Muito bons os bits do Professor Heliton, infelizmente no meu browser algumas
palavras são
ilegíveis.
Os itens 1) e 2) são bastante esclarecedores em relação ao artigo do
Leonardo Cordeiro. Há outro educador, Mateus Prado, que tem uma audiência imensa, também vem fazendo
análises sobre o ENEM, elas são dificultadas pela falta de informação sobre como
o cálculo vem sendo feito. Por exemplo, qual o peso de cada questão? Como se
calcula a nota final? Falta comunicação entre o MEC e a sociedade. O
desconhecimento do processo talvez tenha sido o motivo da "gafe" da
UFF em conceder um bonus de 20% na nota final de cada prova, que pode
representar, dependendo da média e do desvio padrão, um bônus de mais de 40% de
questões. Como a nota de corte foi muito alta, 913,13 , somente cotistas teriam
condições de entrar... Ou seja, os melhores alunos atuais ficaram de
fora.
Em relação aos itens 3) e 4), há uma certa controvérsia, pois uma redista mencionou em sua
intervenção a intenção de aplicar a TRI em redações. Então vão ter que discutir correção de redações sim. Tenho também dúvidas se o projeto
criteriosamente elaborado para a correção de redações foi de fato executado. Um
depoimento dado ao jornal O GLOBO por um professor corretor dá conta do
contrário. A necessidade de recorrer à justiça para ver a prova certamente lança
um véu sobre a real efetividade das correções. Casos de correção de notas já
aconteceram em SP, RJ e MG. Vejam a seguir o depoimento de uma professora da FL
da UFRJ em relação a uma
correção.
No tocante às redações. Ontem vi a redação de um candidato que foi
considerado pelos tres avaliadores ou muito fraco ou abaixo da média. Em relação à norma culta, por exemplo,
recebeu 40 (em 200). Quais os problemas? Ideia com acento, um acento de crase indevido e uma vírgula mal colocada.
Estruturação de parágrafo sem problemas, transição entre parágrafos, frases complexas, vocabulário culto e
argumentação sem problemas.Quem corrigiu aquilo não leu o texto (a letra era meio difícil, muito
pequena, mas qualquer professor está cansado de ler letras nem sempre fáceis de ler), ou achou que por
R$1,60, i.e., menos que um cafezinho, devia tripudiar do candidato.
Em relação a 5), fora a merecida gozação, o que não consegui exprimir adequadamente foi o de que o vestibular da UFRJ era de melhor qualidade em conteúdo do que o ENEM, que ainda vejo como uma prova mínima de aferição de conhecimentos para quem sai do Ensino Médio. E me irritou ver pessoas que dedicaram quase toda a sua carreira acadêmcia a essa realização, sairem de cena, falando uma coisa nos corredores e nada em público. É uma limitação da minha parte.
6),7) e 8) já foram em parte contemplados, reforço a necessidade de uma divulgação maior dessa cultura de aferição. Veja o vídeo bem ameno, Rap do ENEM, é assim que os estudantes estão vendo o processo. E não adianta você dizer que só fez a prova, ou só calculou os pesos, o público vê uma coisa só. Roubo, vazamento, erros de correção, notas, etc, tudo faz parte do mesmo processo: ENEM-SISU. Está se gastando uma fortuna com o ENEM-SISU: gráfica, consultores, corretores, fiscais, etc., mas, infelizmente, na sua terceira edição periga de todo esse trabalho ir por água abaixo.
>
Prezados, apenas um
bit...
>
> Parece que agora o que motivou a
crítica está bem
posto.
Confesso que dei pouca importância no início, particularmente ao conhecer
o
teor do â??artigoâ??
base (Leonardo Cordeiro [UTF-8?]â??
Tales
Consultoria Educacional - SOBRE A INADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA DE CÁLCULO
DAS
NOTAS DO SISU, http://oglobo.globo.com/arquivos/Redacao.TRI.ENEM.v2.pdf,
acessado em 10/01/2012,
12h10).
Inicialmente o autor faz relevantes elogios ao uso da TRI, citando
[UTF-8?]â??... a introdução no contexto brasileiro
de
um método mais moderno de avaliação e medição educacional marca um
avanço
metodológico que é bem-vindo e [UTF-8?]necessário.â?? Suas críticas se
concentram única e exclusivamente na inclusão da
Redação
na Nota do examinado. Nesta linha
faço
uns breves comentários, abordando, em breve (outro email), o uso da
TRI:
>
> 1) O autor tenta reproduzir a situação atual, em que
cada
aluno é submetido a 4 áreas de avaliação, tendo por base a variável (Nota
Final
do aluno) Y1=4X/4, em que X foi a Nota TRI de 2008 [digamos, N(500,100^2)],
que
considera situação equivalente a usar a nota Y2=(X1+X2+X3+X4)/4 (com Xi
representando as 4 notas do
Enem,
digamos N(500,100^2) cada). Nessa construção aparece uma [UTF-8?]â??leveâ??
inconsistência:
as variáveis Xi são correlacionadas (em geral próximo de 0.5), e com isso
temos
que Var(Y2)=(5/8)x100^2, ao passo que Var(Y1)=100^2. Esta Inadequação
Metodológica, na
minha
opinião, já invalida a comparação que segue no referido texto. Uma outra falha
metodológica reside no
fato
que as notas TRI do grupo total de respondentes não se aproxima de
uma
N(500,100^2) como adotado pelo
autor.
Apenas o Grupo Referência (Concluintes da Rede Pública Regular), algo
em
torno de 40%, tem esse comportamento. Esta Inadequação Metodológica
pode
derrubar de vez o que restava de pé na metodologia adotada pelo
autor.
>
> 2) O autor considera três Cenários: Classificação
Controle
(CC),
obtidos apenas com as 4 notas Objetivas (excluindo a Redação);
Classificação
I (CI), combinando
Objetiva
Clássica (Percentual de Acerto) com Redação e, Classificação II
(CII),
combinando a nota TRI com Redação. A composição estudada pelo autor
assume
pesos distintos, e aí surge um problema metodológico: dependendo dos
coeficientes das variáveis,
as
correlações podem mudar consideravelmente (um exercício de
probabilidade
básica). Isso implica que
as
Classificações podem assumir ordens
completamente
distintas, analiticamente, probabilisticamente. Pior ainda, as diferenças de
classificações
de CI relativamente à CC são chamadas de Erros, bem como entre CII e
CC.
Tecnicamente estas diferenças não são Erros, mas sim fruto de decisões que
as
próprias Instituições resolvem tomar (pesos diferentes às áreas e
redação).
Sabemos que qualquer mudança de regra na construção da nota final pode gerar
uma
classificação diferente. Se não fosse assim, para que serviria a
Redação,
Questões Abertas, Bônus
etc.?
Provavelmente um único item diferente já alteraria a lista
de
classificação.
>
> 3) Creio que a discussão sobre os critérios de correção da
Redação
do Enem realmente não é de nossa competência técnica Estatística, até
porque
são praticamente os mesmos em todas as instituições do país, particularmente
as
Federais. Na verdade, pude acompanhar
de
perto a correção das redações deste exame, e sei que a busca pela qualidade
tem
sido intensa. É interessante compartilhar que no início do processo de
correção
são selecionadas 200 redações, que depois de muita discussão
entre
especialistas têm suas notas definidas.
Cada
corretor recebe algumas destas Redações-Padrão para avaliar o seu nível
de
discrepância com relação ao padrão. Além disso, cada corretor recebe
algumas
redações que ele mesmo já corrigiu dias atrás, verificando a
possível
discrepância com relação a ele mesmo. Um corretor não receberá novos lotes
de
redações quando ultrapassa um determinado
limite.
>
> 4) Como Estatísticos, sabemos que dentre milhões
de
redações, com 2 ou 3 correções,
algumas
chamadas discrepâncias certamente ocorrerão, e isso também ocorre nas
nossas
instituições. Em todas há um
critério
denominado [UTF-8?]â??Fuga ao [UTF-8?]Temaâ?? (ou
similar)
implicando em nota zero, e sobrepondo-se às demais, mesmo
gramaticalmente
perfeitas. Um terceiro corretor é chamado quando um dos dois primeiros
acusa
[UTF-8?]â??Fuga ao [UTF-8?]Temaâ?? (assim como quando dão notas muito
diferentes). Um zero
ocorre
se o problema for novamente
detectado.
>
> 5) Sugiro que os interessados analisem cuidadosamente
os
critérios adotados para o estabelecimento dos padrões de correção da tal IFE.
O
conhecimento poderia evitar comentários do tipo [UTF-8?]â??Reservadamente um
ex-coordenador de vestibular de uma
IFE,
confidenciou-me que era uma temeridade corrigir as redações via internet
por
pares de professores. As distorções seriam enormes. Mas o seu silêncio
foi
assegurado com uma licença para fazer [UTF-8?]doutoramento...â??.   Que
bom que ele foi fazer doutoramento,
mesmo
recebendo o rótulo de
[UTF-8?]â??vendidoâ??.
>
> 6) O Inep contrata especialistas da nossa comunidade
Estatística
que [UTF-8?]â??calculamâ?? as notas TRI separadamente por área. Após isso
repassa as
5
notas (incluindo a Redação) ao SiSU. Cada Instituição decide se usa e como usa
a
Redação, assim como as demais notas, colocando os pesos que quiser. Seria
prudente uma ação junto à
própria
instituição na possível discordância dos critérios. E felizmente os gestores
do
Inep não têm qualquer poder de decisão sobre o uso das
notas.
>
> 7) As nossas instituições fazem ou faziam, até pouco
tempo,
processos seletivos próprios. Em vários deles a Nota Final é simplesmente
a
soma das notas em disciplinas distintas, com graus de
dificuldade
variados. Seria isso a soma de
bananas
com laranjas? Outras padronizam as notas em cada disciplina e constroem
uma
média geral. Algumas fazem apenas uma Etapa, enquanto outras têm duas ou
mais
Etapas, com variâncias provavelmente distintas. A composição final
raramente
leva essa distinção em conta. Em suma, creio que temos muitas saladas de
frutas
nas nossas
Instituições.
>
> 8) O autor encerra o trabalho argumentando que [UTF-8?]â??...
as
notas de redação não devem ser combinadas de forma alguma com a prova
objetiva, independente da medida dessa
[UTF-8?]prova.â??
Complementa que [UTF-8?]â??Os
resultados
demonstram, inequívoca e contundentemente, que a inclusão da nota da
redação
distorce de forma expressiva a classificação final em um processo de
seleção
hipotético, com parâmetros pautados, porém, em premissas realísticas. O
impacto
é estatisticamente significativo e pode comprometer de 27% a mais de 60%
das
vagas [UTF-8?]ofertadas.â??  Bem, a
conclusão
é genérica e natural. Pode ser exatamente esse o objetivo
da
redação, selecionar candidatos com um maior domínio da língua e
expressão
gramatical. Não se pode definir o
mundo
perfeito e sugerir que ao usar qualquer critério que leve a uma
classificação
diferente está se incorrendo em um
Erro.
>
> Peço mil perdões por transformar um bit em um
byte.
>
>
Abraços
Acadêmicos,
> Héliton
Tavares
>
> Em 12 de janeiro de 2012 20:48, Luis
Paulo Vieira Braga <lpbraga@im.ufrj.br>
escreveu:
>
>
Gostei da forma de apresentar os argumentos, numerando-os. Facilita o
acompanhamento. Vou usar o número 0) para comentar a intervenção da professora
Raquel, em seguida usar a numeração correspondente utilizada pelo professor Caio
e acrescentar um 6) para sua última afirmativa em relação ao
ENEM.
>
> 0) De fato, linchamentos não são a forma mais civilizada para
resolver pendências. É de Gandhi a frase: Olho por olho e dente por dente
tornarão todos cegos e desdentados. No entanto, um processo que envolve 5.300.00
pessoas, na maioria jovens, constituindo um verdadeiro rito de passagem, carrega
uma certa dose de energia, difícil de
conter.
>
> 1) Tudo o que está acontecendo certamente motiva muitas
pesquisas, no entanto, é preciso dar respostas, tomar decisões, comunicar ao
público nesse momento. A metodologia sempre pode ser melhorada, mas isto não é
justificativa para negligenciar o procedimento corrente. Ou ajuda aumentar ainda
mais a variabilidade das correções?
>
> 2) A redação só pode ser vista pelo aluno por meio de recurso
judicial. Graças ao seu deferimento pode-se saber os critérios
utilizados (por que não foram divulgados antes?). A segunda parte de seu
comentário é o que responderia aos milhões de alunos e seus familiares? Estudar
a metodologia, ler um livro?
>
> 3) E também há estudos dizendo o contrário, dependendo da área
do conhecimento humano. A UFRJ até 2011 fazia a seleção por exame
discursivo.
>
> 4) Como alguém já disse antes, pessoas sérias devem gostar de
questionamentos. A grande força da ciência moderna é só enunciar aquilo que
possa ser submetido a verificação ou argumentação. Ninguém há de querer tornar o
sistema ENEM-SISU uma questão de
fé.
>
> 5) Os interessados não se limitam aos estudantes. Colégios,
associações, estudiosos, enfim a sociedade civil tem o direito de poder
recalcular as notas. Isso podia ser feito no sistema anterior, por que subtrair
essa informação? Há algo que deva ser escondido? Qual o
motivo?
>
> 6) A última afirmação é (assumidamente) a mais subjetiva e
enigmática de todas - O ENEM está no caminho certo - Será que os estudantes de
colégios particulares, de aplicação e militares que foram excluídos a priori das
vagas do curso de medicina da UFF pensam da mesma forma? Será que os estudantes
de MG, SP e RJ que precisaram recorrer à justiça para ter suas provas revisadas
e assim receberem a nota justa, pensam assim? Será que os estudantes de um
colégio e um curso pré-vestibular em Fortaleza também consideram que o ENEM está
no caminho certo?
>
> On Thu, 12 Jan 2012 14:41:26 -0800 (PST), Caio
Lucidius Naberezny Azevedo
wrote
>
> >
Caros,
> >
> > Em relação à
resposta do Prof. Luis Paulo, que entendo ajudar a fomentar a discussão e
utilizando os comentários da Profa Regina (sem seguir a numeração anterior,
necessariamente),
comento/pergunto:
> >
> >
> > 1 - Minha posição apartidária vai justamente ao
encontro do desejo do prof. Luis Paulo no sentido de que quero o contrário
"de descolar a ciência e a técnica das suas aplicações e de seus
efeitos". Acho
que assim, consigo alcançar (ainda que em parte) tal objetivo. Indo ao encontro
desse pensamento e da menção a variabilidade nas notas mencionadas pelo Prof.
Luis Paulo, um dos objetivos na ciência, é pesquisar novas metodologias. Por
exemplo, estrutruras multiníves nos traços latentes/respostas, podem
ser
inseridas para diminuir a imprecisão dos resultados referentes à redação, caso
existam tais "imprecisões" e "variabilidades". Bom tema para
pesquisa.
Entretanto, qualquer metodologia sempre tem suas limitações, inclusive o que é
feito tradicionalmente nos vestibulares. Variabilidades nas correções das
redações existem em muitos (todos?)
eles.
> >
> >
> >
> > 2- Como disse, comento apenas em relação à TRI. Não
sei, de fato, se as provas dos vestibulares, incluindo-se aí as redações, são
acessíveis ao público. A TRI é de livre acesso ao público, como qualquer outra
metodologia, bastando que o interessado estude a respeito, como acredito ser
necessário para o entendimento de certos exames médicos. Novamente, refiro-me a
TRI. Existem várias referências e, permitam-me, sugerir o livro escrito pelos
amigos Profs Dalton, Héliton
e
Raquel.
> >
> >
> >
> > 3 - Há
vários estudos, inclusive utilizando a TCM, que indicam que questões de múltipla
escolha conseguem medir construtos melhor do que questões dissertativas. No
entanto, de forma alguma, estou criticando a utilização de questões
dissertativas. Minha grande ressalva é com relação à logística (e os gastos
decorrentes).
> >
> > 4- Em relação a pergunta : "um aluno que nada fez e
outro que errou mais do que acertou devem
receber a mesma nota". Afirmo, a TRI, fornece notas diferentes, a
TRI.
Não posso falar do que não conheço bem. Entretanto, creio, pelo que conheço das
avaliações em larga escala no Brasil, que sempre nelas estão presente pessoas de
extrema seriedade e competência, apenas para citar alguns: Prof. Dalton, Prof.
Héltion, Prof. Bussab e Prof. Pedro Nascimento
entre
outros.
> >
> > 5 - Uma pergunta (não tenho a resposta
para ela): Quanto ajudaria ao entendimento dos interessados, disponibilizar os
parâmetros dos
itens?
> >
> >
> >
Particularmente, creio que a discussão sempre é bem vinda, desde que
conduzida de forma respeitosa como acho que seja o
caso.
> >
> >
Creio que o ENEM esteja no caminho certo (minha
opnião).
> >
> >
> > Abraços a
todos,
> >
> >
> >
Caio
> >
> >
> >
> >
De: Luis Paulo
Vieira Braga
<lpbraga@im.ufrj.br>
> > Para: Caio
Lucidius
Naberezny Azevedo
<c_naber@yahoo.com.br>; Luiz Sergio Vaz
<luizvaz@sarah.br>;
"abe-l@ime.usp.br" <abe-l@ime.usp.br>
> > Enviadas:
Quinta-feira, 12 de Janeiro de
2012
19:51
> > Assunto: Re:
[ABE-L]: Sobre o ENEM ou sobre nós
?
> >
> >
> > A contribuição do Prof. Caio é muito boa porque ajuda a
organizar a
discussão. Mantenho a numeração correspondente às suas
assertivas.
> > 1. A maior objeção à união das notas oriundas do ENEM e
da Redação é o fato das notas da redação terem uma variância muito grande devido
ao fato de a sua formulação e correção terem sido deficientes. Tornar
a prova apenas eliminatória poderia reduzir as
distorções.
> > 2. Totalmente de acordo. No entanto, alguma coisa se
perde em termos de avaliação quando se abandona a questão
discursiva.
> > 3. Totalmente de acordo. No entanto, um aluno que nada
fez e outro que errou mais do que acertou devem receber a mesma nota? Isso não
estaria em contradição com o princípio enunciado em
2?
> > 4. Totalmente de acordo. No entanto, o paciente recebe o
resultado do exame, com um laudo explicativo, que pode inclusive ser levado a
outro médico para cotejamento. Isso não ocorre nem com a redação, nem com as
provas objetivas. Os estudantes têm que entrar na justiça para ter acesso à
prova.
> > Respeito a posição apolítica do redista, só espero que
ela não seja levada às últimas consequências, descolando a ciência e a técnica
das suas aplicações e de seus
efeitos.
> >
> > On Thu, 12 Jan 2012 13:23:23 -0800 (PST), Caio
Lucidius Naberezny Azevedo
wrote
>
> > > Caros
redistas,
> > >
> > >
> > > Boa noite. Li diversos e-mails que circularam em
nossa
rede
sobre a TRI, ENEM, política etc... Relutei muito em me manifestar (por diversos
motivos que não cabem aqui) mas, decidi fazê-lo. Prometo ser breve e gostaria de
ater-me APENAS a TRI e a Teoria Clássica de Medidas (TCM). Prefiro não me
manifestar sobre o ENEM. Há questões políticas e pessoais, certamente,
envolvidas nesse debate (refiro-me à utilização do ENEM como vestibular). Fica
difícil distinguir (talvez seja limitação minha) entre o que é de cunho político
do que é de cunho
científico.
> > >
> > >
> > > Gostaria de registrar que estou manifestando minha opnião e
que,
não necessariamente, a mesma vai ao encontro da opnião da instituição INEP e/ou
de outros
pesquisadores.
> > >
> > >
> > >
> > > 1 - Não há problemas, em princípio, em se unir notas
oriundas da TRI e TCM se o objetivo for classificar, dado que existe
concordância entre as duas teorias (do ponto de vista classificatório), em
muitos casos. Prefiro dizer, sem querer parecer presunçoso, que ou elas
concordam ou a TRI é melhor. Entretanto, particularmente, julgo ser melhor ter
notas oriundas somente via TRI. Inclusive há sugestões na literatura de como
analisar redações via TRI. Certamente, a logística envolvida seria de uma
dimensão
maior.
> > >
> > >
> > >
> > > 2 - Para mim é bastante lógico julgar que dois
indivíduos
que acertaram a mesma quantidade de questões, sendo que um acertou as mais
difícieis e o outros as mais fáceis, tenham notas diferentes. O lógico é pensar
que o primeiro acertou muito (ou tudo) escolhendo de modo aleatório e o outro
respondeu consoante seu conhecimento. Ou seja, a nota do segundo tem de ser
maior do que o primeiro. Isto a TCM não
faz.
> > >
> > >
> > > 3 - Até onde sei, numa prova de 40 questões corrigida
via
TCM, as notas variam de 0 a 40. Ou seja, 0 é a nota mínima. Porque não haveria
de existir uma nota mínima dentro do contexto da
TRI?
> > >
> > >
> > > 4 - Sem sombre de dúvida, a inserção de indivíduos
nas
Universidades é de suma importância nas vidas deles como também de seus
familiares (e da sociedade como um todo). Contudo, creio que a saúde de todos
nós, também o é. Particularmente, desconheço as nuâncias da grande maioria dos
exames médicos que fiz ao longo da minha vida. Certamente, não saberia explicar
como os resultados, de muitos deles, foram obtidos. Isso não invalida os
diagnósticos que recebi (ainda estou vivo) tampouco descredencia a utilização de
tais
ferramentas.
> > >
> > >
> > > Sem querer ser repetitivo, respeito a opnião de todos
os
colegas, não me julgo dono da verdade, tampouco um especialista na
TRI.
> > >
> > >
> > > Lembro-me de ter ouvido um "colega" chamar
a
TRI de
bruxaria. Certamente, ele tinha muito conhecimento acerca da TRI para fazer uma
crítica tão bem elaborada e
construtiva.
> > >
> > >
> > > Abraços a
todos,
> > >
> > >
> > >
Caio
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > > Céus! É muito pior do que eu
pensava!
> > >
> > >
> > > On Thu, 12 Jan 2012 18:16:07 -0200, Luiz Sergio
Vaz wrote
> > > > Boa
tarde.
> > >
> > > >
> > >
> > > > Sem
qualquer
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??¬Ã?â??intenÃ?Æ?Ã?§Ã?Æ?Ã?£o
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]polÃ?Æ?Ã?ÂticaÃ?¢ââ??¬ï¿½, mas
apenas a de contribuir com elementos para o debate, segue o entendimento de um
dos profissionais da imprensa sobre o ENEM e sobre o entendimento dele a
respeito das explicações teóricas (fonte: blog do Reinaldo Azevedo).
> > >
> > > >
> > >
>
> > > > Podemos ver o
email com enfoque no ENEM ou na forma como somos percebidos por quem não é da
área.
> > >
> > > >
> > >
> > > > Luiz
> > >
> > > >
> > >
> > > >
> > > > ----
> > >
> > > >
>
> >
> > De: Luis Paulo
Vieira
Braga
<lpbraga@im.ufrj.br>
> > > Para: Luiz
Sergio
Vaz <luizvaz@sarah.br>; "abe-l@ime.usp.br" <abe-l@ime.usp.br>
> > > Enviadas:
Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2012
18:41
> > > Assunto: Re:
[ABE-L]: Sobre o ENEM ou sobre nós
?
> > >
> > > >
> > > > O
Enem é uma
caixa-preta. O aluno jamais saberá por que tirou a pontuação X, Y ou Z. Sim,
claro, claro, há teorias que justificam e explicam os critérios adotados, todas
elas arcanas, inacessíveis aos candidatos.
>
> > >
> > > > Um
professor,
leitor deste blog, decidiu fazer a prova para, segundo diz, ter experiência
prática no assunto e poder orientar com propriedade os seus alunos. Ele entregou
dois gabaritos em branco. Mesmo assim, recebeu pontuação. Reproduzo o comentário
dele, com a resposta que lhe foi enviada pelo Inep(to). Leiam. Volto em
seguida.
> > >
> > > > Prezado
Reinaldo
Azevedo,
> > > > Escrevi uma carta para o MEC pedindo algumas
explicações
sobre um fato curioso na minha nota do Enem, como vocês podem observar. O texto
enviado ao Inep pode ser lido abaixo:
> > >
> > > > Ã?¢ââ??¬Ã?â??Bom
dia! Gostaria de obter um
esclarecimento. Sou professor e fiz o Enem 2011 para conhecer melhor a prova e,
dessa maneira, poder orientar os meus alunos. Compareci somente no segundo dia e
resolvi as provas, mas não passei nenhuma alternativa para o gabarito oficial.
Como vocês explicam o fato de eu ter obtido as notas abaixo mesmo sem ter
marcado nenhum item no gabarito oficial?
>
> > > > Número de inscrição no Enem 2011 -
11103751XXXX
> > > > Número do CPF - 598.301.XXX-XX
> > > > Segundo dia - Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias: 304.2 Presente
> > > > Segundo dia - Matemática e suas Tecnologias
321.6
Presente
> > > > Fico aguardando o contato de
vocês.
>
> > >
> > > > Alguém
do Enem me
respondeu da seguinte forma:
> > >
> > > > Prezado(a)
Sr(a)
Wagner Rodrigues Machado,
>
> > > > O protocolo de n° 7097XXX, foi
finalizado em
5/1/2012, às 11:16 pela área responsável.
> > > > [UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??¬Ã?â??Ã?Æ?ââ?¬Â°
comum buscarmos uma
correspondência entre a quantidade de acertos (Teoria Clássica) e a proficiência
pela Teoria de Resposta ao Item (TRI). Contudo, apesar de haver uma correlação
alta entre as duas teorias, essa correspondência não é exata. Na Teoria de
Resposta ao Item (TRI), o cálculo da proficiência leva em consideração uma
totalidade maior de informações extraídas a partir das respostas dos
participantes da avaliação: nível de dificuldade do item, a qualidade do item e,
sobretudo, a coerência entre o conjunto de itens que o participante acertou.
Outra confusão frequente refere-se a comparar o número de acertos de uma área do
conhecimento com o número de acertos em outra área. Ter acertado 40 itens em uma
área não significa ter uma proficiência maior do que em outra área cujo número
de acertos foi 35. Por serem áreas do conhecimento distintas, não é possível
fazer uma
relação
direta entre as escalas. Além disso, o número de itens por nível de dificuldade
faz a diferença, assim como as demais características psicométricas dos
itens.
> > > > O Enem não é pontuado de 0 a 1000 e sim da
nota
mínima e a nota máxima. O participante que comparecer ao local de prova e
assinar as listas necessárias já terá a média mínima. Lembramos que nenhum
participante, comparecendo ao local de prova e seguindo as instruções
necessárias, terá a nota menor que a média de cada
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?Æ?Ã?¡reaÃ?¢ââ??¬ï¿½.
>
> > >
> > > > Bom,
recebi a
explicação! No entanto, confesso que não entendi nada. Como uma pessoa que não
marca nada no gabarito pode ficar com a nota mínima? Estranho, não é
mesmo?
> > >
> > > > Isso
está
correto?
> > >
> > > > Voltei
> > > > Bem,
leitores, em
primeiríssimo lugar, vocês perceberam que parte da resposta não tem
rigorosamente nada a ver com a indagação feita pelo missivista. Trata-se de
explicar a suposta superioridade da chamada Teoria da Resposta ao Item (TRI) no
cotejo com a [UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??¬Ã?â??Teoria
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]ClÃ?Æ?Ã?¡ssicaÃ?¢ââ??¬ï¿½,
que aufere a quantidade de acertos. Entrar nesse mérito seria cair num debate
sem fim. Escolho, se for o caso, a
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??¬Ã?â??Teoria
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]ClÃ?Æ?Ã?¡ssicaÃ?¢ââ??¬ï¿½. Ela permite ao
candidato conhecer os
motivos de sua nota. Segundo o TRI, um candidato que tenha acertado um número
menor de questões pode ter uma pontuação superior à daquele que acertou mais.
Para que houvesse transparência,
seria
necessário divulgar o peso que teve cada item, as relações estabelecidas entre
elas etc. Entendo que é um direito dos candidatos conhecer os critérios pelos
quais estão sendo avaliados.
>
> > >
> > > > O
TRI, na forma
aplicada pelo Inep(to), se transformou numa licença para a discricionariedade. O
mesmo se diga das redações, cuja correção, já vimos, parece ser um exemplo de
falta de rigor e de critério. Tanto pior quando se constata que os temas e os
textos de referência escolhidos pelo Inep(to) valem por um verdadeiro filtro
ideológico. O aluno é convocado a dissertar sobre uma tese, não
sobre um tema.
> > >
> > > > Conversei
com
alguns especialistas em matemática, estatística em particular. É aceitável, dado
o TRI, que todo participante tenha, ao menos, a nota média de cada área como
nota mínima, mas é absolutamente inexplicável que alunos que tenham entregado o
gabarito em branco recebam essa nota mínima. Isso nada tem a ver com a Teoria de
Resposta ao Item. É apenas uma jabuticaba brasileira. A questão diz respeito
apenas ao processamento de dados e nada tem a ver com qualquer teoria
matemática.
> > >
> > > > Em
resumo
> > > > Fernando
Haddad
criou o maior vestibular do Brasil sob o pretexto de acabar com os vestibulares.
Não conseguiu, até agora, garantir nem mesmo o sigilo da prova. Ao contrário
até: ele já deu a entender que o considera impossível. O acesso de milhares de
alunos a uma vaga na universidade pública
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??‰â?¬ dada a forma
como se elaboram e como se corrigem os exames
[UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??‰â?¬ passa por
critérios que, ultrapassadas as barreiras ideológicas, são
insondáveis.
> > >
> > > > O
silêncio das
boas escolas particulares [UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??‰â?¬ refiro-me a
elas porque não
serão as públicas a protestar [UTF-8?][UTF-8?][UTF-8?]Ã?¢ââ??‰â?¬ chega a
ser
criminoso.
>
> > >
> > > > Uma
rosa é uma
rosa é uma rosa.
> > > > Um gabarito em branco é um gabarito em branco é um
gabarito
em branco.
> > >
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