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Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia



O problema eh que a velha aristocracia do Mayflower esta muito brava porque nao conseguiu recuperar todo o dinheiro que perdeu na crise agora...  o governo so devolveu uma parte, tipo, 90%... ai poe a culpa nos rocket scientist judeus, italo-americanos, sino-americanos, latino-americanos, que administravam os fundos... o FHC disse uma vez que os EUA era governado por um pacto entre as elites, pois eh, a elite mais antiga esta sentindo falta dos milhoes nao recuperados, "perdidos" pela "elite meritocratica".

Bom sabado a todos (e feriadao tambem, pq o daqui ja esta no meio).
Danielle


De: Julio Stern <jmstern@hotmail.com>
Para: Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>; Carlos Pereira <cpereira@ime.usp.br>
Cc: ABE Lista <abe-l@ime.usp.br>
Enviadas: Sábado, 12 de Novembro de 2011 5:10
Assunto: RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia



Basilio: 

A distincao que voce faz eh importante. 

- Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia) 
O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que nao eh ad-res, mas ad-homine: 

- Aristocratas de boa e velha familia  vs. intelectuais selecionados por mecanismos que permitem alta mobilidade social. 

Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista pessoal, a primeira eh altamente positiva e progressiva, enquanto a segunda eh altamente negativa e retrograda.      

Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres plebeus como eu  tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol...  :-) 

Um abraco, ---Julio  


________________________________
> Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200
> From: basilio@hucff.ufrj.br
> To: cpereira@ime.usp.br
> CC: abe-l@ime.usp.br
> Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia

> Caro irmao
> Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem 
> (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar.
> Entretanto temos que ver que  a falta de humildade indicada muitas 
> vezes ocorre.
> No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com 
> formaçao de produtores de artigos.
> Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser 
> competencia, mas em todas asareas  existem muitos ( poe muito nisso) 
> docentes  que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de 
> raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer 
> suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e 
> teses .
> Me lembro de um comentario na politica :  que é mais perigoso ter um 
> politico mal intencionado e  inteligente do que um burro.
> Basilio

> Em 11 de novembro de 2011 18:49, 
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>> escreveu:
> Caros redistas:
> Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com 
> o teor do seguinte artigo.  Será que entendi mal ou é mesmo uma 
> reflexão preconceituosa?
> Vejam abaixo

> Carlinhos

> http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/



> VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia

> Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por 
> levar-nos para o abismo nos últimos anos
> Por Ross Douthat ? New York Times*

> Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na 
> zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande 
> Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois 
> cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro 
> Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes 
> universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos).

> Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar 
> num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez 
> permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem 
> teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite 
> branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes 
> instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras 
> de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois 
> prossegue ascendendo na carreira.

> Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs. 
> Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes 
> milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é 
> eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua 
> reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma 
> empresa de serviços financeiros.

> Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine. 
> Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora 
> teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme 
> desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa 
> de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois 
> de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da 
> fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente 
> desacreditado.

> Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos 
> emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão, 
> irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm 
> abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e 
> determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de 
> Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em 
> Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e 
> porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que 
> parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a 
> história da humanidade.

> Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite 
> nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para 
> seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam 
> surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a 
> própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres. 
> Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a 
> qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as 
> elites menos brilhantes jamais contemplariam.

> Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara 
> e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a 
> guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter 
> feito o mesmo no tocante à economia global.

> Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria 
> o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia 
> acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para 
> Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de 
> segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando 
> muito e esperando pelas recompensas.

> No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes 
> incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios 
> limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a 
> prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é 
> preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida 
> a ser mais humildes.

> *É COLUNISTA
> TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO


> Carlos Alberto de Braganca Pereira 
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>



> -- 

> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.

> *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/>

> *MailAddress:
> COPPE/UFRJ
> Caixa Postal 68507
> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
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