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Assina ANDES! E outros pontos



Caros,

hoje foi um dia importante para a negociação dos servidores públicos pois 
dezoito categorias de servidores ligados à Condsef (Confederação dos 
Trabalhadores no Serviço Publico Federal) decidiram nesta terça-feira (28) 
aceitar a proposta de reposição de 15,8% escalonada em três anos, feita pelo 
governo, e encerrar a greve que já durava cerca de dois meses em todo o país. 
Esta mesma proposta já foi aceita pelos funcionários das universidades 
federais.

No caso desta greve iniciada pelo ANDES, há mais de três meses, já havia um 
grupo de trabalho constituído desde o ano passado(MEC, ANDES e PROIFES) 
cujos trabalhos deveriam terminar ao final de maio com uma proposta sobre a 
reestruturação da carreira docente federal com base na carreira do MCT. O 
problema todo foi que o ANDES, de forma unilateral, resolveu se retirar da 
mesa de negociação no dia 19 de maio, faltando 11 dias para terminar o prazo 
de um trabalho iniciado há um ano, e deflagrar uma greve, levando suas 
universidades filiadas a aderirem a mesma. Todos nós sabemos como acontecem 
estas assembléias convocadas para deflagrar uma greve... Ou seja, o ANDES 
desde o início estava mais interessado no confronto que em negociar, esta é 
que a verdade...Basta lembrar também da reunião no MEC em que os alunos que 
acompanhavam os representantes do ANDES quebraram a porta de vidro do 
ministério. Alguém acha que esta é a forma de se comportar quando se vai para 
uma negociação?

Por mais que o PROIFES seja chamado por alguns de governista, foi em função da 
continuidade de sua negociação com o governo que se chegou a um acordo para a 
reestruturação da carreira que considero satisfatória para este momento, visto 
que sairemos com um aumento que varia entre 25% e 45%, o que corresponde em 
média ao dobro que todos as outras categorias conseguiram do governo e, mesmo 
que se argumente que os professores  estavam com salários mais defasados que 
muitas categorias, não podemos negar que houve um claro avanço. 

Foi importante a medida tomada pelo IM-UFRJ de comunicar a reitoria da UFRJ 
que não concorda com a proposta do ANDES até porque convenhamos, defender um 
aumento a cada 2 anos baseado apenas no tempo de serviço é, no mínimo, um 
desrespeito a verdadeira carreira acadêmica e um incentivo a ociosidade.

Na vida tudo tem início, meio e fim. É assim quando se faz uma dissertação de 
mestrado, uma monografia de graduação e também precisa ser assim quando se faz 
uma greve. É impraticável a continuidade da greve. O momento impõe que se 
aceite a proposta apresentada, nitidamente mais abrangente e melhor do que a 
oferecida pelo governo e aceita pelas demais categorias. Isso não significa a 
aceitação do acordo como aquilo que queremos em definitivo para nossa 
carreira. Mas considerando o fato de que podem seguir adiante as discussões, 
em uma mesa permanente de negociação sobre nossa carreira, como proposto pelo 
PROIFES no acordo e aceito pelo governo, tenho a impressão que culminará com a 
equiparação total entre a categoria e o MCT em um futuro próximo. Que saibamos 
sair dessa luta com o entendimento de que o que conseguimos não foi o ideal, 
mas o possível neste momento. 

O governo estendeu até amanhã o prazo para que todas as categorias assinem o 
acordo, em função do orçamento da união. Caso o ANDES resolva não assinar 
conseguiremos também um acordo diferenciado em relação às outras categorias, 
só que teremos ZERO DE AUMENTO.

E convenhamos, argumentar que o governo vai perdoar a dívida de clubes de 
futebol e não tem dinheiro para dar um aumento maior a professores me parece 
descontextualizado. Eu sou contra o perdão destas dívidas que, em grande 
parte, se dá com o INSS porém, sejamos razoáveis, se o governo decidisse 
executar a dívida iriam a falência, só para citar o Rio, o Flamengo, o Vasco e 
o Botafogo e talvez o Fluminense(que tem a menor dívida). Vocês já imaginaram 
o Maracanã reformado para a copa, ao custo de 1 bilhão, virar um elefante 
branco por não haver time para jogar após a Copa? Alguém consegue imaginar o 
Rio sem o Cristo Redentor, Copacabana ou Flamengo, Vasco e Botafogo? E a 
história de nosso país, e Garrincha, Zico e Roberto Dinamite passariam a ter o 
título de craques falidos? Obviamente que se precisa chegar a um acordo para a 
renegociação destas dívidas para que não haja a execução das mesmas, apesar de 
já terem sido negociadas outras vezes. Mas se não se deve negociar com os 
clubes de futebol, porque se negociou outrora com os ruralistas e suas dívidas 
impagáveis, porque se criou o PROER para socorrer os banco na era FHC, etc, 
etc, etc...    

Acho que a palavra chave para tudo é NEGOCIAÇÃO.

Quanto a atratividade da carreira docente, não podemos pensar que ela se dá 
apenas pela questão salarial, pois existem outros pontos como a participação 
em projetos de pesquisa e extensão(muitos deles remunerados), em consultorias, 
cursos de pós com manutenção de salário e participação em congressos com 
passagens e diárias que tornam a carreira mais atrativa. Além disso, a 
carreira de professor universitário permite uma oportunidade de atuação em 
atividades de ensino, pesquisa e extensão que outras carreiras não permitem. 
Com todo o respeito e importância que todas as profissões tem, eu não deixaria 
de ser docente para passar a outra categoria federal apenas porque o salário é 
maior.

Além disso, mesmo com problemas que ainda possam existir, não podemos esquecer 
que houve uma melhora significativa na infraestrutura das universidades 
federais nos últimos 8 anos. Me detendo à UFRN, há 10 anos atrás dávamos aulas 
em salas quentes e a verba de custeio do Dep de Estatística não permitia nem a 
compra de cartucho de impressora. Hoje a verba de custeio é 3 ou 4 vezes maior 
o que permitu, por exemplo, que todas as salas do CCET(44) fossem  
climatizadas(todas com split). Além disso, projetos como o REUNI e recursos do 
PROINFRA permitiram, aqui no CCET, a construção de 2 anfiteatros para 200 
pesso e a melhoria de todas as instalações. Sem falar no aumento da quantidade 
e dos valores das bolsas de mestrado e IC que tornaram a UFRN bem mais 
atrativa aos alunos que entram agora para a graduação ou mestrado em 
Estatística.

É por tudo isto que estou muito feliz e realizado com a carreira que escolhi e 
a indico a qualquer pessoa que esteja pensando em fazer um concurso público e 
que se disponha a fazer mestrado e doutorado ou, preferencialmente, que já os 
tenha.

Que busquemos uma universidade cada vez melhor para todos e que estejamos 
sempre dispostos a NEGOCIAR!

Prof. Pledson Guedes de Medeiros 
Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN 
Fone: (84) 3215-3785 r39 ou (84) 3215-3716 r39; 
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