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RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
- Subject: RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
- From: Julio Stern <jmstern@hotmail.com>
- Date: Sun, 13 Nov 2011 00:57:42 +0000
Cara Danielle:
Os USA realmente tem muita coisa boa.
Fiz meu doutorado em Cornell, em Ithaca, NY. A escola publica que meus filhos la frequentaram era melhor que qq escola particular aqui em Sao Paulo.
Outra coisa que me deixou entusiasmado foi a participacao dos pais e da comunidade na gestao da escola: Todo mundo envolvido e ajudando como podia NOSSA escola.
De recursos financeiros a trbalho voluntario. Eh uma comprrensao pessoal e social da Res-Publica que esta muito, muito acima do que temos hoje no Brasil.
O recolnhecimento e a valorizacao do merito, em todas as areas, eh uma parte integrante e indissociavel desta visao de mundo, e a raiz da grande mobilidade social do (muito real) sonho Americano.
Aproveite ai as oportunidades, que eu curto aqui minha saudade de Ithaca...
---Julio
________________________________
> Date: Sat, 12 Nov 2011 16:32:54 -0800
> From: daniellesteffen@yahoo.com
> Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
> To: jmstern@hotmail.com; basilio@hucff.ufrj.br
> CC: cpereira@ime.usp.br; abe-l@ime.usp.br
>
> Prof. Julio,
>
> Nao me entenda mal. O sistema meritocratico americano eh invejavel.
> Estou vendo isso pessoalmente, com duas pessoas da familia (as outras
> duas ainda falta um tempo rsrs). A pilha de material de propaganda de
> colleges que minha filha mais velha vem recebendo desde marco, quando
> sairam as notas do PSAT, eh absurda. Dos colleges que ela almeja (os
> 30-40 melhores), todos mandaram material convidando-a a
> aplicar. Estamos no aguardo de respostas do Early, mas ela ja tem uma
> bolsa de $24,000 para o RIT (Rochester Institute of Technology), para
> qualquer curso que ela quiser, devido ao desempenho dela na high
> school.
>
> Isso eh admiravel. Nao consigo imaginar o Brasil com algo semelhante,
> num futuro tao proximo. As bolsas que as universidades (com tuitions
> carissimas) dao por aqui INCLUEM comida, moradia e livros, e algumas
> inclusive viagens para casa para visitar a familia. Uma universidade
> gratuita no Brasil NAO EH equivalente a isso. Fora que nao ha restricao
> aa moradia de familias nos alojamentos estudantis daqui (moramos em
> um), e principalmente, a jornada de trabalho para quem precisa
> sustentar uma casa enquanto estuda eh extremamente flexivel. Isso sim
> eh meritocracia.
>
> Esse sistema que eles montaram aqui (mesmo com a elite existente aqui),
> eh simplesmente admiravel. Ele consegue (claro que nao de maneira
> perfeitamente eficiente) alavancar pessoas com habilidades
> (intelectuais, artisticas, ate mesmo esportivas) para niveis que se
> essas mesmas pessoas tivessem nascido no Brasil, ou nao conseguiriam,
> ou seria extremamente dificil. E sinceramente, da pra melhorar, mas do
> jeito que esta, eh muito bom. Alias, conheco o sistema de ensino daqui
> inteiro por pedacos - do 5th grade ate o 12th, e alguma coisa do PhD
> (como mae e esposa de alunos, alem de participar de comissao de pais,
> etc, etc, como ja fazia no Brasil).
>
> Quero ver o dia que conseguiremos implementar algo similar no Brasil.
> Nao vejo perspectiva disso tao cedo.
>
> Abs,
> Danielle
>
> ________________________________
> De: Julio Stern <jmstern@hotmail.c
> Para: Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>
> Cc: Carlos Pereira <cpereira@ime.usp.br>; ABE Lista <abe-l@ime.usp.br>
> Enviadas: Sábado, 12 de Novembro de 2011 19:13
> Assunto: RE: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
>
>
>
> Caro Basilio:
>
> Sei muito bem a sua historia (da qual o Carlinhos conta um pouco em
> e-mail paralelo na rede). Quando falo da Real Familia (Orleans e)
> Braganca, estou so brincando com voces dois.
>
>
> Ademais, minha experiencia pessoal ensina que para crescer nesta vida,
> bencaos e maldicoes, dificuldade e facilidade, azar e sorte, tem que
> vir em equilibrio, na medida certa.
>
> Um caminho feito so de tristeza, destroi a alma; um caminho so de
> alegria, leva aa fraqueza.
>
> Uma vez escrevi com o Carlinhos um artigo sobre ciencia ambiental, onde
> eu nao conseguia entender porque os ratinhos obsevados em uma area
> contaminada apresentavam alguns indicadores melhores que os ratinhos de
> uma reserva ecologica.
>
> O Carlinhos matou a charada na hora:
> Eh o -efeito nordestino- ele disse: Os que sobrevivem, sao fortes!
>
>
> Cara Danielle:
>
> O melhor amigo do preconceito e a memoria curta e seletiva.
> A velha aristocracia do Mayflower, virou aristocracia 150 anos depois
> de chegar ao novo mundo.
> Na velha Inglaterra, o pessoal do Mayflower era apenas um bando de
> Puritanos e Protestantes desprezados pela velha aristocracia Anglicana
> de sangue azul.
>
> Mas a vida eh assim mesmo, Os caes ladram e a caravana passa...
>
> ---Julio
>
> Referencias
> A.M.S.Bueno, C.A.B.Pereira, M.N.Rabelo-Gay, J.M.Stern
> (2002). Environmental Genotoxicity Evaluation: Bayesian Approach for a
> Mixture Statistical Model. SERRA - Stochastic Environmental Research
> and Risk Assessment, 16, 267-278.
>
>
>
> ________________________________
> > Date: Sat, 12 Nov 2011 09:32:43 -0200
> > From: basilio@hucff.ufrj.br<mailto:basilio@hucff.ufrj.br>
> > To: jmstern@hotmail.com<mailto:jmstern@hotmail.com>
> > CC: cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>;
> abe-l@ime.usp.br<mailto:abe-l@ime.usp.br>
> > Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
> >
> > Caro Julio
> >
> > Com todo respeito de um Cristao Novo , Pereira, discordo de voce por
> > ter sentido na pele a discriminaçao no meu proprio trabalho por nao ser
> > da boa e velha familia. A meritocracia me fez ultrapassar aqueles que
> > discriminavam.
> > O que me desagrada é que existe uma falsa meritocracia , que nao ve
> > exatamente a boa formaçao academica e somente os resultados que na rede
> > da ABE se acordou chamar de "produtivistas"
> > No caso da estatistica isso pouco ocorre pois a maioria das nosssas
> > posgraduaçoes primam por uma boa formaçao mas em outras areas vejo
> > muito idiota passando por genio e formando mal os adeptos ( para nao
> > desfazer da palavra discipulo neste contexto)
> > O nosos amigo Jorge de Souza escreveu um texto muito bom sobre o
> > assunto criticando o ensino desde o primeiro grau ate o hoje
> > desvirtuado Pos Doutoramento que falsamente se convencionou considerar
> > um grau academico!!!!!
> > Vou tentar conseguir o texto e enviar a rede.
> > Abraço
> > Basilio
> >
> > Em 12 de novembro de 2011 08:10, Julio Stern
> >
> <jmstern@hotmail.com<mailto:jmstern@hotmail.com><mailto:jmstern@hotmail.com<mailto:jmstern@hotmail.com>>>
> escreveu:
> >
> >
> > Basilio:
> >
> > A distincao que voce faz eh importante.
> >
> > - Boa tecnica eh uma condicao necessaria mas nem de longe suficiente
> > para boa ciencia. (Idem para economia, e mais ainda filosofia)
> > O problema que o artigo sugere que se suplemente esta primeira
> > distincao com uma segunda distincao, baseada em uma qualificacao que
> > nao eh ad-res, mas ad-homine:
> >
> > - Aristocratas de boa e velha familia vs. intelectuais selecionados
> > por mecanismos que permitem alta mobilidade social.
> >
> > Considero ambas as distincoes elitistas mas, do meu ponto de vista
> > pessoal, a primeira eh altamente positiva e progressiva, enquanto a
> > segunda eh altamente negativa e retrograda.
> >
> > Sei que voce, Basilio, eh um representante da augusta e nobre familia
> > de-Braganca. Acho que tudo que seu maninho esta dizendo eh que pobres
> > plebeus como eu tambem podem chegar a merecer seu lugar ao sol... :-)
> >
> > Um abraco, ---Julio
> >
> >
> > ________________________________
> > > Date: Fri, 11 Nov 2011 20:49:54 -0200
> > > From:
> basilio@hucff.ufrj.br<mailto:basilio@hucff.ufrj.br><mailto:basilio@hucff.ufrj.br<mailto:basilio@hucff.ufrj.br>>
> > > To:
> cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>
> > > CC:
> abe-l@ime.usp.br<mailto:abe-l@ime.usp.br><mailto:abe-l@ime.usp.br<mailto:abe-l@ime.usp.br>>
> > > Subject: Re: [ABE-L]: A irresponsável meritocracia
> > >
> > > Caro irmao
> > > Voce tem razao nas duas coisas , o artigo tem preconceito e tambem
> > > (como no dialogo Frost/Nixon) vontade de derrubar.
> > > Entretanto temos que ver que a falta de humildade indicada muitas
> > > vezes ocorre.
> > > No caso de ciencia é preciso distinguir formaçao de pesquisadores com
> > > formaçao de produtores de artigos.
> > > Na matematica e estatistica é mais dificil publicar sem ser
> > > competencia, mas em todas asareas existem muitos ( poe muito nisso)
> > > docentes que nao se preocupam que o aluno tenha um minimo de
> > > raciocinio e competencia,. alem é claro de humildade para reconhecer
> > > suas deficiencias.Basta que resulte em artigos de suas dissertaçoes e
> > > teses .
> > > Me lembro de um comentario na politica : que é mais perigoso ter um
> > > politico mal intencionado e inteligente do que um burro.
> > > Basilio
> > >
> > > Em 11 de novembro de 2011 18:49,
> > >
> >
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>>>
> > escreveu:
> > > Caros redistas:
> > > Lendo o estadão de ontem fiquei muito incomodado, talvez indignado, com
> > > o teor do seguinte artigo. Será que entendi mal ou é mesmo uma
> > > reflexão preconceituosa?
> > > Vejam abaixo
> > >
> > > Carlinhos
> > >
> > > http://blogs.estadao.com.br/radar-global/12121/
> > >
> > >
> > >
> > > VISÃO GLOBAL: A irresponsável meritocracia
> > >
> > > Usando a inteligência para o próprio bem, a elite é responsável por
> > > levar-nos para o abismo nos últimos anos
> > > Por Ross Douthat ? New York Times*
> > >
> > > Esta é uma história sobre a promessa da América. Um menino cresce na
> > > zona rural de Illinois, neto de um agricultor que perdeu tudo na Grande
> > > Depressão. Ele frequenta a escola secundária da pequena cidade, depois
> > > cursa a universidade do Estado, onde é honrado com o título de membro
> > > Phi Beta Kappa (sociedade americana que congrega estudantes
> > > universitários que atingiram o mais alto nível nos estudos).
> > >
> > > Ele cumpre seu serviço militar, obtém seu MBA e depois vai trabalhar
> > > num dos bancos regionais do Meio Oeste. Numa era diferente, ele talvez
> > > permanecesse ali durante todo o restante de sua carreira. Mas o jovem
> > > teve a sorte de viver nas décadas de 60 e 70, exatamente quando a elite
> > > branca, protestante e anglo-saxã estava se dissipando e as grandes
> > > instituições da Costa Leste abriam suas portas para pessoas lutadoras
> > > de todos os lugares. Assim, nosso menino de uma fazenda de Illinois
> > > prossegue ascendendo na carreira.
> > >
> > > Ele muda para New Jersey e vai trabalhar no banco Goldman Sachs.
> > > Progride na carreira e se torna CEO da instituição e muitas vezes
> > > milionário. Entra na política, conquista um mandato no Senado e é
> > > eleito governador de New Jersey. Quando perde a disputa para sua
> > > reeleição como governador, retorna a Wall Street como diretor de uma
> > > empresa de serviços financeiros.
> > >
> > > Neste momento você pode ter percebido que estou falando de Jon Corzine.
> > > Neste caso, provavelmente sabe também que esta história inspiradora
> > > teve um final infeliz ? para New Jersey, que se deparou com um enorme
> > > desastre orçamentário quando Corzine deixou o cargo; para sua empresa
> > > de Wall Street, MF Global, que na semana passada pediu falência depois
> > > de perder US$ 600 milhões de clientes; e para o antigo menino da
> > > fazenda de Illinois, que renunciou na sexta-feira completamente
> > > desacreditado.
> > >
> > > Mas essa súbita queda não torna a história de vida de Jon Corzine menos
> > > emblemática da nossa era da meritocracia. De fato, sua ascensão,
> > > irresponsabilidade e ruína são uma coisa só. Há décadas os EUA vêm
> > > abrindo caminho no sentido de privilegiar seus jovens mais brilhantes e
> > > determinados, selecionando os melhores e mais brilhantes jovens de
> > > Illinois, Mississippi e Montana e colocando-os em funções de poder em
> > > Manhattan e Washington. Ao promover os filhos de agricultores e
> > > porteiros, como também advogados e corretores de bolsas, criamos o que
> > > parecia ser a elite mais trabalhadora e capaz, com um alto QI de toda a
> > > história da humanidade.
> > >
> > > Interesses. Mas nos últimos dez anos o que vimos foi esta mesma elite
> > > nos levar para o abismo ? principalmente por usar sua inteligência para
> > > seu próprio bem. Nas aristocracias hereditárias, as debacles costumam
> > > surgir com a estupidez e a obstinação. Nas meritocracias, contudo, é a
> > > própria inteligência de nossos líderes que cria os piores desastres.
> > > Convencidos de que suas capacidades pessoais conseguem fazer frente a
> > > qualquer tarefa ou desafio, os meritocratas assumem riscos que as
> > > elites menos brilhantes jamais contemplariam.
> > >
> > > Inevitavelmente, quanto maior o orgulho, maior o tombo. Robert McNamara
> > > e os meninos gênios da era do Vietnã achavam que conseguiram reduzir a
> > > guerra a uma ciência exata. Alan Greenspan e Robert Rubin pensavam ter
> > > feito o mesmo no tocante à economia global.
> > >
> > > Para os arquitetos da Guerra do Iraque, o Exército americano libertaria
> > > o Oriente Médio das ciladas da História; os artífices da União Europeia
> > > acreditavam que uma moeda comum faria o mesmo no caso da Europa. E para
> > > Jon Corzine sua sagacidade o capacitava a transformar uma corretora de
> > > segundo escalão numa próxima Goldman Sachs, investindo muito, apostando
> > > muito e esperando pelas recompensas.
> > >
> > > No lugar de meritocratas irresponsáveis, não precisamos de ignorantes
> > > incapazes, mas de líderes inteligentes que conhecem os próprios
> > > limites, pessoas experientes cujas vidas as ensinou o que é a
> > > prudência. Ainda necessitamos dos melhores e mais brilhantes, mas é
> > > preciso que eles, de alguma maneira, tenham aprendido ao longo da vida
> > > a ser mais humildes.
> > >
> > > *É COLUNISTA
> > > TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
> > >
> > >
> > > Carlos Alberto de Braganca Pereira
> > >
> >
> <cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br><mailto:cpereira@ime.usp.br<mailto:cpereira@ime.usp.br>>>>
> > >
> > >
> > >
> > > --
> > >
> > > Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> > > *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> > > *Titular Professor of Bioestatistics and of Applied Statistics
> > > *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> > > HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
> > >
> > > *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> > >
> >
> www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/><http://www.po.ufrj.br/basilio/>
> > >
> > > *MailAddress:
> > > COPPE/UFRJ
> > > Caixa Postal 68507
> > > CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> > > Brazil
> > >
> > >
> >
> >
> >
> >
> > --
> >
> > Basilio de Bragança Pereira ,DIC and PhD(Imperial College), DL(COPPE)
> > *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
> > *Titular Professor of Bioestatistics and of Applied Statistics
> > *FM-School of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
> > HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
> >
> > *Tel: 55 21 2562-7045/7047/2618/2558
> > www.po.ufrj.br/basilio/<http://www.po.ufrj.br/basilio/>
> >
> > *MailAddress:
> > COPPE/UFRJ
> > Caixa Postal 68507
> > CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
> > Brazil
> >
> >
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