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RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
- Subject: RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
- From: Julio Stern <jmstern@hotmail.com>
- Date: Sun, 13 Nov 2011 00:13:34 +0000
Caro Basilio:
Sei muito bem a sua historia (da qual o Carlinhos conta um pouco em e-mail paralelo na rede). Quando falo da Real Familia (Orleans e) Braganca, estou so brincando com voces dois.
Ademais, minha experiencia pessoal ensina que para crescer nesta vida, bencaos e maldicoes, dificuldade e facilidade, azar e sorte, tem que vir em equilibrio, na medida certa.
Um caminho feito so de tristeza, destroi a alma; um caminho so de alegria, leva aa fraqueza.
Uma vez escrevi com o Carlinhos um artigo sobre ciencia ambiental, onde eu nao conseguia entender porque os ratinhos obsevados em uma area contaminada apresentavam alguns indicadores melhores que os ratinhos de uma reserva ecologica.
O Carlinhos matou a charada na hora:
Eh o -efeito nordestino- ele disse: Os que sobrevivem, sao fortes!
Cara Danielle:
O melhor amigo do preconceito e a memoria curta e seletiva.
A velha aristocracia do Mayflower, virou aristocracia 150 anos depois de chegar ao novo mundo.
Na velha Inglaterra, o pessoal do Mayflower era apenas um bando de Puritanos e Protestantes desprezados pela velha aristocracia Anglicana de sangue azul.
Mas a vida eh assim mesmo, Os caes ladram e a caravana passa...
---Julio
Referencias
A.M.S.Bueno, C.A.B.Pereira, M.N.Rabelo-Gay, J.M.Stern (2002). Environmental Genotoxicity Evaluation: Bayesian Approach for a Mixture Statistical Model. SERRA - Stochastic Environmental Research and Risk Assessment, 16, 267-278.
________________________________
> Date: Sat, 12 Nov 2011 09:32:43 -0200
> From: basilio@hucff.ufrj.br
> To: jmstern@hotmail.com
> CC: cpereira@ime.usp.br; abe-l@ime.usp.br
> Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
>
> Caro Julio
>
> Com todo respeito de um Cristao Novo , Pereira, discordo de voce por
> ter sentido na pele a discriminaçao no meu proprio trabalho por nao ser
> da boa e velha familia. A meritocracia me fez ultrapassar aqueles que
> discriminavam.
> O que me desagrada é que existe uma falsa meritocracia , que nao ve
> exatamente a boa formaçao academica e somente os resultados que na rede
> da ABE se acordou chamar de "produtivistas"
> No caso da estatistica isso pouco ocorre pois a maioria das nosssas
> posgraduaçoes primam por uma boa formaçao mas em outras areas vejo
> muito idiota passando por genio e formando mal os adeptos ( para nao
> desfazer da palavra discipulo neste contexto)
> O nosos amigo Jorge de Souza escreveu um texto muito bom sobre o
> assunto criticando o ensino desde o primeiro grau ate o hoje
> desvirtuado Pos Doutoramento que falsamente se convencionou considerar
> um grau academico!!!!!
> Vou tentar conseguir o texto e enviar a rede.
> Abraço
> Basilio
>
> Em 12 de novembro de 2011 08:10, Julio Stern
> <jmstern@hotmail.com<mailto:jmstern@hotmail.com>> escreveu:
>
>
> Basilio:
>
> A distincao que voce faz eh importante.
>
> - Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente
> para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia)
> O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira
> distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que
> nao eh ad-res, mas ad-homine:
>
> - Aristocratas de boa e velha familia vs. intelectuais selecionados
> por mecanismos que permitem alta mobilidade social.
>
> Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista
> pessoal, a primeira eh altamente positiva e progressiva, enquanto a
> segunda eh altamente negativa e retrograda.
>
> Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia
> de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres
> plebeus como eu tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol... :-)
>
> Um abraco, ---Julio
>
>
> ________________________________
> > Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200
> > From: basilio@hucff.ufrj.br<mailto:basilio@hucff.ufrj.br>
> > To: cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>
> > CC: abe-l@ime.usp.br<mailto:abe-l@ime.usp.br>
> > Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
> >
> > Caro irmao
> > Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem
> > (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar.
> > Entretanto temos que ver que a falta de humildade indicada muitas
> > vezes ocorre.
> > No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com
> > formaçao de produtores de artigos.
> > Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser
> > competencia, mas em todas asareas existem muitos ( poe muito nisso)
> > docentes que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de
> > raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer
> > suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e
> > teses .
> > Me lembro de um comentario na politica : que é mais perigoso ter um
> > politico mal intencionado e inteligente do que um burro.
> > Basilio
> >
> > Em 11 de novembro de 2011 18:49,
> >
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>>
> escreveu:
> > Caros redistas:
> > Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com
> > o teor do seguinte artigo. Será que entendi mal ou é mesmo uma
> > reflexão preconceituosa?
> > Vejam abaixo
> >
> > Carlinhos
> >
> > http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/
> >
> >
> >
> > VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia
> >
> > Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por
> > levar-nos para o abismo nos últimos anos
> > Por Ross Douthat ? New York Times*
> >
> > Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na
> > zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande
> > Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois
> > cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro
> > Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes
> > universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos).
> >
> > Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar
> > num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez
> > permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem
> > teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite
> > branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes
> > instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras
> > de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois
> > prossegue ascendendo na carreira.
> >
> > Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs.
> > Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes
> > milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é
> > eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua
> > reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma
> > empresa de serviços financeiros.
> >
> > Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine.
> > Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora
> > teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme
> > desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa
> > de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois
> > de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da
> > fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente
> > desacreditado.
> >
> > Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos
> > emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão,
> > irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm
> > abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e
> > determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de
> > Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em
> > Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e
> > porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que
> > parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a
> > história da humanidade.
> >
> > Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite
> > nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para
> > seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam
> > surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a
> > própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres.
> > Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a
> > qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as
> > elites menos brilhantes jamais contemplariam.
> >
> > Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara
> > e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a
> > guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter
> > feito o mesmo no tocante à economia global.
> >
> > Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria
> > o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia
> > acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para
> > Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de
> > segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando
> > muito e esperando pelas recompensas.
> >
> > No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes
> > incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios
> > limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a
> > prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é
> > preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida
> > a ser mais humildes.
> >
> > *É COLUNISTA
> > TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
> >
> >
> > Carlos Alberto de Braganca Pereira
> >
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>>
> >
> >
> >
> > --
> >
> > Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> > *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> > *Titular Professor of Bioestatistics and of Applied Statistics
> > *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> > HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
> >
> > *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> >
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/><http://www.po.ufrj.br/basilio/>
> >
> > *MailAddress:
> > COPPE/UFRJ
> > Caixa Postal 68507
> > CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> > Brazil
> >
> >
>
>
>
>
> --
>
> Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> *Titular Professor of Bioestatistics and of Applied Statistics
> *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
>
> *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/>
>
> *MailAddress:
> COPPE/UFRJ
> Caixa Postal 68507
> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> Brazil
>
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