Denise, bom dia.
A crítica não é em relação ao ENEM, em si, mas a quem o
gerencia, que permite vazamento de informações a todo ano, e ao Juiz Federal,
que se justificou dizendo que há distorções isonômicas.
De: Denise Britz do
Nascimento Silva [mailto:denisebritz@gmail.com]
Enviada em: quinta-feira, 5 de janeiro de 2012 18:26
Para: Luiz Sergio Vaz
Cc: Luis Paulo Vieira Braga; abe-l@ime.usp.br
Assunto: Re: RES: [ABE-L]: enem, tri e redação
não quero entrar no debate de defesa ou não do ENEM apesar
de achar que o estabelecimento de um sistema como este de avaliação único como
este vale a pena.
Acho que há vários pontos em que o ENEM pode melhorar mas
acho que é um avanço num bom caminho.
Quero apenas comentar sobre a prova de redação... os
comentários que Luiz e Luis fazem não deveriam ser colocados como crítica ao
ENEM (ou desfavorecimento do ENEM em comparação aos vestibulares isolados de
universidades e faculdades).
A correção da redação por 2 professores independentemente é
a forma aplicada por todos os exames ( eu acho... posso estar enganada). Pelo
menos era assim que ocorria com o vestibular ENCE-UNIRIO. Se a discrepância
entre as notas fosse maior que um certo valor, a redação era avaliada por mais
um professor.
Posso não estar atualizada sobre como o processo de correção
de redação é realizado nos diversos vestibulares vigentes.. qual seria a
forma de fazê-lo, então? Se esta não é boa.. qual seria a sugestão de melhoria?
Fico sempre preocupada em saber , quando fazemos
crítica a um processo de trabalho, se temos uma proposta de melhoria.
No caso da redação... qual seria a proposta?
Tenho que confessar que nunca pensei no assunto pois não
acho tão inadequado o procedimento utilizado no momento ( Pode até ser falta de
reflexão sobre o assunto...mas..)
Professor
Luís Paulo, muito bom o seu email. O incrível é que o juiz federal, um
profissional legalmente habilitado, reconhece que há distorções. Mas as deixa
passar porque são isonômicas! Agora, imaginem se, no lugar do ENEM, fosse a UTI
de um hospital, em que houvesse distorções isonômicas. Duvido que o juiz
federal se internaria lá.
Se é
perigoso pensar, pensem bem o risco de não pensar ?
Pronto.
Falei.
Abraços.
Luiz
De: Luis Paulo Vieira
Braga [mailto:lpbraga@im.ufrj.br]
Enviada em: quinta-feira, 5 de janeiro de 2012 10:52
Para: abe-l@ime.usp.br
Assunto: Re: RES: [ABE-L]: enem, tri e redação
O
estudante Michael Cerqueira de Oliveira, de SP, recorreu contra a anulação de
sua redação no ENEM. A Escola Lourenço Castanho onde ele estudou ajudou nos
procedimentos judiciais porque tratava-se do seu melhor aluno. Após
determinação judicial o MEC foi obrigado a fazer a revisão da prova,
procedimento que recusa sistematicamente. A nova banca deu 880 pontos em 1.000
para Michael que deseja estudar economia na UFRJ. Esse aluno pode ser vítima de
um caso raríssimo, ou a ponta do iceberg de um sistema de correção de redações
que vem sendo criticado por professores, alunos, especialistas e cidadãos.
Reservadamente um ex-coordenador de vestibular de uma IFE, confidenciou-me que
era uma temeridade corrigir as redações via internet por pares de professores.
As distorções seriam enormes. Mas o seu silêncio foi assegurado com uma licença
para fazer doutoramento... Ontem um juiz federal negou pedido do Procurador
Público do Estado do Ceará para desconsiderar as notas da redação no ENEM. Em
seu arrazoado considerou que as distorções eram isonômicas, portanto, não se
justificava a anulação dessa etapa...
Não considero que em um debate como esse somente pessoas qualificadas e
certificadas possam manifestar suas opiniões. Sem dúvida a execução de um
projeto de natureza estatística, ou a elaboração de um parecer judicial, são
prerrogativas dos profissionais legalmente habilitados para esse fim. É
portanto, surpreendente(ou não), alguém querer restringir a livre discussão, e
calar-se diante do exercício ilegal da profissão.
Como diz um colega meu, na academia é perigoso pensar!
Pensar ou falar? Pergunto eu.
Pensar, falar é mortal.Responde de pronto.
On Wed, 4 Jan 2012 14:13:47 -0200, Luiz
Sergio Vaz wrote
> Isso, sem falar no vazamento das questões. Para se ter uma idéia,
representantes do Greenpeace compararam o vazamento da bacia de Campos ao
vazamento das questões do ENEM. Veja você...
>
>
> De: Luis Paulo Vieira Braga [mailto:lpbraga@im.ufrj.br]
> Enviada em: quarta-feira, 4 de janeiro de 2012 12:02
> Para: abe-l@ime.usp.br
> Assunto: [ABE-L]: enem, tri e redação
>
> Colegas,
> Não há mais limites para os desmandos dos atuais dirigentes do MEC.
> Hoje em todo o Brasil estudantes vão protestar contra o ENEM.
> Leiam essa entrevista de um acadêmico que teve a coragem de dizer a
verdade, enquanto a maioria fica em silêncio:
> Mestre em Econometria pela London Business School e em Matemática pelo
IMPA, Leonardo Cordeiro endossa o argumento de que é um equívoco somar notas
com metodologias diferentes. Para ele, as soluções possíveis são usar a nota da
redação apenas com caráter eliminatório ou calcular as notas das provas
objetivas pelo percentual de acertos de cada candidato, descartando o TRI, como
era feito até 2008.
> — O que não se pode é misturar as duas medidas. Usar a nota da redação
combinada com a TRI provoca uma distorção matemática tão grande na
classificação que, em média, 40 a 50% dos alunos que poderiam ser aprovados
anteriormente deixariam de passar por esse cálculo. Ao misturar notas obtidas
por metodologias incompatíveis, o MEC compara "maçãs" com
"laranjas" — diz Cordeiro que foi professor de Finanças da London
School of Economics, na Inglaterra, por cinco anos.
> Na opinião de Cordeiro, a não divulgação das notas de todos os candidatos
fere os príncipios de transparência em concursos públicos. Para ele, se o MEC
divulgasse detalhes da metodologia empregada como os parâmetros estimados pela
TRI para cada item ou questão, seria possível recalcular a nota final obtida por
cada candidato:
> — Esses parâmetros são os de discriminação, de dificuldade e de acerto
casual. Como são parâmetros universais, a divulgação não fere princípios de
confindecialidade e certamente acalmaria os espíritos dos candidatos, que
poderiam confirmar a validade de suas notas.
>
> Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/vestibular/estudantes-protestam-nesta-quarta-por-mais-transparencia-no-enem-3562788#ixzz1iUshjA3G
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