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Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia



Nunca vi tanta baboseira junta. 
E' o "efeito-feriado" que ja' vem notando a tempos nessa lista.


On Sat, 12 Nov 2011 02:49:19 -0800 (PST), Danielle Steffen wrote

> O problema eh que a velha aristocracia do Mayflower esta muito brava porque nao conseguiu recuperar todo o dinheiro que perdeu na crise agora...  o governo so devolveu uma parte, tipo, 90%... ai poe a culpa nos rocket scientist judeus, italo-americanos, sino-americanos, latino-americanos, que administravam os fundos... o FHC disse uma vez que os EUA era governado por um pacto entre as elites, pois eh, a elite mais antiga esta sentindo falta dos milhoes nao recuperados, "perdidos" pela "elite meritocratica".
>
> Bom sabado a todos (e feriadao tambem, pq o daqui ja esta no meio).
> Danielle
>
>
De: Julio Stern <jmstern@hotmail.com>
> Para: Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>; Carlos Pereira <cpereira@ime.usp.br>
> Cc: ABE Lista <abe-l@ime.usp.br>
> Enviadas: Sábado, 12 de Novembro de 2011 5:10
> Assunto: RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
>

>
> Basilio: 
>
> A distincao que voce faz eh importante. 
>
> - Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia) 
> O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que nao eh ad-res,  mas ad-homine: 
>
> - Aristocratas de boa e velha familia   vs. intelectuais selecionados por mecanismos que permitem alta mobilidade social. 
>
> Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista pessoal, a primeira eh altamente  positiva e progressiva, enquanto a segunda eh altamente negativa e  retrograda.      
>
> Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres plebeus como eu   tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol...  :-) 
>
> Um abraco, ---Julio  
>
> ________________________________
> > Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200
> > From: basilio@hucff.ufrj.br
> > To: cpereira@ime.usp.br
> > CC: abe-l@ime.usp.br
> > Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
> > 
> > Caro irmao
> > Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem 
> > (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar.
> > Entretanto temos que ver que  a falta de humildade indicada muitas 
> > vezes ocorre.
> > No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com 
> > formaçao de produtores de artigos.
> > Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser 
> > competencia, mas em todas asareas  existem muitos ( poe muito nisso) 
> > docentes  que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de 
> > raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer 
> > suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e 
> > teses .
> > Me lembro de um comentario na politica :  que é mais perigoso ter um 
> > politico mal intencionado e  inteligente do que um burro.
> > Basilio
> > 
> > Em 11 de novembro de 2011 18:49, 
> > <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>> escreveu:
> > Caros redistas:
> > Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com 
> > o teor do seguinte artigo.  Será que entendi mal ou é mesmo uma 
> > reflexão preconceituosa?
> > Vejam abaixo
> > 
> > Carlinhos
> > 
> > http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/
> > 
> > 
> > 
> > VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia
> > 
> > Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por 
> > levar-nos para o abismo nos últimos anos
> > Por Ross Douthat ? New York Times*
> > 
> > Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na 
> > zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande 
> > Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois 
> > cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro 
> > Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes 
> > universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos).
> > 
> > Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar 
> > num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez 
> > permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem 
> > teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite 
> > branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes 
> > instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras 
> > de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois 
> > prossegue ascendendo na carreira.
> > 
> > Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs. 
> > Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes 
> > milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é 
> > eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua 
> > reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma 
> > empresa de serviços financeiros.
> > 
> > Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine. 
> > Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora 
> > teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme 
> > desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa 
> > de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois 
> > de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da 
> > fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente 
> > desacreditado.
> > 
> > Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos 
> > emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão, 
> > irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm 
> > abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e 
> > determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de 
> > Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em 
> > Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e 
> > porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que 
> > parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a 
> > história da humanidade.
> > 
> > Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite 
> > nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para 
> > seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam 
> > surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a 
> > própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres. 
> > Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a 
> > qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as 
> > elites menos brilhantes jamais contemplariam.
> > 
> > Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara 
> > e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a 
> > guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter 
> > feito o mesmo no tocante à economia global.
> > 
> > Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria 
> > o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia 
> > acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para 
> > Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de 
> > segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando 
> > muito e esperando pelas recompensas.
> > 
> > No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes 
> > incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios 
> > limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a 
> > prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é 
> > preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida 
> > a ser mais humildes.
> > 
> > *É COLUNISTA
> > TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
> > 
> > 
> > Carlos Alberto de Braganca Pereira 
> > <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>
> > 
> > 
> > 
> > -- 
> > 
> > Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> > *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> > *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
> > *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> > HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
> > 
> > *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> > www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/>
> > 
> > *MailAddress:
> > COPPE/UFRJ
> > Caixa Postal 68507
> > CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> > Brazil
> > 
> > 
>                         


Hedibert Freitas Lopes, Ph.D.
Associate Professor                            
Department of Statistical Methods
Institute of Mathematics
Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ)