[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia



Caro Julio

Com todo respeito de um Cristao Novo , Pereira,  discordo de voce por ter sentido na pele a discriminaçao no meu proprio trabalho por nao ser da boa e velha familia. A meritocracia me fez ultrapassar aqueles que discriminavam.
O que me desagrada é que existe uma falsa meritocracia , que nao ve exatamente a boa formaçao academica e somente os resultados que na rede da ABE se acordou chamar de "produtivistas"
No caso da estatistica isso pouco ocorre pois a maioria das nosssas posgraduaçoes primam por uma boa formaçao mas em outras areas vejo muito idiota passando por genio e formando mal os adeptos ( para nao desfazer da palavra discipulo neste contexto)
O nosos amigo Jorge de Souza escreveu um texto muito bom sobre o assunto criticando o ensino desde o primeiro grau ate o hoje  desvirtuado Pos Doutoramento que falsamente se convencionou considerar um grau academico!!!!! (Agora existe um ridiculo titulo de Pos Doutor?)
Vou tentar conseguir o texto e enviar a rede.
Abraço
Basilio

Em 12 de novembro de 2011 08:10, Julio Stern <jmstern@hotmail.com> escreveu:


Basilio: 

A distincao que voce faz eh importante. 

- Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia) 
O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que nao eh ad-res, mas ad-homine: 

- Aristocratas de boa e velha familia  vs. intelectuais selecionados por mecanismos que permitem alta mobilidade social. 

Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista pessoal, a primeira eh altamente positiva e progressiva, enquanto a segunda eh altamente negativa e retrograda.      

Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres plebeus como eu  tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol...  :-) 

Um abraco, ---Julio  


________________________________
> Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200
> From: basilio@hucff.ufrj.br
> To: cpereira@ime.usp.br
> CC: abe-l@ime.usp.br
> Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
>
> Caro irmao
> Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem
> (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar.
> Entretanto temos que ver que  a falta de humildade indicada muitas
> vezes ocorre.
> No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com
> formaçao de produtores de artigos.
> Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser
> competencia, mas em todas asareas  existem muitos ( poe muito nisso)
> docentes  que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de
> raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer
> suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e
> teses .
> Me lembro de um comentario na politica :  que é mais perigoso ter um
> politico mal intencionado e  inteligente do que um burro.
> Basilio
>
> Em 11 de novembro de 2011 18:49,
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>> escreveu:
> Caros redistas:
> Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com
> o teor do seguinte artigo.  Será que entendi mal ou é mesmo uma
> reflexão preconceituosa?
> Vejam abaixo
>
> Carlinhos
>
> http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/
>
>
>
> VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia
>
> Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por
> levar-nos para o abismo nos últimos anos
> Por Ross Douthat ? New York Times*
>
> Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na
> zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande
> Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois
> cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro
> Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes
> universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos).
>
> Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar
> num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez
> permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem
> teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite
> branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes
> instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras
> de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois
> prossegue ascendendo na carreira.
>
> Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs.
> Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes
> milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é
> eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua
> reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma
> empresa de serviços financeiros.
>
> Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine.
> Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora
> teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme
> desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa
> de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois
> de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da
> fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente
> desacreditado.
>
> Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos
> emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão,
> irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm
> abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e
> determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de
> Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em
> Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e
> porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que
> parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a
> história da humanidade.
>
> Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite
> nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para
> seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam
> surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a
> própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres.
> Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a
> qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as
> elites menos brilhantes jamais contemplariam.
>
> Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara
> e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a
> guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter
> feito o mesmo no tocante à economia global.
>
> Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria
> o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia
> acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para
> Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de
> segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando
> muito e esperando pelas recompensas.
>
> No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes
> incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios
> limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a
> prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é
> preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida
> a ser mais humildes.
>
> *É COLUNISTA
> TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
>
>
> Carlos Alberto de Braganca Pereira
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>
>
>
>
> --
>
> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
>
> *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/>
>
> *MailAddress:
> COPPE/UFRJ
> Caixa Postal 68507
> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> Brazil
>
>
                                         



--

Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
*UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
*Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
*FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.

*Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
www.po.ufrj.br/basilio/

*MailAddress:
COPPE/UFRJ
Caixa Postal 68507
CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
Brazil