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RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia




Basilio: 

A distincao que voce faz eh importante. 

- Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia) 
O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que nao eh ad-res, mas ad-homine: 

- Aristocratas de boa e velha familia  vs. intelectuais selecionados por mecanismos que permitem alta mobilidade social. 

Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista pessoal, a primeira eh altamente positiva e progressiva, enquanto a segunda eh altamente negativa e retrograda.      

Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres plebeus como eu  tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol...  :-) 

Um abraco, ---Julio  


________________________________
> Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200 
> From: basilio@hucff.ufrj.br 
> To: cpereira@ime.usp.br 
> CC: abe-l@ime.usp.br 
> Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia 
>  
> Caro irmao 
> Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem  
> (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar. 
> Entretanto temos que ver que  a falta de humildade indicada muitas  
> vezes ocorre. 
> No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com  
> formaçao de produtores de artigos. 
> Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser  
> competencia, mas em todas asareas  existem muitos ( poe muito nisso)  
> docentes  que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de  
> raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer  
> suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e  
> teses . 
> Me lembro de um comentario na politica :  que é mais perigoso ter um  
> politico mal intencionado e  inteligente do que um burro. 
> Basilio 
>  
> Em 11 de novembro de 2011 18:49,  
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>> escreveu: 
> Caros redistas: 
> Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com  
> o teor do seguinte artigo.  Será que entendi mal ou é mesmo uma  
> reflexão preconceituosa? 
> Vejam abaixo 
>  
> Carlinhos 
>  
> http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/ 
>  
>  
>  
> VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia 
>  
> Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por  
> levar-nos para o abismo nos últimos anos 
> Por Ross Douthat ? New York Times* 
>  
> Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na  
> zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande  
> Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois  
> cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro  
> Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes  
> universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos). 
>  
> Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar  
> num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez  
> permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem  
> teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite  
> branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes  
> instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras  
> de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois  
> prossegue ascendendo na carreira. 
>  
> Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs.  
> Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes  
> milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é  
> eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua  
> reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma  
> empresa de serviços financeiros. 
>  
> Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine.  
> Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora  
> teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme  
> desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa  
> de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois  
> de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da  
> fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente  
> desacreditado. 
>  
> Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos  
> emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão,  
> irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm  
> abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e  
> determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de  
> Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em  
> Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e  
> porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que  
> parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a  
> história da humanidade. 
>  
> Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite  
> nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para  
> seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam  
> surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a  
> própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres.  
> Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a  
> qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as  
> elites menos brilhantes jamais contemplariam. 
>  
> Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara  
> e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a  
> guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter  
> feito o mesmo no tocante à economia global. 
>  
> Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria  
> o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia  
> acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para  
> Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de  
> segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando  
> muito e esperando pelas recompensas. 
>  
> No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes  
> incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios  
> limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a  
> prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é  
> preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida  
> a ser mais humildes. 
>  
> *É COLUNISTA 
> TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 
>  
>  
> Carlos Alberto de Braganca Pereira  
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>> 
>  
>  
>  
> --  
>  
> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE) 
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro 
> *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics 
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and 
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho. 
>  
> *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558 
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/> 
>  
> *MailAddress: 
> COPPE/UFRJ 
> Caixa Postal 68507 
> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ 
> Brazil 
>  
>