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Re: [ABE-L]: pequena ajuda



Que pena! Estou sem temop paranetrar nesta discussão. Ela é muito importante!!!

Mais uma vez, gostei da resposta do Renato; e também das respostas de outros colegas, das quais destaco a do Carlinhos.

Somente para ênfase: quando eu ensinava (será que parei?) dizia aos alunos de estatística que eles tinham de saber mais computação do que seu colegas do bacharelado em ciências da computação. Dizia mais: que, se tivesse de escolher entre um computeiro que nada sabia de estatística, ou um estatístico que nada podia em computação, eu contrataria o primeiro, garantindo que ele faria muita estatística. Claro que os alunos não gostavam de ouvir isso. Em meus cursos de computação para estatísticos, eu não ficava na geração de números pseudo-aleatórios ou repetições daquilo que eles já aprendiam em matemática aplicada. Ensinava bancos de dados, mostrava como tratar eficientemente grandes massas de dados e os exortava a mergulhar em sistemas operacionais. Bons tempos (para mim)! Muitos de meus alunos se deram bem, com esse material.

Hoje, na Statistika, por dever de cidadão, tenho estagiários. Eles não substituem meus profissionais, estão lá para aprender. Ainda assim, se for para tratar de problemas computacionais (em estatística), eu preferiria alunos da computação. O problema não é dos alunos, mas de seus cursos.

E o Carlinhos tem toda razão. Os nossos cursos são, muitas vezes, descolados da realidade. Um pouco por que é difícil ensinar-se fundamentos de estatística para mentalidades muito jovens; e também por que muitos professores pensam que estatística é matemática - e manda teorema! Carlinhos tem razão - não adianta propaganda, divulgação alguma feita de dentro para fora. A sociedade, o mundo, sabe do que precisa. Quando precisar de estatísticos, como tais, eles serão chamados.

Em tempo: gosto muito da formação em estatística (profissional) na pós-graduação. Primeiro faz-se um bacharelado em qualquer matéria (Física, Medicina, Engenharia - mas quem sabe pode ser qualquer matéria - talvez com um mínimo de gosto por métodos quantitativos E comptação) e, depois, um mestrado forte, talvez um pouquinho mais demorado, em estatística. Consistentemente, na Statistika todos os profissionais tem pós-graduação em estatística, entre mestrado e doutorado. Esse assunto eu já discuti mil vezes, até nesta lista. Aliás, por essa e outras opiniões de mesmo jaez, sofro uma (ilegal) agressão "oficial", que um dia - em breve - divulgarei aqui.

Um abraço a todos. E obrigado pelas mil opiniões, com as quais aprendo.

Zé Carvalho

PS conto a Vs por que fui parar em estatística. Aí pelos 15 anos de idade, eu achava que ia ser físico, para fazer pesquisa. Um tio, que não era formado em coisa alguma, mas que lia muito e era um comunista de escol (de verdade, mesmo!) e naturalmente tinha influência sobre mim, convenceu-me a estudar estatística, pois "o Brasil precisaria de estatísticos para o planejamento econômico". Ele achava que o socialismo estava dentro de um horizonte de 10 anos no tempo. Coitado! Não veio o socialismo e ele nem soube: morreu sob tortura... Disse-me também, que, com estatística, eu poderia aprender física, biologia, o que quisesse. Inclusive - palavras dele, "mais matemática do que os matemáticos". (Não sei de onde ele tirou isso!) Na mesma ocasião, ele me sugeriu que fosse à ENCE para fazer o curso técnico de estatística. Daí seguiu-se o resto...

Ah, meu pai, engenheiro, achou bacana o curso técnico. Na ocasião do vestibular para u curso superior, ele não queria que eu continuasse em estatística, achando que eu iria morrer de fome. Disse-me que eu estaria com medo de não passar no vestibular. Pois fiz o exame vestibular para engenharia (na Escola Nacional de Engenharia - tudo era nacional no Rio) e para a ENCE. Peguei um comprovante da aprovação na Engenharia, dei-o a meu pai e fui fazer estatística. Nessa ocasião, já era gosto meu mesmo - mérito de alguns excelentes professores do curso técnico e de meus colegas de turma - uma turma de gente boa!

Eis o por que - pura sorte! Literalmente.

PPS: Renato: somos ABElianos mesmo? Fechados em nosso grupo? Vai ver que V. tem razão. :-))))

On Sunday 03 April 2011 11:05:54 Renato Assunção wrote:

> Caros ABELianos,

>

> Para que os estatisticos possam realmente surfar nesta maravilhosa onda em

> que "statistics is now the sexiest subject around” e' necessario que

> adaptemos e mudemos

> muito a grade curricular dos cursos de graduacao e pos-graduacao (e a

> valorizacao

> de areas de pesquisa e publicacoes que hoje nao sao muito consideradas na

> avaliacao pelos pares). E uma das areas muito necessitadas e' computacao.

>

> Parece que finalmente convenci dois colegas meus, Marcelo e Marcos, a

> criarem um curso de

> computacao para estatisticos. O curso deve ensinar a mexer com grandes

> bancos de dados

> (fundamental em qualquer empresa hoje em dia) e ensinar a fazer um

> pequeno software com

> interface grafica para o usuario. Assim, o aluno podera' ficar

> capacitado a construir solucoes

> proprias para problemas dentro de empresas. Oxala os alunos percebam a

> importancia

> desse curso optativo e se matriculem e facam ate o final. Oxala' o

> sinape passe a ter sessoes

> e apresentacoes com este carater. Oxala' parte dos estatisticos jovens

> dediquem-se com afinco

> a estas areas de pesquisa (visualizacao de GB de dados, tecnicas de

> machine learning), etc.

>

> Como esta tendencia ja foi iniciada nos melhores departamentos dos EUA

> e como os estatisticos

> jovens de la possuem este tipo de mentalidade, a gente deve ver estas

> mudancas ocorrerem por aqui

> tambem no futuro.

>

> Um excelente testo e' o artigo do The American Statistician de Deborah

> Nolan e Duncan Temple Lang:

> Computing in the Statistics Curricula em

> http://www.stat.berkeley.edu/~statcur/Preprints/ComputingCurric3.pdf

> ou em

> http://pubs.amstat.org/doi/pdf/10.1198/tast.2010.09132

>

> Veja tambem este workshop liderado por estes autores, com muito

> material disponivel para download:

> Workshop: Integrating Computing into the Statistics Curricula

> http://www.stat.berkeley.edu/~statcur/Workshop2/

>

> Uma dificuldade para a implementacao desta ideia e' a falta de

> familiaridade da maioria dos estatisticos

> que sao os professores atuais com estas tecnicas, eu incluso. Mas eu

> acredito firmemente que devemos

> ensinar aos alunos (memso que tenhamos de aprender com eles) o que

> eles vao precisar dentro de 20

> anos e nao o que foi sexy ha' 20 anos atras.

>

> Renato

>

> Em 3 de abril de 2011 10:20, Raphael Saldanha

>

> <saldanha.plangeo@gmail.com> escreveu:

> > Prezados,

> > Optei como graduação, o curso de Geografia, o que foi de grande espanto

> > para a minha família. Não recebi exatamente apoio e incentivo, mas ouvia

> > que "no pior, ele pode dar aula".

> > No fim da graduação descobri a Estatística, e me apaixonei. Fiz

> > especialização em Estatística, e quero começar um mestrado logo. Agora, o

> > espanto das pessoas é maior: o que mais ouço é "o que Geografia tem haver

> > com Estatística??".

> > É grande o desconhecimento sobre as duas ciências, e ainda mais sobre

> > suas interfaces.

> >

> > 2011/4/3 Doris Fontes <dsfontes@gmail.com>

> >

> >> New York Times de hoje: When the Data Struts Its Stuff

> >> http://www.nytimes.com/2011/04/03/business/03stream.html

> >> Em 3 de abril de 2011 09:02, Denise Britz do Nascimento Silva

> >>

> >> <denisebritz@gmail.com> escreveu:

> >>> Gauss

> >>>

> >>> quem sabe a notícia abaixo do NY times ( que já esteve nesta lista

> >>> antes) ajuda seu aluno a convencer aos pais que a Estatística é uma

> >>> boa profissão e que o rapaz...se estudar e se dedicar à carreira...tem

> >>> futuro :-) :-) . (Aliás..eu sempre acho que quem faz o que gosta tem

> >>> futuro em qq carreira).

> >>>

> >>> http://www.nytimes.com/2009/08/06/technology/06stats.html

> >>>

> >>> Abraços

> >>> Denise

> >>>

> >>> Em 3 de abril de 2011 04:14, Doris Fontes <dsfontes@gmail.com> escreveu:

> >>>> Vejam que curiso: no website do Depto de Estatística da UFRN

> >>>> (http://www.estatistica.ccet.ufrn.br/) há a seguinte enquete:

> >>>> A Revista Super Interessante publicou uma matéria mostrando que

> >>>> a ESTATÍSTICA É A PROFISSÃO DO FUTURO. Você concorda com essa

> >>>> afirmação? Sim

> >>>> Não

> >>>> Não tenho opinião formada

> >>>>

> >>>> Os resultados parciais são:

> >>>> Sim = 145 (65%)

> >>>> Não = 54 (24%)

> >>>> Não tenho opinião formada = 25 (11%)

> >>>> Ou seja, 35% dos respondentes ainda não se convenceram que a

> >>>> Estatística é uma carreira promissora.

> >>>> Falta, sim, muita divulgação tanto ao aluno do Ensino Médio (que não

> >>>> busca a carreira), ao ingressante (que não vê razão para se formar) e

> >>>> ao empregador (que não vê razão para contratar).

> >>>> Quanto ao início da carreira, eu particularmente não vejo problema

> >>>> nenhum em começar "por baixo" em terreno desconhecido. O curso de

> >>>> estatística é muito focado na área técnica e pouco nos informa sobre

> >>>> outras áreas. Assim, para ser um bom estatístico, pode ser útil ter

> >>>> passado por algumas áreas mais "chão"

> >>>> aprendendo/crescendo/amadurecendo um pouco, para depois poder

> >>>> analisar com mais propriedade. Sou favorável, inclusive, do

> >>>> voluntariado (que falta muito aos jovens estatísticos do Brasil).

> >>>> Abraços,

> >>>> Doris

> >>>>

> >>>> Em 2 de abril de 2011 22:13, Danielle Steffen

> >>>>

> >>>> <daniellesteffen@yahoo.com> escreveu:

> >>>>> Prof. Gauss,

> >>>>> ISso e muito comum. Lembro do trabalho de "evangelizacao" do Prof.

> >>>>> Matias nos colegios do Rio, para divulgar o curso. E lembro de, como

> >>>>> membro do DA na epoca, ligar para os RHs do Rio e explicar o que era

> >>>>> o curso. Inclusive em relacao a base salarial, que sempre colocavam

> >>>>> la embaixo. Alias, ficava tao brava com os estagios-escravos que as

> >>>>> vezes eram colocados no mural, que sempre arrancava as folhas de la.

> >>>>> Sempre falei que se voce comeca por baixo, demora mais pra subir. E

> >>>>> uma questao de auto-imposicao. Nao tive o que reclamar depois.

> >>>>> Abs,

> >>>>> Danielle

> >>>>> ________________________________

> >>>>> De: gausscordeiro <gausscordeiro@uol.com.br>

> >>>>> Para: abe-l@ime.usp.br

> >>>>> Enviadas: Sábado, 2 de Abril de 2011 19:24:30

> >>>>> Assunto: [ABE-L]: pequena ajuda

> >>>>>

> >>>>> Caros Redistas,

> >>>>>

> >>>>>

> >>>>>

> >>>>> Recebi hoje um email de um aluno (pediu para não ser identificado)

> >>>>> que me disse que andava constrangido em sua casa, por está fazendo o

> >>>>> terceiro ano de graduação de Estatística, quando seus irmãos mais

> >>>>> velhos estavam se formando em Medicina e Engenharia Elétrica.

> >>>>>

> >>>>> Os seus pais sugeriram que ele deveria abandonar Estatística e fazer

> >>>>> vestibular para um curso "de maior potencialidade" (segundo suas

> >>>>> palavras).

> >>>>>

> >>>>> Depois de freqüentar a 12ª EMR, esse jovem ficou tão encantado com a

> >>>>> Estatística que tomou a seguinte decisão (segundo suas palavras):

> >>>>>

> >>>>> "irá concluir o curso e fazer pós-graduação para ser pesquisador

> >>>>> nesta área".

> >>>>>

> >>>>> Fiquei contente em saber que estamos ajudando que nossos alunos tomem

> >>>>> decisões corretas.

> >>>>>

> >>>>>

> >>>>>

> >>>>> Boa noite,

> >>>>>

> >>>>> Gauss

> >>>>>

> >>>>> "There is no branch of mathematics, however abstract, which may not

> >>>>> some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).

> >

> > --

> > Atenciosamente,

> >

> > Raphael Saldanha

> > saldanha.plangeo@gmail.com