentalidade discriminatoria com relacao as atividaes e o sucesso de pessoas de outras areas com interface na estatistica.
Essas duas atitudes afastam os possiveis interessados em se afiliar a essas entidades. Alem e claro dos impedimentos de se filiar aos Conselhos, no caso de posgraduados.
Em suma , quando a coisa aperta comecamos a pensar em unir em vez ficarmos olhando o proprio umbigo (so o que fazemos é estatistica o resto e besteira) e temdo uma visao mais geral da tarefa e utilidade da estatistica na ciencia e tambem na tecnologia e sociedade.
Essa discussao espero que de frutos
Basilio


Pedro Luis Nascimento Silva Escreveu:
Colegas,
A evidência sobre o pequeno número de associados em dia com a ABE e as
manifestações recentes nesta lista não deixam margem a dúvidas: para crescer
a ABE vai precisar se reinventar para atrair e manter sócios da esfera
profissional da Estatística, e mais ainda: pessoas interessadas em
Estatística que nem se vejam como Estatísticos, mas são usuários e
aplicadores das ferramentas e idéias da Estatística em suas áreas de
atuação.
Notem que muitas sociedades científicas no exterior também enfrentaram este
dilema: de um lado têm suas raízes fortemente ancoradas na academia (daí a
designação de 'sociedades científicas'); de outro, para crescer, precisam
abrir espaço para atrair e envolver profissionais que não são ligados à
academia. Aqui na Inglaterra a Royal Statistical Society viveu um
processo desse tipo em meados dos anos 1990. Creio que em 1993 se deu sua
fusão com o 'Institute of Statisticians', e de lá para cá não parou de
crescer e se fortalecer. Uma das áreas em que tem mais atividade hoje em dia
é na da 'educação profissional continuada', com a oferta de inúmeros cursos
curtos. Note que estes não ocorrem somente nos congressos da RSS, mas
durante todo o ano.
Saudações, Pedro.
2009/10/1 Beatriz Vaz de Melo Mendes <beatriz@im.ufrj.br>
Oi Renato e demais colegas,
Eu me lembro que tambem fiz uma sugestão parecida, para algumas
pessoas do comitê organizador, durante o ultimo Sinape.
A minha intenção era parecida: a de "aproveitar" melhor os pesquisadores
presentes, em exposicoes mais informais, com o intúito de passar o
conhecimento.
Abraços,
Beatriz
On Thu, 1 Oct 2009 14:46:59 -0300, Renato Assunção wrote
 > Colegas,
> como mebro do comite cientifico do proximo sinape,
> eu sugeri que nos fizessemos um esforco de ofertar muitos mini-
> cursos curtos que nao precisarima ter um livro ou outro materuial
> alem simplesmente das tranparencias e que cobrissem areas novas e
> ate antigas da estatistica, em diversos niveis. Acredito que
> professores de varios lugares que tem um material didatico
> suficiente para uma aula de 2 ou 3 horas poderiam candidatar-se a
> estes cursos mais simples (ao incves do processo mais formal e mais
> dificil de escrever um livro para um minicurso usual do sinape, que
> e' escolhido pela diretoria, passa por um crivo mais seletivo etc.
>
> Em suma, topicos curtos e muito variados poderiam ter um especo no
> sinape, talvez em dias
> e horarios diferentes do minicursos usuais, que poderiam (e deveriam)
> ter um espaco privilegiado
> dado o esforco dos autores para montarem o material.
>
> BOm, o comite achou que estava muito em cima da hora para discutir e
> implementar isto e ficou para o futuro.  No encontro conjunto da
> ASA+IMS (os JOint Statistical Meetings), podemos ler:
>
> http://www.amstat.org/meetings/jsm/2010/index.cfm
>
> Attended by more than 6,000 people, meeting activities include oral
> presentations, panel sessions, poster presentations, continuing
> education courses, an exhibit hall (with state-of-the-art statistical
> products and opportunities), career placement services, society and
> section business meetings, committee meetings, social activities and
> networking opportunities.
>
> Continuing Education offerings consist of Continuing Education (CE)
> courses and Computer Technology Workshops (CTW). The courses cover a
> range of topics including topics that may have been missed in
> graduate school, such as survival analysis or sampling, or those
> that are considerably more current, such as data mining and computational
> aspects of Bayesian data analysis. Courses are offered in two-day,
> one-day, and half-day formats on Saturday, Sunday, Monday, and
> Tuesday. Computer Technology Workshops are offered in two-hour
> intervals on Wednesday. An hour and a half break beginning at 12:30
> p.m. is provided for attendees to have lunch on their own. The ASA
> will provide beverages for midmorning and midafternoon CE course
> breaks.
>
> Renato Assuncao
>
> 2009/9/30 Sílvia R.C. Lopes <silviarc.lopes@gmail.com>:
> > Cara Danielle,
> >
> >
> >
> > Muito obrigada pelas sugestões.
> >
> > A Diretoria da ABE muito agradece a voce e
> > aos demais sócios e redistas que trouxerem
> > sugestões que possam melhorar a comunicação
> > entre sócios e ABE.
> >
> > Aproveito aqui, de público, para agradecer o enorme trabalho
> > que o Professor Gauss tem feito para melhor divulgar a
> > ABE à toda a nossa comunidade.
> >
> > Atenciosamente,
> >
> >
> > Silvia R.C. Lopes
> > Diretoria da ABE
> >
> >
> >
> >
> >
> > 2009/9/30 Danielle Steffen <daniellesteffen@yahoo.com>
> >>
> >> Caros,
> >>
> >> Sugiro que a ABE passe a postar seus eventos nao somente na lista da
> >> propria ABE, mas tambem em listas usadas pelos estatisticos e afins no
> >> mercado, como a STAT-MATH do yahoogroups (com mais de 3000 membros), a
> >> R_STAT do yahoogroups, a lista do CONRE 3, e as listas das
universidades,
> >> como a lista da ENCE, da Unicamp e da UNB (tenho os enderecos
guardados,
> >> posso passar, nao sei de cabeca). Dada a separacao artificial entre
academia
> >> e mercado no Brasil, nessas listas se encontram os profissionais que
vao
> >> para o mercado, e eh onde se discute profissao, duvidas teoricas,
empregos,
> >> estagios, experiencias sobre as melhores (e as piores) pos-graduacoes,
> >> muitas vezes com opiniao pessoal dos alunos.
> >>
> >> A Doris, do CONRE 3, tem um trabalho evangelizador sobre a importancia
dos
> >> conselhos nessas listas. Sempre diligente e paciente, sempre traz
noticias,
> >> tira duvidas e explica para todos sobre o que eh o CONRE, pra que
serve,
> >> qual o papel dele dentro da profissao.
> >>
> >> Acho que para a ABE ter mais sucesso em relacao aa quantidade de
socios,
> >> deveria ser mais divulgada junto aos estatisticos que atuam no
mercado,
e
> >> acho tambem que essas listas (se comecarem com a STAT-MATH, ja eh um
bom
> >> comeco), eh uma excelente forma de se atingir esse publico.
> >>
> >> Abs,
> >> Danielle Steffen Sanchez
> >>
> >> --- Em qua, 30/9/09, gauss@deinfo.ufrpe.br <gauss@deinfo.ufrpe.br>
> >> escreveu:
> >>
> >> > De: gauss@deinfo.ufrpe.br <gauss@deinfo.ufrpe.br>
> >> > Assunto: [ABE-L]: Cadê os associados da ABE?
> >> > Para: abe-l@ime.usp.br, rbras@rbras.org.br
> >> > Data: Quarta-feira, 30 de Setembro de 2009, 1:55
> >> >
> >> > Caros Redistas,
> >> >
> >> > No evento relativo à semana da ABE que ocorreu na UNICAMP,
> >> > a nossa
> >> > Presidenta Profa. Sílvia Lopes e eu enfatizamos para a
> >> > audiência
> >> > o baixo número de associados que nossa sociedade congrega
> >> > hoje.
> >> > Quiçá foi até maior no passado!
> >> >
> >> > Temos apenas dois sócios institucionais: o IME/USP e
> >> > a Statistika (leia-se Prof. José Carvalho). Cadê a EMCE
> >> > e o IBGE e aqueles que trabalham com estatística?
> >> >
> >> > Entendo que é indamissível uma sociedade científica
> >> > tão importante - que tanto faz pela probabilidade e
> >> > estatística no Brasil há um quarto de século -,
> >> > congrege
> >> > menos associados que a sua co-irmã argentina, cujo
> >> > capital-humano
> >> > em estatística é inferior ao nosso.
> >> >
> >> > Finalmente, sugiro (pois acho que é um dever de todos)
> >> > àqueles que são realmenmte comprometidos com essas
> >> > áreas que se associem a ABE.
> >> >
> >> >
> >> > Cordiais Saudações,
> >> >
> >> > Gauss Cordeiro
> >> >
> >> >
> >>
> >>
> >>
>
>>
 _________________________________________________________________________
___________
> >> Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! +Buscados
> >> http://br.maisbuscados.yahoo.com
> >
> >
> >
> >

Professora Associada
Instituto de Matemática
Universidade Federal do Rio de Janeiro

 
--
Pedro Luis do Nascimento Silva
Southampton Statistical Sciences Research Institute
University of Southampton
Phone: +44 23 80597169



Basilio de Bragança Pereira
*Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
*FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
*UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
*Tel: (55 21) 2562-2594 or /2558/7045
www.po.ufrj.br/basilio/
*MailAddress:
COPPE/UFRJ
Caixa Postal 68507
CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
Brasil



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Doris Satie M Fontes
Estatístico CONRE nº 7386-A


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PARTICIPE DO FÓRUM ESTATÍSTICO: http://www.conre3.org.br/forum