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Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo





Caros redistas
Há tempos não escrevo´para a rede.
Õ tema em discussão é mais de cunho social do que científico.
Em primeiro lugar gostaria de saudar o Marcelo Arruda e dizer-lhe que não deve se desculpar por opinar sobre um tema que julga polêmico. É dos temas polêmicos que nasce a luz; como dizia Nelson Rodrigues " Toda unanimidade é burra." Acho que o nooso amigo Fabio foi um pouco ligeiro ao expressar seu pensamento simplificando cousas sobre o uso da língua que são complexas. Há vários angulos de se abordar o problema. Foi mencionado o uso do inglês em títulos de ofertas , ou nome de firmas que se reproduzem de maneira assustadora. Não se trata somente da classe "c", pois se visitarem lojas nos shopping centers da elite vão verificar que esta prática é usual.Acho que nos sentimos um tanto colonizados pela grande potência do norte e dessa admiração surge esse uso. Assístí vários seminários do grupo de probabilidade que foram dados em português. No entanto, se há um ou mais visitantes tralhando com um grupo do IME e a maior parte da audiência é de pessoas que falam bem o inglês é natural que o palestrante de sua palestra em ingles, mas se o contrário for verdade acho que a palestra deve ser dada em português e o professor que convidou o visitante procure deve procura fazê-lo entender.Não se trata de cortesia sem levar em conta nossos alunos e professores.Quanto a elaboração de teses a medida delas deverem ser escritas em português é cartorial. Já tive muitas vezes nos orgãos de direção da USP oportunidade de defender esse ponto de vista. Essas normas arraigadas nas intituições levam muito tempo para serem modificadas.

 <caio@ime.usp.br>Citando Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br>:

A UFPE já permite a elaboração de dissertações e teses em inglês.

[  ]'s FC



2012/11/28 Fabio Machado <faprama@gmail.com>

Caros

   Desde sempre os seminários do grupo de Probabilidade e Processos
Estocásticos do IME-USP, tem sido em Inglês.
Isto ocorre por razões práticas: Na grande maioria das vezes ou o
apresentador não tem fluência em Português
ou ha convidados na platéia (professores ou pós-docs) que não tem
fluência em Português. No segundo caso
seria uma deselegância ter uma apresentação em uma língua que o(s)
convidado(s) não fosse(m) capaz de
acompanhar. Na ausência destes (casos bem raros) o apresentador opta
entre o Inglês e o Português. Já não se
trata de obrigatoriedade mas de simples uso do bom senso. Acho que
esta é a regra (sim, ha exceções!) nos grupos mais
fortes desta universidade.

   Por outro lado, lentamente a USP vai aceitando teses em Inglês.
Penso que em breve vai haver uma norma determinando
que tanto Inglês quanto Português são aceitáveis para a aulas (em
todos os níveis), documentos e apresentações em concursos
e todos os trabalhos de conclusão (TCCs, dissertações e teses). Os
ideais de boa redação precisariam valer para as duas línguas,
obviamente.

  Um pequeno mas importante passo para dar sentido ao uso da palavra
"internacionalização".

  Saudações






2012/11/27 Marcelo L. Arruda <mlarruda@terra.com.br>:
> Prezados,
>
>    Peço minhas desculpas por me intrometer nessa discussão, mas não
resisto
> a fazer um pequeno comentário:
>
>    Não é (no mínimo) estranho e contraditório que o mesmo Brasil (e de
certa
> forma a mesma "nova classe C") que não tem traquejo suficiente para se
> comunicar em inglês com outras nações, erga cada vez mais edifícios com
> nomes "xxx Building", "yyy Tower" ou "zzz Office", abra cada vez mais
lojas
> com nomes "aaa Shop" ou "bbb Store" (e com "for sale", "off price" e
> expressões quetais escritas em suas vitrines) e coloque no mundo cada vez
> mais crianças chamadas Maicon, Ketlen, Wesley, Jennifer etc.?
>
>    Sei que provavelmente estarei sendo polêmico mas, sinceramente,
enquanto
> o inglês estiver sendo usado mais para "macaqueamento" do que para um
real
> aculturamento, eu prefiro continuar ilhado na lusofonia...
>
> Marcelo
>
> ----- Original Message ----- From: "Cléber da Costa Figueiredo"
> <cfigueiredo@espm.br>
> To: "Vermelho" <vermelho2@gmail.com>; "Doris Fontes" <dsfontes@gmail.com
>
> Cc: "Francisco Cribari" <cribari@gmail.com>; "ABE Lista" <
abe-l@ime.usp.br>
> Sent: Tuesday, November 27, 2012 12:51 PM
> Subject: RES: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
>
>
>
> Legal, mas um problema que o Brasil sofre é o isolamento geográfico. É
claro
> que os cursos são ruins e tudo o mais. Concordo, mas a nossa nova Classe
C,
> mesmo que frequente cursos de idiomas, acaba por não ter onde "treinar".
É
> diferente do aluno europeu que de duas em duas horas está em um país
> diferente e possui contato com diversos idiomas e diversas culturas.
Embora
> o noticiário a todo o tempo diga que a brasileirada resolveu dar a volta
ao
> mundo em 80 dias, não é bem toda a brasileirada. A nova Classe C resolveu
> passear pelos países do Mercosul e a grande maioria está realizando o seu
> sonho americano de trazer pilhas de coisas dos EUA. Para comprar não
precisa
> saber nenhum idioma, basta saber digitar a senha do cartão de crédito.
>
> Por isso, que volto a dizer que o problema de países como China, Rússia,
> Brasil e outros tantos é o isolamento geográfico. São países que passaram
> muito tempo fechados em seus mundinhos e agora decidiram se
> internacionalizar e tem como empecilho o conhecimento da própria língua.
Ou
> vocês conhecem algum chinês que domine fluentemente o inglês e o francês,
> por exemplo? Conhecemos na academia um ou outro que se destaca, mas não
é o
> comum.
>
> O Brasil esteve muito tempo isolado do restante do mundo e esse é o
> principal motivo que faz com que poucas pessoas saibam se comunicar em um
> língua diferente da materna. Esse isolamento fica visível, quando você
> percebe que não consegue entender o português de Portugal.
>
> Não falamos a mesma língua que os portugueses? E porque o nosso português
> ainda é o português falado na época do descobrimento e não evoluiu como o
> português europeu, que se aproximou demais das estruturas, tanto
fonéticas
> como gramaticais, do francês?
>
> E a resposta de vocês será: NOSSAS ESCOLAS SÃO MUITO RUINS.
>
> É isso!
>
>
>
> ________________________________
> De: Vermelho [vermelho2@gmail.com]
> Enviado: terça-feira, 27 de novembro de 2012 11:50
> Para: Doris Fontes
> Cc: Francisco Cribari; ABE Lista
> Assunto: Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo
>
> Acho que precisamos, também, ter atenção em relação ao Português dos
nosso
> alunos de graduação, mestrado e doutorado, pois nas orientações um
trabalho
> árduo dos orientadores é corrigir texto.
> Na graduação a maior fonte de dúvidas dos alunos é por não ler direito os
> enunciados.
> Na graduação da ENCE temos português como matéria na grade.
>
>
> Em 26 de novembro de 2012 14:40, Doris Fontes
> <dsfontes@gmail.com<mailto:dsfontes@gmail.com>> escreveu:
> O que é preciso mudar é a QUALIDADE dos professores de inglês do EF e EM.
> Praticamente todos os alunos têm inglês e espanhol desde cedo. São anos
após
> anos tendo essas duas línguas sem, no entanto, aprender nada! É um
> desperdício de tempo dos alunos, dinheiro dos salários e venda de ilusão
> conteudista.
>
> Inglês é uma língua PRÁTICA: é possível de comunicar, mesmo que
> aos-trancos-e-barrancos, em quase todos os lugares do mundo. Para que
> inventar outra "moda"? Obrigar o mundo todo se comunicar em português?
> Francês? Japonês? Chinês? Qual língua?
>
> Meu filho tem 13 anos e já é, praticamente, fluente em inglês sem nunca
ter
> frequentado uma escola específica para isso. É só inglês do EF aliado ao
> interesse pessoal por livros, música, games e vídeos/filmes em inglês
(que
> ele já vê no original sem legenda).
>
> Enquanto o povo fica aí patinando e reclamando do inglês,
> estudantes/profissionais de outros países vão aprendendo e usufruindo o
que
> o mundo tem de melhor...
>
> Doris
>
>
>
> Em 26 de novembro de 2012 08:38, Vermelho
> <vermelho2@gmail.com<mailto:vermelho2@gmail.com>> escreveu:
> Os americanos, também, sofrem da mesma doença: acham que só existe o
inglês
> no mundo!
>
>
> Em 25 de novembro de 2012 17:59, Francisco Cribari
> <cribari@gmail.com<mailto:cribari@gmail.com>> escreveu:
>
> Folha de São Paulo, 25 de novembro de 2012
>
>
> LEANDRO TESSLER
>
> TENDÊNCIAS/DEBATES
>
> Nossas universidades precisam falar inglês
>
> A Argentina recebe mais alunos dos EUA do que nós... Temos a tradição de
> resistir a cursos em inglês na universidade, como se fosse uma questão de
> soberania
>
> Nosso ensino superior está se internacionalizando. É uma via virtuosa: as
> instituições se internacionalizam porque se qualificam e se qualificam
> porque se internacionalizam.
>
> Há um pequeno fluxo de estudantes de graduação europeus que passam alguns
> anos da sua formação em nossas melhores universidades em programas de
duplo
> diploma.
>
> Na pós-graduação, o Brasil é um destino importante para estudantes de
países
> vizinhos. O Brasil é extremamente atraente para eles: tem um sistema
> universitário desenvolvido; oferece formação de primeira linha; ao
contrário
> do que ocorre na maioria dos países, não cobra taxas ou mensalidades de
> nenhum estudante, brasileiro ou estrangeiro; há abundância de bolsas e
> oportunidades de financiamento. Falamos uma língua facilmente acessível
para
> quem fala espanhol.
>
> Mas os resultados atuais estão muito aquém do que poderiam ser.
>
> O Brasil ainda tem um número pequeno de universidades entre as 500
melhores
> do mundo. O número de alunos estrangeiros no Brasil é bastante reduzido.
Há
> mais estudantes norte-americanos na Argentina do que no Brasil. Isso se
deve
> à preferência dos estudantes por um país que fala espanhol, mas também
pela
> disponibilidade de programas de graduação em inglês.
>
> As universidades brasileiras deveriam considerar a possibilidade de
oferecer
> cursos superiores em inglês -de preferência até completos- juntamente
com o
> português.
>
> Na idade média, quando as universidades foram criadas, as pessoas cultas
se
> comunicavam em latim. Graças ao latim, um estudioso de Oxford ou de
Bolonha
> no século 12 podia trocar ideias com alguém de Salamanca ou da Sorbonne.
>
> Com o passar do tempo, o latim caiu em desuso e o inglês tomou conta do
> universo universitário. Atualmente não existe nenhuma conferência
> internacional importante que não adote o inglês como língua franca. É
> fundamental para o avanço do conhecimento que pesquisadores possam se
> comunicar e se fazer entender diretamente.
>
> Nós, brasileiros, historicamente temos resistido a introduzir o inglês
como
> língua de instrução nas nossas universidades.
>
> Há quem afirme que ensinar em inglês seria renunciar à soberania
nacional,
> como se a nossa nacionalidade estivesse estritamente associada a falar
> português. Não se tem notícia de que algum país não anglófono no qual há
> ensino superior em inglês (como Portugal, berço da língua portuguesa)
tenha
> renunciado a sua nacionalidade por isso.
>
> Outra posição recorrente é a do esforço: alguém realmente interessado em
> estudar no Brasil deveria aprender a língua.
>
> Em tese, isso está correto. Na prática, os estudantes preferem
dirigir-se a
> países onde as aulas são dadas em inglês. Eles sentem-se muito mais
seguros
> com a garantia de que a língua não será um problema para o
aproveitamento de
> sua estada.
>
> Na verdade, se ensinássemos regularmente em inglês estaríamos fazendo
muito
> mais pela divulgação e expansão da cultura brasileira e da língua
> portuguesa.
>
> Uma última objeção é que isso elitizaria ainda mais as já elitizadas
> universidades brasileiras. Isso talvez fosse correto se deixássemos de
> ensinar em português. No entanto, a coexistência de cursos em inglês e
> português ofereceria oportunidades para estudantes brasileiros conviverem
> com estrangeiros e aperfeiçoarem sua proficiência em inglês.
>
> Foi divulgado recentemente que no programa Ciência sem Fronteiras foram
> concedidas duas vezes mais bolsas para Portugal e Espanha do que para o
> Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália, onde se concentram as
melhores
> universidades do mundo.
>
> Isso só pode ser explicado pela deficiência na formação dos estudantes em
> inglês. É urgente mudar isso.
>
> Os primeiros passos para uma internacionalização efetiva do nosso ensino
> superior já foram dados. Falta sermos mais atraentes para estudantes de
todo
> o mundo, como somos atualmente para os estudantes latino-americanos.
Falta
> termos mais resultados de pesquisas publicados em inglês. Publicações
> acadêmicas em inglês atingem a um público muito maior e têm mais impacto
> sobre o desenvolvimento científico e cultural da humanidade.
>
> O Brasil tem tudo para se tornar um centro importante mundial de ensino
> superior. Precisamos saber aproveitar a oportunidade histórica.
>
> LEANDRO TESSLER, 50, é professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da
> Unicamp e assessor para internacionalização da universidade
>
>
>
> --
> Vermelho
> F.: (21) 2501 2332<tel:%2821%29%202501%202332> - casa
>           2142 0473 - IBGE
>
>
>
>
> --
> Vermelho
> F.: (21) 2501 2332 - casa
>           2142 0473 - IBGE
>



--
Fábio Prates Machado
Instituto de Matemática e Estatística
Universidade de São Paulo, Brasil.




--
Francisco Cribari-Neto, email: cribari@de.ufpe.br - "All theory, my friend,
is grey, but green is life's glad golden tree." --Goethe (Faust)