[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Diversidade nos pontos de vista...



Oi Renato e demais colegas da ABE-L,

duas semanas atrás eu estive no congresso nacional de matemática aplicada
e computacional. Foi a primeira vez que participei oficialmente de um
evento não organizado pela ABE. Foi muito legal, ambiente amistoso para
troca de informações.

Um fato que me chamou a atenção foi a forma que a variabilidade em alguns
problemas foram modelados. São problemas que se fossem colocados para os
Estatísticos, poderíamos solucionar utilizando métodos conhecidos (não
necessariamente simples!). Mas notei que a abordagem dada pela matemática
aplicada e computacional passava por outros pontos de vista, diferentes da
abordagem probabilística. A utilização de autómatos celulares e lógica
fuzzy são uma delas. Notei também que a utilização de informação
especialista "a priori" foi de fundamental importância na solução dos
problemas. Claro, se a informação especialista for incorreta vale a
expressão "garbage in, garbage out" (de que vale uma excelente análise
estatística quando a amostra é de qualidade questionável?). Mas o foco era
que, utilizando informação especialista subjetiva, modelos podem ser
construídos (assumindo pressuposições) e soluções são propostas. Não se
cogitou desconsiderar informações "a priori" sobre o problema. Penso que
se estes pesquisadores buscassem uma solução "probability-based" eles
utilizariam a abordagem Bayesiana.

Desta experiência eu concluí que a forma que eu, Estatístico, abordo um
problema de análise de dados, é UMA das formas de solução de problemas,
não é ÚNICA e outras possibilidades podem gerar resultados relevantes para
a solução do problema. Também penso que esta possibilidade que questionar
pontos de vista deve prevalecer, o desenvolvimento da Ciência depende
disso. Porém, o respeito às diferenças dos pontos de vista é que garante
que este desenvolvimento seja saudável.

Um bom fim de semana a todos,

Afrânio Vieira.

> Pessoal,
>
> vamos nos lembrar que uma ciencia nao pode ser julgada pelo
> uso de suas teorias e metodos por alguns poucos indivíduos.
> OK, uma prova bayesiana sobre Deus. Engracada, curiosa e digna de
> aparecer na lista da ABE-L.
>
> Mas nao vamos comecar a pensar que este e' o tipo de atividade
> a qual se dedicam os bayesianos, em geral. Afinal, daqui a pouco, vamos
> achar que a fisica deve ser jogada fora por que existem pessoas que
> insistem em criar uma maquina de moto perpetuo (varias tentativas de
> patentear uma nos EUA) ou que a matematica e' um completo lixo por que
> alguns insistem em provar a quadradtura do circulo. E quem vai tracar a
> linha
> de quem e' matematico ou fisico de quem nao e'?
>
> Existem muitos exemplos, mais do que gostariamos de reconhecer, de gente
> abusando de estaistica, mentindo ou dizendo meias verdades. Isto nao nos
> impediu de seguir na carreira.
>
> Especialmente nos dias de  hoje, metodos bayesianos sao vistos por varios
> (e eu sou um deles)  como um ** metodo de analise de dados **
> (vejam o blog de Andrew Gelman). E essas pessoas foram convencidas a
> usar os metodos bayesianos nao com problemas de um unico parametro,
> com paradoxos logicos ou com questoes filosoficas pouco relevantes para a
> maioria dos cientistas. Os problemas sao grandes, com  muitos parametros,
> com muita incerteza, com muitas questoes de impacto vitais em jogo.
>
> E no dia em que outro metodo que produza resultados com melhor poder
> preditivo aparecer (MDL ??), mudo pra ele sem nenhum problema. Como
> dizia um amigo, meus principios filosoficos sao firmes, solidos,
> inabalaveis.
> Ja eu mesmo, nem tanto.
>
> Inte'
> Renato