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Re: [ABE-L]: Lei de concursos nas federais
- Subject: Re: [ABE-L]: Lei de concursos nas federais
- From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
- Date: Sun, 24 Mar 2013 10:31:14 -0300
Caros,
Eu tinha dito que não iria mais entrar nesta discussão, pois isso faz tanto mal ao meu coração quanto à
minha consciência que durante 40 anos foi direcionada em prol da meritocracia acadêmica.
Sempre tive uma visão muito clara sobre a meritocracia acadêmica. Sem cabotinismo, apenas para
exemplificar: iniciei um processo de transformação do Departamento de Estatística da UFPE que
nos anos 70 era medíocre e hoje é um dos melhores do País.
Enfatizo que meu trabalho inicial foi impulsionado por outros jovens talentosos que eu convenci
a fazer concurso (com bancas sérias) como Klaus, Cribari, Audrey, Cysneiros, Getúlio e depois,
eles próprios, seguiram a mesma política e trouxeram outros jovens talentosos para nosso departamento
como Raydonal, Patrícia, Renato e Leandro e agora já estão surgindo outros jovens da 4a geração.
Entretanto, nas universidades federais, mesmo nos concursos com todos os candidatos doutores, já
observei casos, onde o melhor doutor não é aprovado por que não conta com a simpatia dos
cardeais locais. Alguns deles são tão mafiosos que manipulam a banca. Claro que são casos
excepcionais, mas eles existem.
Agora vem uma lei oriunda do MEC que só dará panos para mangas para processos de anulação
de concursos permitindo a inscrição de inúmeros candidatos mesmo aqueles sem pós-grduação.
Estima-se que se um concurso desse for feito no Centro de Informática da UFPE (conceito seis
na CAPES), irão se inscrever algumas centenas de candidatos. Estou curioso para saber
como eles irão formar a banca.
Na última semana encaminhei mais de 20 e-mails às autoridades da UFPE e por minha iniciativa
promovi uma reunião que durou 1h e 30 min com o Reitor, com todo o Centro de Ciências Exatas
e da Natureza que não aceita concurso sem que o requisito mínimo seja doutorado.
Construir um departamento pode levar décadas mas destruí-lo apenas algumas semanas.
Bom domingo para todos!
Gauss
Em 24 de março de 2013 10:17, Pledson Guedes de Medeiros
<pledson@ccet.ufrn.br> escreveu:
Caro Adelmo,
você está correto no sentido de que a titulação de doutor será, sem dúvida alguma, um diferencial para o candidato e, na maioria das federais, quem for doutor e tiver publicação só não será o aprovado se fizer uma prova escrita pior que um graduado o que, convenhamos, seria um caso atípico se tivermos uma banca criteriosa pois, se você pedir para o candidato definir espaço de probabilidade, por exemplo, é óbvio que um doutor ou mestre em Estatística terá condição de envolver conceitos de sigma-álgebra que um graduado não terá, por questões óbvias. Outra situação seria se o doutor fizesse uma prova didática desatrosa, aí já é uma coisa possível de acontecer pois já presenciei isto e com muita tristeza e decepção.
Quanto a exigência de doutorado ser eliminatória creio que não é possível pois, no momento que você aceita a inscrição de uma graduado para concorrer com um doutor, você não pode colocar um critério de eliminação pelo fato de alguém não ter um título todavia, para tudo tem solução, basta que se dê uma pontuação muito alta, na prova de título, para a titulação e, principalmente, para a publicação. Com isso, você teria um doutor com publicação que iria tirar 10,0 e o graduado praticamente com zero na prova de títulos. Outro detalhe é que a prova de título deveria passar a ter um peso diferenciado, talvez o mesmo ou maior que o da escrita...
O problema maior que vejo é que, em função da autonomia existente nas IFES, podemos ter universidades onde a regra para a contagem de pontos não favoreça a titulação. O Gauss repassou aqui na rede o caso da UFPB, onde um indivíduo que apenas tivesse dado aula teria uma nota maior que um indivíduo com doutorado e publicação aí, neste caso específico, trata-se de um problema local que poderá prejudicar a universidade como um todo. É por isto que sugiro que todos deem uma olhada urgentemente na regra vigente em sua universidade pois, após a realização do concurso, não há mais como reclamar...Eu mesmo farei questão de examinar isto com bastante cuidado na próxima reunião do CONSEPE na UFRN...
Já o inconveniente do aumento de inscritos, este não vejo como resolver mas apenas amenizar com uma prova escrita eliinatória e de correção criteriosa.
Prof. Pledson Guedes de Medeiros
Professor Associado
Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
Fone:
(84) 3215-3786
---------- Original Message
-----------
From: Adelmo Bertolde <
adelmoib@gmail.com>
To: Pledson Guedes de Medeiros <
pledson@ccet.ufrn.br>
Cc: Lista da ABE <
abe-l@ime.usp.br>
Sent: Sun, 24 Mar 2013 00:59:55 -0300
Subject: Re: [ABE-L]: Lei de concursos nas federais
> Pledson e demais,
>
> acrescentando, há inclusive uma nota
técnica do MEC esclarecendo esse ponto, sobre titulação, falando sobre a
autonomia de cada IFES.
>
> abco.
>
Adelmo
> ============
>
> Em 24 de março de 2013 00:39, Adelmo
Bertolde
<adelmoib@gmail.com> escreveu:
>
> Caro Predson e
demais,
>
> sem querer entrar no mérito dos comentários sobre corporativismo e etc,
mas,
>
> será que não estaria ocorrendo uma leitura equivocada do Art. 8 da Lei?
Lá
diz:
>
> Art. 8º O ingresso na Carreira
de
> Magistério Superior ocorrerá sempre
> no primeiro nível da
Classe de
> Professor Auxiliar, mediante
> aprovação em concurso
público de
>
provas e
títulos.
>
> § 1º No concurso público de
que
> trata o caput, será exigido o diploma
> de curso superior em
nível de
>
graduação.
>
> § 2º O concurso público
referido
> no caput poderá ser organizado em
> etapas, conforme
dispuser o edital
> de abertura do certame, que
> estabelecerá as
características de
>
cada etapa e os critérios
> eliminatórios e
classificatórios.
>
> Posso estar equivocado mas, me parece que os parágrafos 1 e 2 nao negam
a possibilidade de que um título de maior nível (mestrado ou doutorado) venha a
ser exigido como critério eliminatório em alguma
etapa.
>
>
abco.
>
Adelmo
>
>
>
>
> Em 24 de março de 2013 00:21, Pledson Guedes de Medeiros <pledson@ccet.ufrn.br> escreveu:
>
>
>
> Caros,
>
> concordo o Vermelho de que esta lei, com certeza, partiu do ANDES(não
sei se com apoio do PROIFES) pois, se recordarmos bem, a proposta do ANDES na
greve do ano passado era de que a nova carreira deveria ter 13 níveis com
mudança automática a cada 2 anos e, além disso, sempre foi contra a GED e
sistemas de avaliações para progressão. Também concordo com o Gauss de que
muitos sindicatos são formados, em boa parte, por pessoas que não tem o mínimo
de compromisso com as universidades e, obviamente, suas reinvidicações sempre se
norteiam pelo corporativismo porém, se eles defendem estas propostas é porque,
como lembrou o Vermelho, em geral não nos dispomos a frequentar as assembleias e
a maioria dos que frequentam pensam assim...
>
> Ao meu ver o
maior problema aqui não está no fato de graduados poderem ser professores das
federais, pois as universidades tinham autonomia para fazer concurso para
auxiliar, que só exige esta titulação. O ponto levantado pelo Gauss que entendo
ser preocupante é o de que todos os concursos passam a exigir apenas o título de
graduado pois, aí sim, poderemos ter um problema de concursos com uma quantidade
muito grande de candidatos, o que tornaria determinados concursos inviáveis de
serem realizados, pois existem universidades federais onde todos os candidatos
devem passar por todas as etapas do concurso e, neste caso, imaginem assistir a
aula de vários candidatos.
> Bom, como sou
representante do CCET no CONSEPE da UFRN, entendo que existem medidas que podem
ser tomadas para se evitar o pior:
>
> 1. Garantir que a prova
escrita seja a primeira a ser realizada, seja eliminatória(o candidato reprovado
não poderia participar da prova didática e de títulos) e se tenha uma banca
formada por professores criteriosos. Aqui na UFRN isto já acontece e faz com que
concursos com muitos inscritos tenham poucos fazendo a prova didática.
O desconforto com esta lei é que passaremos a ter é a correção de
um número bem maior de provas escritas, porém o pior é se todos fizerem provas
didáticas...
>
> 2. Rever imediatamente a resolução da
universidade para garantir que a titulação e, principalmente, que a publicação
seja um fator diferencial na prova de títulos. Este caso da UFPB, por exemplo,
me parece que se trata de uma situação local e de fácil resolução, basta que o
CONSEPE de lá mude a resolução de contagem de pontos.
>
> Bom, o
ideal era que esta lei de concursos não fosse desta forma e voltasse para a
universidade a decisão da exigência de titulação de cada concurso, porém nem
tudo está perdido pois o CONSEPE das universidades é formado por pró-reitores,
diretores e representantes de centro e, em geral, se dá prioridade ao mérito
acadêmico e se tem autonomia para definir os pontos que coloquei acima. Sugiro
então que cada um converse com seus representantes no CONSEPE para alertá-los
das mudanças que possivelmente precisem ser feitas na resolução de concursos de
sua
universidade...
>
> Prof. Pledson Guedes de Medeiros
> Professor
Associado
> Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
> Fone: (84) 3215-3786
>
> ---------- Original
Message -----------
> From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
>
To: Carlos Pereira <cadebp@gmail.com>, Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>
>
Cc: Vermelho <vermelho2@gmail.com>, Maria Eulalia Vares <eulalia@im.ufrj.br>
> Sent: Sat, 23 Mar 2013 19:07:18 -0300
>
Subject: Re: [ABE-L]: O MEC e o Papa
>
> > Caro Vermelho,
> >
> > No meu entender, a ANDES é dominada por um grupelho
formado por políticos
> > do PSOL, PSTU e do PC do B e uma parcela
minoritária do PT que tenta nivelar
>
> por baixo a universidade brasileira, o que é uma afronta a pluralidade da
nossa
> > instituição. Existem essas associações nas universidades
americanas?
> > nas europeias? Que eu saiba, não.
> >
>
> Para mim a maioria dos "militantes" da ANDES são improdutivos e
muito
> > poucos são comprometidos com a academia e a pesquisa
acadêmica.
> >
> > Como não tenho medo de pessoas e sempre
digo o que penso, minha resposta
>
> segue para a lista da ABE.
> >
> > Sds,
> >
> > Gauss
> >
> > Em 23 de março de 2013 18:39,
Carlos Pereira <cadebp@gmail.com> escreveu:
>
>
Deveriamos considerar a criação de
uma associação de pesquisadores e cientistas.
> > Nãpo deveriamos ter
apenas a associação de docentes.
>
> Um abraço
> > carlinhos
> >
> > 2013/3/23
Vermelho <vermelho2@gmail.com>
> >
Que eu saiba o ANDES e e PROIFES
sempre foram favoráveis a lei. Aliás estiveram por trás de sua criação.
>
> Será que não está na hora dos pesquisadores pensarem também na política e
entenderem que afinal é nela que as decisões são tomadas? Tapem os narizes e
vão
> > às assembleias.
> >
> > Em 23 de março de
2013 06:58, Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br> escreveu:
>
>
> >
Cara Maria,
> >
>
> Como sempre muito pertinente seus comentários. Essa famigerada lei será o
>
> segundo maior retrocesso científico causado nas universidades federais.
> >
> > O maior deles foi na gestão do Rubem Ludwig (no
início dos anos 80) que para
> > acabar com uma greve encontrou
algo estapafúrdio como saída: "todo aquele que
>
> tinha dado na sua vida alguma aula pode se tornar professor substituto ou
colaborador"
> > pode se efetivar SEM CONCURSO. À época centenas
de professores entraram sem
> > concurso e muitos deles nada fizeram
por suas instituições em termos de ensino
>
> e pesquisa durante décadas. Conheço vários casos na UFRJ e na UFPE.
> > E observem que o Rubem Ludwig (que Deus o tenha) era professor
do
> > Exército.
> >
> > Agora chegou a vez de
um completo inapto comandar o MEC.
>
> O que mais me espanta é que os sindicatos ANDES e PROIFES não tomaram
> > uma posição firme contra essa lei elaborada por eminências pardas
do MEC
> > no final do ano passado. Entretanto, com ela, tenho
certeza que muitos
>
> professores desqualificados entrarão nas federais, colocando-as de vez
> > no fundo do poço. Se nenhuma federal está situada entre as 400
melhores
> > do mundo, estimo que daqui a 10 anos, elas sequer
estarão entre as
>
> 1000 melhores.
> >
> > No CCEN da UFPE todos os
professores são contra - tivemos várias reuniões com
> > o Reitor -,
que nos prometeu tentar colocar o título de doutor como requisito
> >
mínimo em pelo menos nos melhores centros. Na semana passada conversei
>
> com ele pelo menos cinco vezes e expliquei o óbvio retrocesso que poderá
nos
> > acometer.
> >
> > Grande abraço,
> >
> > Gauss
> >
> > Em 23 de março de
2013 05:56, Maria Eulalia Vares <eulalia@im.ufrj.br> escreveu:
>
>
> >
> >
> > Gauss,
> >
> > Parece um triste retrocesso esta famigerada lei.
Será este
>
> o preço pago por (a) querer aumentar rapidamente o tamanho
> > do
sistema e (b) querer manter todo o sistema universitario
> > com
exatamente o mesmo regime? Deveria haver flexibilidade,
> > no mínimo.
Se os motivos forem algo nesta linha, o preço parece
>
> alto demais...
> >
> > Como iremos trazer de volta ao
país aqueles que saem para
> > obter o doutorado no exterior? Este
seria apenas um dos tantos
> > obstáculos colocados por esta lei para
o avanço da pesquisa
>
> de ponta nas universidades federais.
> >
> > Pode ser
que como tantas coisas esta lei não tenha vida longa...
> > Quem sabe
a visita ao novo PapO (que de acordo com o blog espanhol
> > nos
custou uma boa grana...) inspire o ministro a rever esta coisa.
>
> Podemos ter esperança que uma pressão grande poderia
> > levar a
revisão?
> >
> > Saudações,
> >
> >
Eulalia
> >
> >
> >
> >
---------- Original Message -----------
>
> From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
> > To: Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>
>
> Sent: Fri, 22 Mar 2013 22:47:34 -0300
>
> Subject: [ABE-L]: O MEC e o Papa
> >
> > > Caros,
> > >
> > > O MEC elaborou uma famigerada lei que
permite que apenas graduados (sem mestrado e
> > > doutorado)
possam entrar nas universidades federais. Quem é o Ministro?
>
> > O Sr. Mercadante.
> > >
> > > Agora ele
marca presença na comitiva da Sra. Dilma nos eventos comemorativos da posse
> > > do Papa torrando muitos recursos públicos. Será que
Mercadante irá rezar junto ao Papa
>
> > para melhorar a Educação do País. Em
> > >
> >
> http://www.implicante.org/blog/jornal-espanhol-se-assusta-com-o-quanto-dilma-gasta-dinheiro-do-brasileiro/
>
> >
> > > Apenas corroborando com os emails dos amigos
Carlinhos e Cribari.
> > >
> > > Boa noite!
>
> >
> > > Sds,
> > >
> > > Gauss
> > ------- End of Original Message -------
>
>
> >
> >
> >
> > --
> > Vermelho
> > F.: (21) 2501 2332 - casa
>
> 2142 0473 - IBGE
> >
> >
> > --
> > Carlos Alberto de
Bragança Pereira
> > http://www.ime.usp.br/~cpereira
>
> http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
> > Stat Department - Professor
> > University of São Paulo
>
> BioInfo: http://www.bioinfo.usp.br/
> > http://www.brastex.info/ebeb2012/
>
------- End of Original Message -------
>
>
> --
> Abraço.
>
=====================
> Adelmo Inácio
Bertolde
> Depto. de Estatística/UFES
> Vitória, ES
>
=====================
>
>
> --
>
Abraço.
> =====================
>
Adelmo
Inácio Bertolde
> Depto. de Estatística/UFES
> Vitória, ES
>
=====================
------- End of Original Message
-------