[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: [ABE-L]: ainda com otimismo



Caro Luis Paulo:

Obrigado pela atencao que V. deu a minha mensagem, Como escrevi antes, nao 
tenho mais dados e vivencia para discutir o assunto e, portanto, minha 
mensagem carece de relevancia. Meu ponto principal foi o modelo geral de 
gestao do Brasil. A administracao centralizada no governo "federal", leva a 
alta ineficiencia. O governo em Brasilia deveria chamar-se nacional, que 
federal nao eh. Acho que muitas de nossas universidades poderiam ser 
melhores, muito melhores, se administradas localmente. A autonomia 
administrativa (e politica) das universidades, entao poderia ser uma 
realidade. Alias, acho que a sociedade poderia exercer um controle maior 
sobre as universidades. Que tal: universidades publicas estaduais, e um 
comite gestor  dessas universidades, por estado, com participacao efetiva de 
pessoas externas  `as universidades? Parte desse comite poderia ser eleito, 
diretamente. Claro, isso somente seria possivel se os estados administrassem 
diretamente suas proprias verbas. Nao eh o caso do Brasil, onde o governo 
nacional recolhe o grosso dos impostos e os distribui a seu talante. Nao 
tenho a menor esperanca de que isso mude, logo estou chovendo no molhado.

O Brasil, como qualquer outro pais, precisa de pesquisa, de geracao de 
patentes, da formacao de profissionais em grande numero e de qualidade. 
Universidade eh assunto muito serio. Eu nao deveria ter metido a colher na 
discussao. Minha manifestacao foi mais a de um cidadao do que a de um 
professor.

So mais uma coisa: pagar o mesmo salario para as mesmas funcoes tambem nao eh 
necessariamente boa coisa. Que eh a mesma funcao? Por que tenho de pagar a 
mesma quantia a um professor titular em engenharia e a  um outro, digamos, em 
musica, na mesma universidade? Isso deveria depender de muitos fatores: entre 
eles, a importancia relativa na politica da universidade, e dos departamentos 
ate, dessas posicoes. E por que tenho de pagar o mesmo para dois professores 
titulares de musica? Se um professor de regencia for mais do tipo de lider da 
bandinha infantil de uma escola, outro o lider da banda do Corpo de 
Fuzileiros Navais (eh uma banda importante; dela saiu o grande maestro 
Eleazar de Carvalho) e ainda um outro o Karajan, tenho de  remunera-los 
diferentemente. A nao fazer isso, a tendencia eh nivelar todos por baixo. O 
Karajan vai embora para a Filarmonica de Berlin, o Eleazar vai viver em 
Paris... ficara o regente da bandinha. Entropia eh cruel...

De novo, obrigado pela gentil atencao.

Abracos. 

On Sunday 25 November 2007 21:54:10 Luis Paulo Vieira Braga wrote:
> Prezado Prof.Jose Carvalho,
>
> Como sua mensagem ao Gauss foi publica, sinto-me a vontade para comentá-la,
> e o faço com uma pergunta. Por acaso a USP e a UNICAMP aboliram a isonomia
> ? Não! Então eu lamento dizer que a isonomia não é a causa do aparente
> fracasso das IFES. Aliás, isonomia não é pagar o mesmo salário para todo
> mundo e sim pagar o mesmo salário para as mesmas funções. Infelizmente as
> verbas que vão para as IFES também não são isonômicas, o orçamento das
> estaduais paulistas é mais da metade do orçamento de todas as IFES. Isso
> faz diferença, não é ? E, finalmente, a GED que foi criada na gestão do
> Paulo Renato trouxe uma idéia ruim e outra aproveitável. A ruim foi atentar
> contra a isonomia e a paridade com os aposentados. Acabou por se
> desmoralizar por completo à medida que 99% do docentes das IFES atingiram a
> pontuação máxima em dois anos de vigência. A aproveitável era a recuperação
> do relatório anual de atividades que havia caído em desuso. Infelizmente o
> governo Lula na campanha salarial anterior congelou a GED e desencorajou o
> relatório institucional. O sistema SIGMA que na UFRJ coletava estes dados
> registrou uma considerável diminuição de acessos de docentes para lançar
> suas realizações.
> Os problemas de gestão das IFES não provêm, segundo a opinião de quem está
> na lida, somente do corporativismo dos docentes da IFES. Mas das constantes
> intervenções políticas nas universidades federais desde 1968 até os dias de
> hoje. É até surpreendente que as IFES sejam, em geral, superiores às
> eficientemente gerida$ in$tituiçõe$ particulare$ de en$ino $uperior como a
> carioca Estácio e a paulista UNIP. Nelas não há corporativismo, até porque,
> contrariando a lei, não deixam os sindicatos funcionar. E, no entanto,
> salvo as exceções de algumas confessionais, a maioria patina nas avaliações
> institucionais.
>
> []´s
> On Sun, 25 Nov 2007 21:11:12 -0200, Jose Carvalho wrote
>
> > Gauss, meu amigo: na gestao do Paulo Renato, no MEC, o que eu vi,
> >  sobretudo, foi um esforco para avaliar as universidades e, em outra
> > linha, os docentes. Com isso, criar diferenciais que levassem a mais
> > esforco, melhor trabalho.  Um trabalho dificil, face - justamente -
> >  ao corporativismo, que reagiu fortemente. A ideia de remuneracoes
> > variaveis, resultante de alguma avaliacao, foi vivamente contestada
> > com base na estupida ideia de "isonomia"
> > (iguais proventos em todo Brasil, entre todos os docentes), algo que
> > so desestimula.
> >
> > Agora, confesso que estou afastado dessa "lida"; fico sabendo de
> > problemas gerenciais e politicos de universidades, sobretudo as
> > federais,  atraves de colegas. Contudo, ouso achar que uma coisa nao
> > mudou: o governo federal, centralizador, nao tem como bem gerenciar
> > as muitas dezenas de universidades que o povo sustenta sob
>
> sua "administracao".
>
> > Vi, aqui,congratulacoes dadas por uma classificacao (qual "o"
> > indice?) das 500 "melhores" universidades do mundo. Claro, deu USP e
> > Unicamp na cabeca... do Brasil... da America do Sul... la pelo lugar
> > 200, certo? Ah, que bom! Vc viu quantas universidades CHINESAS
> > estavam a frente de USP e Unicamp? E em lugares bem acima? A
> > classificacao nao e' causa para tanto brio. De todo modo, nao
> > espanta que, no Brasil, saiam USP e Unicamp a frente. O estado de
> > Sao Paulo poderia prescindir facilmente de IFES, com todo respeito a
> > UFSCar e a velha Paulista de Medicina. Ocorre simplesmente isto:
> > ainda que USP e Unicamp (e Unesp) sejam ja dificeis de tratar, do
> > ponto de vista do governo do estado, elas estao mais proximas, entre
> > si, e dos governantes (e talvez do proprio povo, seu cliente, sem
> > querer soar demagogico), que qualquer par de universidades federais.
> >
> > Desculpe a falta de acentuacao. Estou fora do Brasil, a maquina nao
> > e minha e o teclado eh desprovido de acentos...
> >
> > Abracos,
> >
> > Ze
> >
> > On Sunday 25 November 2007 11:13:49 gausscordeiro wrote:
> > > Caros Redistas,
> > >
> > > Meu email à rede da ABE sobre as federais tratou apenas
> > > de divulgar uma ata de reunião e, o mais importante,
> > > o seu pano de fundo era de otimismo e encorajamento aos
> > > alunos de doutorado de Estatística que assinam a rede,
> > > que agora poderão encontrar um mercado de trabalho nas
> > > federais por conta da maior oferta de vagas (devido ao
> > > REUNI).
> > >
> > > Lembo a todos que da segunda metade dos anos 90 ao início
> > > do ano 2000, por quase 6 anos, exportamos muitos doutores
> > > para fora do País, pois eles não tinham opção de trabalho
> > > nas federais. Pura desgraça do Ministro de Educação
> > > Paulo Renato que penalizou as federais duramente e só
> > > fez crescer exponencialmente as instituições de ensino
> > > superior privadas.
> > >
> > > Acredito que agora a situação melhorou para as federais.
> > > Em nenhum momento citei ou discuti o PROIFES.
> > >
> > > Na minha vida acadêmica sempre defendi a
> > > meritocracia e combati enormemente o
> > > corporativismo crônico reinante nas federais e
> > > em outras instutições públicas no País.
> > >
> > > Saudações domingueiras,
> > >
> > > Gauss Cordeiro
>
> Prof. Luis Paulo
> C.P. 2386
> 20001-970 Rio de Janeiro, RJ
>
> outros e-mails
>
> lpbraga@gbl.com.br
> bragaprof@gmail.com
>
>
> nosso BLOG
> http://observatoriodauniversidade.blogspot.com/