CarÃssimos amigos: A discussÃo à antiga e volta, recorrentemente. Eu levantei questÃes equivalentes Ãquelas do Cribari, por vÃrias vezes, em muitos lugares, inclusive nesta lista. Jà à hora de se ver que a natureza da estatÃstica, especificamente sua aplicaÃÃo (e base) em vÃrias Ãreas tÃo distintas, faz impossÃvel uma cerquinha... A sociedade nÃo se manifesta contra a regulamentaÃÃo da profissÃo, apenas por que ela à inÃcua. Se os CONREs processassem todos os que claculam uma pobre ANOVA, a grita seria geral. O decreto que regulamenta a lei que regulamenta a profissÃo de estatÃstica (a frase à torta de propÃsito) contÃm pÃrolas como esta: Art. 2. - A profissÃo de EstatÃstico serà exercida: I â Nas entidades que se ocupem de atividades prÃprias do campo de EstatÃstica, principalmente: amostragem; processos estocÃticos; testes estatÃsticos; anÃlise de variÃncia; controle estatÃstico de produÃÃo e de qualidade; demografia; bioestatÃstica; cÃlculo de coeficientes estatÃsticos; ajustamento de dados e censos; Jà comentei este texto na lista. Serà que quem escreveu isso sabia o que fazia? AnÃlise de variÃncia à apenas o teorema de PitÃgoras, o famoso "teorema do burros", tÃo conhecido que, no ginasial, era o Ãnico que poderia ser citado por alguns alunos. Como proibir-se a alguÃm o emprego do teorema de PitÃgoras? Mais seriamente, de modo disfarÃado, a anÃlise variÃncia està embutida na anÃlise de Fourier, tÃcnica de uso corrente por engenheiros. Por falar nos engenheiros, trabalho em vÃrias indÃstrias onde o controle estatÃstico da produÃÃo està em mÃos de engenheiros. E vai muito bem, obrigado. Isso atà por que, depois de gastar 10 minutos construindo uma carta de controle, ao ver um problema no processo, eles continuam, vÃo em frente, e resolvem o problema mecÃnico ou elÃtrico da mÃquina, coisa que o estatÃstico nÃo pode fazer. Que indÃstria vai colocar duas pessoas naquela funÃÃo? E para que? Controle estatÃstico de qualidade à padronizado nas cartas da MIL-STD (re-publicadas pela ABNT - para engenheiros!). Quem precisa ser estatÃstico aqui? Ajustamento de dados? Isso à coisa prÃpria de estatÃstico? Por que? SÃo donos de mÃnimos quadrados, mÃxima-verossimilhanÃa e outros mÃtodos MATEMÃTICOS? O fÃsico nÃo opde ajustar uma funÃÃo a seus dados experimentais? E por que nÃo planejaria ele seu experimento, segundo procedimentos de livros estatÃsticos? A regulamentaÃÃo da profissÃo à esdrÃxula e ineficaz, este à o ponto. Sua aplicaÃÃo, pura e simples, a tornaria um estorvo à sociedade. Sigo as leis. Sou contra a lei que cria a profissÃo de estatÃstico, e gostaria que fosse revogada. Mas cumpro-a, no dever de cidadÃo. Eu sou registrado no CONRE. Minha firma à registrada no CONRE. Mas eu contrato nÃo estatÃsticos, gente de computaÃÃo e de outras Ãreas que realizam anÃlise estatÃstica. Isso nÃo fere a lei, pois o responsÃvel sou eu. Todos que trabalham aqui tem pÃs-graduaÃÃo. A maioria, em estatÃstica. Mas nem todos sÃo bacharÃis em estatÃstica e todos sÃo igualmente capazes. Em matÃria de formaÃÃo em estatÃstica, por razÃes que nÃo cabem neste espaÃo, sou favorÃvel a que a formaÃÃo de dà na pÃs-graduaÃÃo. Vejo com bons olhos um engenheiro que estuda estatÃstica no mestrado e no doutorado. Essa à a hora de se aprender estatÃstica. (Note-se que assim funciona, em geral, nos EUA). Por eu dizer isso, seguidamente, e tambÃm por criticar as declaraÃÃes de margens de erro das pesquisas eleitorais e sua aceitaÃÃo burocrÃtica pelo TSE, o CONFE me intimou por ofÃcio a comparecer em sua sede, no Rio, "sob pena de confesso". A ameaÃa explicita no ofÃcio era de me condenar por "improbidade profissional". Tudo por declaraÃÃes deste jaez, nesta lista. Na verdade, a valer a intenÃÃo do CONFE, ou de seu presidente de entÃo, eu seria condenado por minha opiniÃo. NÃo havia dellinquÃncia profissional alguma. Para criticar as leis, em particular estas leis e regulamentaÃÃes, eu nÃo precisaria ser estatÃstico. à direito de qualquer cidadÃo, ora bolas! E a ConstituiÃÃo me darà o direito de expressar minha opiniÃo livremente, como agora. NÃo sou de ficar parado e constituà um advogado, que me representa em processo que ora movo contra o CONFE, na JustiÃa Federal. Sobre aquele assunto, sà me resta esperar a decisÃo da JustiÃa. Quando ela vier eu darei conhecimento à lista. Vamos fazer um movimento para desburocratizar o paÃs e acabar com reulamentaÃÃo de profissÃes que nÃo precisam disso, ou que nÃo podem ser regulamentadas, como a de estatÃstico? Vai ser difÃcil, neste paÃs de bacharÃis... se Vs vissem a lista de profissÃes regulamentadas. Vejam em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/regulamentacao.jsf;jsessionid=FEE450DB8E8240499BD099721468B904 Tirei algumas: 19.Economista DomÃstico (ekos jà quer dizer casa, domÃstico...), 25. EnÃlogo, 30. Garimpeiro, 33. Guardador e Lavador de VeÃculos, 41. Mototaxista e Motoboy, 3. MÃsico (ah, se eu der um concerto de piano e nÃo for registrado!), 49. PeÃo de Rodeio, 51. PublicitÃrio/Agenciador de Propaganda, 55. Repentista. Fiquei com vergonha de colocar na lista a nossa profissÃo, mas està lÃ: 26. EstatÃstico. A escolha das profissÃes dessa lista à minha, claro. A maior parte nÃo exige treino algum (embora a lei dirà que sim). Outras exigem mais que treino, talento, coisa que nÃo se pode regulamentar. Economista domÃstico entrou por ignorÃncia minha. Fui ver - confesso - e descobri que à o HOME ECONOMICS dos EUA, que copiamos aqui no BraZil (e eu nÃo sabia). Fica, assim mesmo. :-) Se à que se pode sorrir... AbraÃos a todos. E me desculpem, por vociferar de novo. Mas este assunto "pega". Quando eu lembro que o Gauss, e mais um colega do Rio, a quem muito admiro,jà foram processados por este "sistema" (como diz um do CONFE), fico irritado. Nada acontece, nossos colegas estÃo realizados e felizes, com mÃrito. Jà seus inquisidores... Mesmo assim, acho que jà à hora de se modernizar este Brasil. PS. se as impropriedades (eu escrevi outra palavra aqui, mas mudei) no decreto que regulamenta a lei jà incomodam, piorem a coisa, lendo o cÃdigo de Ãtica. Feito no tempo da ditadura, acho que faria corar qualquer beleguim do Dops. On Tuesday 25 October 2011 08:31:45 Vermelho wrote: > Conclui-se: quem sabe faz; quem nÃo sabe processa!! > > Em 24 de outubro de 2011 20:55, Francisco Cribari <cribari@gmail.com>escreveu: > > Caro Gauss e colegas, > > > > O que nÃo està claro para mim à o seguinte: > > > > 1) Um nÃo estatÃstico pode fazer uso de algum mÃtodo estatÃstico? > > 2) Todos os mÃtodos descritivos e inferenciais sÃo de "propriedade" da > > EstatÃstica"? > > > > Primeiro, se sà estatÃsticos podem fazer uso de mÃtodos descritivos e > > inferenciais, por que ensinamos tais mÃtodos para estudantes que serÃo > > profissionais de outras Ãreas? Eu imagino que se o fazemos à porque > > esperamos que os conhecimentos transferidos sejam utilizados em ocasiÃes > > futuras. > > > > Segundo, econometria à um Ãrea da economia. Todos os economistas recebem > > formaÃÃo em mÃtodos economÃtricos, notadamente em anÃlise de regressÃo e > > de sÃries temporais. Hà livros e revistas cientÃficas da Ãrea que sÃo > > escritos e editados por economistas. Hà sociedades cientÃficas da Ãrea, > > que sÃo tipicamente presididas por economistas. Afirma-se que > > economistas nÃo podem fazer anÃlises economÃtricas porque os mÃtodos > > envolvidos "pertencem" à EstatÃstica? à isso? Note que essa à uma > > pergunta especÃfica e que nÃo admite respostas genÃricas. > > > > Terceiro, o mesmo vale para mÃtodos matemÃticos? Sà matemÃticos devem > > poder usÃ-los? (A pergunta que coloco pertine ao mÃrito do argumento e > > nÃo a marcos legais existentes no momento.) > > > > Chego, assim, a uma pergunta em estilo corolÃrio: um economista nÃo pode > > estimar uma regressÃo ou fazer uma anÃlise de sÃries temporais (que, > > note-se, compÃem o campo da econometria), mas um estatÃstico pode > > resolver um problema de otimizaÃÃo (linear ou nÃo-linear). à isso? Note > > que a maioria das estimativas de mÃxima verossimilhanÃa requer a soluÃÃo > > de algum problema de otimizaÃÃo nÃo-linear. Devemos chamar um matemÃtico > > para que ele (e sà ele) realize a otimizaÃÃo? Caminhamos para esse > > cenÃrio? > > > > Na mesma linha, um profissional da Ãrea de atuÃria pode realizar anÃlises > > estatÃsticas (estimaÃÃo de modelos de regressÃo etc.)? Um demÃgrafo pode > > ajustar uma curva a dados coletados ao longo do tempo? > > > > Note que nÃo afirmo que concursos pÃblicos para cargos de estatÃsticos > > (especificamente listados como tal) devem poder ser preenchidos por > > profissionais de outras Ãreas nem parto para analogias com Ãreas como > > Engenharia e Medicina. Apenas me atenho à utilizaÃÃo de mÃtodos > > descritivos e inferenciais por pessoas que nÃo tÃm bacharelado em > > EstatÃstica. > > > > Por fim, lembro de um episÃdio sobre o qual o Gauss poderà fornecer mais > > detalhes. Hà muitos anos ele publicou um artigo num jornal do Rio de > > Janeiro (creio que foi no Jornal do Brasil) sobre modelagem de dados de > > infecÃÃo de AIDS ao longo do tempo. Um ÃrgÃo profissional da Ãrea de > > EstatÃstica lhe fez uma ameaÃa por escrito: ameaÃou processar-lhe. O que > > concluir desse episÃdio? > > > > AbraÃos estocÃsticos e nem um pouco corporativos, > > > > FC > > > > > > > > 2011/10/24 <gauss@de.ufpe.br> > > > > Caros Redistas, > > > >> A Profa. DÃris (do CONRE-SP) esclareceu no Facebook Brasil o seguinte: > >> > >> O texto da LEI N 4.739/65 diz: > >> > >> -DispÃe sobre o ExercÃcio da ProfissÃo de EstatÃstico e dà outras > >> ProvidÃncias. > >> > >> Art. 1 - à livre o exercÃcio da profissÃo de estatÃstico, em todo o > >> territÃrio nacional, observadas as condiÃÃes de capacidade ...previstas > >> na presente Lei: > >> > >> I - aos possuidores de diploma de conclusÃo de curso superior de > >> estatÃstica, concedido no Brasil por escola oficial ou oficialmente > >> reconhecida; > >> > >> II - aos diplomados em estatÃstica por instituto estrangeiro, de ensino > >> superior, que revalidem seus diplomas de acordo com a lei; > >> > >> Nos termos acima, o tÃtulo da reportagem > >> > >> "Apenas Graduados podem trabalhar na Ãrea" > >> > >> que consta do Jornal "O Fluminense" do Ãltimo domingo està no meu > >> entender imprecisa. Ademais, a informaÃÃo citada como sendo do > >> professor Paulo Lopes està totalmente incorreta. > >> > >> Ainda bem que nÃo havia esse tipo de chateaÃÃo na Ãpoca de Rudolf KÃlmÃn > >> e Waloddi Weibull, que eram engenheiros. Sà espero nÃo viver o > >> suficiente quando alguÃm propor que somente matemÃticos poderÃo usar > >> trigonometria. > >> > >> Cordiais SaudaÃÃes, > >> > >> Gauss > >> > >> (p.s. meu tÃtulo de PhD em EstatÃstica està revalidado pelo IMPA e foi > >> reconhecido pela UFPE). > > > > -- > > Francisco Cribari-Neto, cribari@gmail.com, > > http://sites.google.com/site/cribari |