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Re: [ABE-L]: Lei de concursos nas federais



Caros,

Apenas para contribuir na discussão, no mesmo sentido que Adelmo chamou a atenção, seguem algumas informações levantadas por mim:

- "O MEC já se pronunciou quanto à sua interpretação na Nota Técnica no. 01/2013, especialmente no seu item 4, sobre a obrigatoriedade dos concursos serem feitos para a classe inicial de auxiliar. Nesse item, fica claro que as IFES podem “solicitar outros requisitos, como apresentação de títulos de Pós-Graduação, de acordo com o interesse da instituição”."
Ver item 4 da nota em http://www.editais.ufu.br/sites/editais.ufu.br/files/Nota_Tecnica_2013-01-SESu-SETEC-SAA-MEC.pdf

- Posição da Ampocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) sobre a nova lei http://lw135784823350ef1202.hospedagemdesites.ws/blog/?p=108
Um trecho desta última: “Em suma, sem prejuízo de perspectivas que se provem mais adequadas em situações específicas, conclui-se que o melhor a fazer é 1) diante da grande dificuldade de mudar uma Lei e da necessidade de fazer novos concursos a partir de 01 de março, o mais sensato é apoiar a interpretação da Nota Técnica no. 1 do MEC, no seu item 4. Pode-se argumentar que a Lei define apenas o requisito mínimo (título de graduação) mas em nenhum momento veda a exigência de títulos de pós-graduação para o ingresso na classe de professor auxiliar. E, mais ainda, que, no interesse do ensino superior e da pesquisa de qualidade no Brasil, está é a única interpretação cabível, conforme o próprio ministério fez em sua nota técnica.”

- Só para constar: A nova Lei 12.772/2012 pode ser acessada em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12772.htm
Em especial, o Cap II, Seção I, Art 8º e paragrafo 2º.

Fábio Bayer


Em 24 de março de 2013 10:31, Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br> escreveu:
Caros,

Eu tinha dito que não iria mais entrar nesta discussão, pois isso faz tanto mal ao meu coração quanto à 
minha consciência que durante 40 anos foi direcionada em prol da meritocracia acadêmica. 

Sempre tive uma visão muito clara sobre a meritocracia acadêmica. Sem cabotinismo, apenas para 
exemplificar: iniciei um processo de transformação do Departamento de Estatística da UFPE que 
nos anos 70 era medíocre e hoje é um dos melhores do País. 

Enfatizo que meu trabalho inicial foi impulsionado por outros jovens talentosos que eu convenci 
a fazer concurso  (com bancas sérias) como Klaus, Cribari, Audrey, Cysneiros, Getúlio e depois, 
eles próprios, seguiram a mesma política e trouxeram outros jovens talentosos para nosso departamento 
como Raydonal, Patrícia, Renato e Leandro e agora já estão surgindo outros jovens da 4a geração. 

Entretanto, nas universidades federais, mesmo nos concursos com  todos os candidatos doutores, já 
observei casos, onde o melhor doutor não é aprovado por que não conta com a simpatia dos 
cardeais locais. Alguns deles são tão mafiosos que manipulam a banca. Claro que são casos 
excepcionais, mas eles existem. 

Agora vem uma lei oriunda do MEC que só dará panos para mangas para processos de anulação
de concursos permitindo a inscrição de inúmeros candidatos mesmo aqueles sem pós-grduação. 

Estima-se que se um concurso desse for feito no Centro de Informática da UFPE (conceito seis
na CAPES), irão se inscrever algumas centenas de candidatos. Estou curioso para saber
como eles irão formar a banca. 

Na última semana encaminhei mais de 20 e-mails às autoridades da UFPE e por minha iniciativa 
promovi uma reunião que durou 1h e 30 min com o Reitor, com todo o Centro de Ciências Exatas 
e da Natureza que não aceita concurso sem que o requisito mínimo seja doutorado.

Construir um departamento pode levar décadas mas destruí-lo apenas algumas semanas. 

Bom domingo para todos!

Gauss



Em 24 de março de 2013 10:17, Pledson Guedes de Medeiros <pledson@ccet.ufrn.br> escreveu:

Caro Adelmo,

você está correto no sentido de que a titulação de doutor será, sem dúvida alguma, um diferencial para o candidato e, na maioria das federais, quem for doutor e tiver publicação só não será o aprovado se fizer uma prova escrita pior que um graduado o que, convenhamos, seria um caso atípico se tivermos uma banca criteriosa pois, se você pedir para o candidato definir espaço de probabilidade, por exemplo, é óbvio que um doutor ou mestre em Estatística terá condição de envolver conceitos de sigma-álgebra que um graduado não terá, por questões óbvias. Outra situação seria se o doutor fizesse uma prova didática desatrosa, aí já é uma coisa possível de acontecer pois já presenciei isto e com muita tristeza e decepção.

Quanto a exigência de doutorado ser eliminatória creio que não é possível pois, no momento que você aceita a inscrição de uma graduado para concorrer com um doutor, você não pode colocar um critério de eliminação pelo fato de alguém não ter um título todavia, para tudo tem solução, basta que se dê uma pontuação muito alta, na prova de título, para a titulação e, principalmente, para a publicação. Com isso, você teria um doutor com publicação que iria tirar 10,0 e o graduado praticamente com zero na prova de títulos. Outro detalhe é que a prova de título deveria passar a ter um peso diferenciado, talvez o mesmo ou maior que o da escrita...

O problema maior que vejo é que, em função da autonomia existente nas IFES, podemos ter universidades onde a regra para a contagem de pontos não favoreça a titulação. O Gauss repassou aqui na rede o caso da UFPB, onde um indivíduo que apenas tivesse dado aula teria uma nota maior que um indivíduo com doutorado e publicação aí, neste caso específico, trata-se de um problema local que poderá prejudicar a universidade como um todo. É por isto que sugiro que todos deem uma olhada urgentemente na regra vigente em sua universidade pois, após a realização do concurso, não há mais como reclamar...Eu mesmo farei questão de examinar isto com bastante cuidado na próxima reunião do CONSEPE na UFRN...

Já o inconveniente do aumento de inscritos, este não vejo como resolver mas apenas amenizar com uma prova escrita eliinatória e de correção criteriosa.


Prof. Pledson Guedes de Medeiros
Professor Associado
Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
Fone: (84) 3215-3786


---------- Original Message -----------
From: Adelmo Bertolde <adelmoib@gmail.com>
To: Pledson Guedes de Medeiros <pledson@ccet.ufrn.br>
Cc: Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>
Sent: Sun, 24 Mar 2013 00:59:55 -0300
Subject: Re: [ABE-L]: Lei de concursos nas federais

> Pledson e demais,
>
> acrescentando, há inclusive uma nota técnica do MEC esclarecendo esse ponto, sobre titulação, falando sobre a autonomia de cada IFES.
>
> abco.
> Adelmo
> ============
>
> Em 24 de março de 2013 00:39, Adelmo Bertolde <adelmoib@gmail.com> escreveu:
>

> Caro Predson e demais,
>  
> sem querer entrar no mérito dos comentários sobre corporativismo e etc, mas,
>  
> será que não estaria ocorrendo uma leitura equivocada do Art. 8 da Lei? Lá diz:
>  
> Art. 8º O ingresso na Carreira de
> Magistério Superior ocorrerá sempre
> no primeiro nível da Classe de
> Professor Auxiliar, mediante
> aprovação em concurso público de
> provas e títulos.

>  
> § 1º No concurso público de que
> trata o caput, será exigido o diploma
> de curso superior em nível de
> graduação.

>  
> § 2º O concurso público referido
> no caput poderá ser organizado em
> etapas, conforme dispuser o edital
> de abertura do certame, que
> estabelecerá as características de
> cada etapa e os critérios
> eliminatórios e classificatórios.

>  
> Posso estar equivocado mas, me parece que os parágrafos 1 e 2 nao negam a possibilidade de que um título de maior nível (mestrado ou doutorado) venha a ser exigido como critério eliminatório em alguma etapa.
>  
> abco.
> Adelmo
>
>  
>
>  
> Em 24 de março de 2013 00:21, Pledson Guedes de Medeiros <pledson@ccet.ufrn.br> escreveu:
>
>

>
> Caros,
>
> concordo o Vermelho de que esta lei, com certeza, partiu do ANDES(não sei se com apoio do PROIFES) pois, se recordarmos bem, a proposta do ANDES na greve do ano passado era de que a nova carreira deveria ter 13 níveis com mudança automática a cada 2 anos e, além disso, sempre foi contra a GED e sistemas de avaliações para progressão. Também concordo com o Gauss de que muitos sindicatos são formados, em boa parte, por pessoas que não tem o mínimo de compromisso com as universidades e, obviamente, suas reinvidicações sempre se norteiam pelo corporativismo porém, se eles defendem estas propostas é porque, como lembrou o Vermelho, em geral não nos dispomos a frequentar as assembleias e a maioria dos que frequentam pensam assim...
>
> Ao meu ver o maior problema aqui não está no fato de graduados poderem ser professores das federais, pois as universidades tinham autonomia para fazer concurso para auxiliar, que só exige esta titulação. O ponto levantado pelo Gauss que entendo ser preocupante é o de que todos os concursos passam a exigir apenas o título de graduado pois, aí sim, poderemos ter um problema de concursos com uma quantidade muito grande de candidatos, o que tornaria determinados concursos inviáveis de serem realizados, pois existem universidades federais onde todos os candidatos devem passar por todas as etapas do concurso e, neste caso, imaginem assistir a aula de vários candidatos.

> Bom, como sou representante do CCET no CONSEPE da UFRN, entendo que existem medidas que podem ser tomadas para se evitar o pior:
>
> 1. Garantir que a prova escrita seja a primeira a ser realizada, seja eliminatória(o candidato reprovado não poderia participar da prova didática e de títulos) e se tenha uma banca formada por professores criteriosos. Aqui na UFRN isto já acontece e faz com que concursos com muitos inscritos tenham poucos fazendo a prova didática.  O desconforto com esta lei é que passaremos a ter é a correção de um número bem maior de provas escritas, porém o pior é se todos fizerem provas didáticas...
>
> 2. Rever imediatamente a resolução da universidade para garantir que a titulação e, principalmente, que a publicação seja um fator diferencial na prova de títulos. Este caso da UFPB, por exemplo, me parece que se trata de uma situação local e de fácil resolução, basta que o CONSEPE de lá mude a resolução de contagem de pontos.
>
> Bom, o ideal era que esta lei de concursos não fosse desta forma e voltasse para a universidade a decisão da exigência de titulação de cada concurso, porém nem tudo está perdido pois o CONSEPE das universidades é formado por pró-reitores, diretores e representantes de centro e, em geral, se dá prioridade ao mérito acadêmico e se tem autonomia para definir os pontos que coloquei acima. Sugiro então que cada um converse com seus representantes no CONSEPE para alertá-los das mudanças que possivelmente precisem ser feitas na resolução de concursos de sua universidade...

>
> Prof. Pledson Guedes de Medeiros
> Professor Associado
> Sala 80 - Departamento de Estatística(DEST) - CCET - UFRN
> Fone: (84) 3215-3786
>
> ---------- Original Message -----------
> From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
> To: Carlos Pereira <cadebp@gmail.com>, Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>
> Cc: Vermelho <vermelho2@gmail.com>, Maria Eulalia Vares <eulalia@im.ufrj.br>
> Sent: Sat, 23 Mar 2013 19:07:18 -0300
> Subject: Re: [ABE-L]: O MEC e o Papa
>
> > Caro Vermelho,
> >
> > No meu entender, a ANDES é dominada por um grupelho formado por políticos 
> > do PSOL, PSTU e do PC do B e uma parcela minoritária do PT que tenta nivelar 
> > por baixo a universidade brasileira, o que é uma afronta a pluralidade da nossa 
> > instituição. Existem essas associações nas universidades americanas? 
> > nas europeias? Que eu saiba, não. 
> >
> > Para mim a maioria dos "militantes" da ANDES são improdutivos e muito 
> > poucos são comprometidos com a academia e a pesquisa acadêmica.  
> >
> > Como não tenho medo de pessoas e sempre digo o que penso, minha resposta 
> > segue para a lista da ABE.
> >
> > Sds,
> >
> > Gauss
> >
> > Em 23 de março de 2013 18:39, Carlos Pereira <cadebp@gmail.com> escreveu:
> >
Deveriamos considerar a criação de uma associação de pesquisadores e cientistas.
> > Nãpo deveriamos ter apenas a associação de docentes.
> > Um abraço
> > carlinhos
> >
> > 2013/3/23 Vermelho <vermelho2@gmail.com>
> >
Que eu saiba o ANDES e e PROIFES sempre foram favoráveis a lei. Aliás  estiveram por trás de sua criação.
> > Será que não está na hora dos pesquisadores pensarem também na política e entenderem que afinal é nela que as decisões são tomadas? Tapem os narizes e vão 
> > às assembleias.
> >
> > Em 23 de março de 2013 06:58, Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br> escreveu:
> >
> >
Cara Maria,
> >
> > Como sempre muito pertinente seus comentários. Essa famigerada lei será o
> > segundo maior retrocesso científico causado nas universidades federais.
> >
> > O maior deles foi na gestão do Rubem Ludwig  (no início dos anos 80) que para
> > acabar com uma greve encontrou algo estapafúrdio como saída: "todo aquele que 
> > tinha dado na sua vida alguma aula pode se tornar professor substituto ou colaborador"
> > pode se efetivar SEM CONCURSO. À época centenas de professores entraram sem 
> > concurso e muitos deles nada fizeram por suas instituições em termos de ensino
> > e pesquisa durante décadas. Conheço vários casos na UFRJ e na UFPE.
> > E observem que o Rubem Ludwig (que Deus o tenha) era  professor do 
> > Exército. 
> >
> > Agora chegou a vez de um completo inapto comandar o MEC. 
> > O que mais me espanta é que os sindicatos ANDES e PROIFES não tomaram 
> > uma posição firme contra essa lei elaborada por eminências pardas do MEC 
> > no final do ano passado. Entretanto, com ela, tenho certeza que muitos 
> > professores desqualificados entrarão nas federais, colocando-as de vez 
> > no fundo do poço. Se nenhuma federal está  situada entre as 400 melhores 
> > do mundo, estimo que daqui a 10 anos, elas sequer estarão entre as 
> > 1000 melhores.
> >
> > No CCEN da UFPE  todos os professores são contra - tivemos várias reuniões com 
> > o Reitor -, que nos prometeu tentar colocar o título de doutor como requisito
> > mínimo em pelo menos nos melhores centros. Na semana passada conversei
> > com ele pelo menos cinco vezes e expliquei o óbvio retrocesso que poderá nos 
> > acometer.  
> >
> > Grande abraço,
> >
> > Gauss
> >
> > Em 23 de março de 2013 05:56, Maria Eulalia Vares <eulalia@im.ufrj.br> escreveu:
> >
> >

> >
> > Gauss,
> >
> > Parece um triste retrocesso esta famigerada lei. Será este
> > o preço pago por (a) querer aumentar rapidamente o tamanho
> > do sistema e (b) querer manter todo o sistema universitario
> > com exatamente o mesmo regime? Deveria haver flexibilidade,
> > no mínimo. Se os motivos forem algo nesta linha, o preço parece
> > alto demais...
> >
> > Como iremos trazer de volta ao país aqueles que saem para
> > obter o doutorado no exterior? Este seria apenas um dos tantos
> > obstáculos colocados por esta lei para o avanço da pesquisa
> > de ponta nas universidades federais.
> >
> > Pode ser que como tantas coisas esta lei não tenha vida longa...
> > Quem sabe a visita ao novo PapO (que de acordo com o blog espanhol
> > nos custou uma boa grana...) inspire o ministro a rever esta coisa.
> > Podemos ter esperança que uma pressão grande poderia
> > levar a revisão? 
> >
> > Saudações,
> >
> > Eulalia
> >
> >
> >
> > ---------- Original Message -----------
> > From: Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br>
> > To: Lista da ABE <abe-l@ime.usp.br>
> > Sent: Fri, 22 Mar 2013 22:47:34 -0300
> > Subject: [ABE-L]: O MEC e o Papa
> >
> > > Caros,
> > >
> > > O MEC elaborou uma famigerada lei que permite que apenas graduados (sem mestrado e
> > > doutorado) possam entrar nas universidades federais. Quem é o Ministro?  
> > > O Sr. Mercadante.
> > >
> > > Agora ele marca presença na comitiva da Sra. Dilma nos eventos comemorativos da posse 
> > > do Papa torrando muitos recursos públicos. Será que Mercadante irá rezar junto ao Papa 
> > > para melhorar a Educação do País. Em 
> > >
> > > http://www.implicante.org/blog/jornal-espanhol-se-assusta-com-o-quanto-dilma-gasta-dinheiro-do-brasileiro/
> > >
> > > Apenas corroborando com os emails dos amigos Carlinhos e Cribari.
> > >
> > > Boa noite!
> > >
> > > Sds,
> > >
> > > Gauss 
> > ------- End of Original Message -------
> >

> >

> >

> >
> > --
> > Vermelho
> > F.: (21) 2501 2332 - casa
> >            2142 0473 - IBGE

> >

> >
> > --
> > Carlos Alberto de Bragança Pereira
> > http://www.ime.usp.br/~cpereira
> > http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR 
> > Stat Department - Professor
> > University of São Paulo
> > BioInfo: http://www.bioinfo.usp.br/
> > http://www.brastex.info/ebeb2012/

> ------- End of Original Message -------
>

>

> --
> Abraço.
>
=====================
>
Adelmo Inácio Bertolde
> Depto. de Estatística/UFES
> Vitória, ES
>
=====================

>

>
> --
> Abraço.
>
=====================
>
Adelmo Inácio Bertolde
> Depto. de Estatística/UFES
> Vitória, ES
>
=====================

------- End of Original Message -------




--
Fábio Bayer


"A big computer, a complex algorithm and a long time does not equal science." Robert Gentleman