Olá,
Concordo com o Vermelho em relação ao fato de que o INEP(órgão federal responsável pelo ENEM) é dirigido por pessoas sérias e que merecem nosso respeito, inclusive, temos estatísticos bastante conhecidos envolvidos no processo metodológico do ENEM, via TRI, e fazer críticas ao ENEM em uma comunidade estatística é, no mínimo, dar um tiro no pé, afinal a TRI é talvez a metodologia estatística que esteja mais em evidência, pois até no Jornal Nacional tivemos estatísticos falando sobre o assunto.
Em relação à crítica de que não faz sentido misturar o escore da parte objetiva com a correção de 2 professores da redação, esta me parece sem sentido pois, assim como observou a Denize, aqui na UFRN o processo de correção da redação é feito da mesma forma, ou seja, por 2 professores. A única diferença é que ao usar a TRI não fazemos a contagem do número de acertos da prova objetiva mas passamos a utilizar um escore obtido a partir de uma metodologia estatística, a TRI, que permite dar pesos diferentes a questões de grau de dificuldade diferentes. Peço desculpa aos amigos especialistas em TRI por estar me atrevendo a comentar um pouco sobre esta medologia, mas acho importante que as coisas fiquem claras pois, afinal, estamos em uma comunidade estatística e temos vários alunos que acessam estes e-mails, além de pessoas que estão sempre interessadas em adquirir novos conhecimentos.
Agora, se a intenção é fazer uma crítica política a adminitradores de órgãos públicos federais, sugiro então a leitura de PRIVATARIA TUCANA, este sim um livro bastante esclarecedor e elucidativo que aborda formas nefastas de se tratar e vender empresas estatais associado ao uso de offshores em paraisos fiscais retratando, de forma documental, uma época de administradores federais que, espero, nunca mais volte ao nosso país. Para os que estão interessados em dar uma conotação política ao debate, RECOMENDO...
Cordialmente,
Pledson
---------- Original Message
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From: Vermelho <vermelho2@gmail.com>
To: Denise Britz do Nascimento Silva <denisebritz@gmail.com>
Cc: Luiz Sergio Vaz <luizvaz@sarah.br>, Luis Paulo Vieira Braga
<lpbraga@im.ufrj.br>, "abe-l@ime.usp.br"
<abe-l@ime.usp.br>
Sent: Fri, 6 Jan 2012 08:51:38 -0200
Subject: Re: RES: [ABE-L]: enem, tri e redação
> Penso que a maioria das pessoas desta lista conhecem os atuais
dirigentes do INEP e sabem que são pessoas sérias.
> Agora, corrigir e
aprimorar continuamente os métodos faz parte do nosso trabalho como
Estatísticos. Sempre.
>
> Em 5 de janeiro de 2012 18:25, Denise
Britz do Nascimento Silva <denisebritz@gmail.com>
escreveu:
>
>
Caros
>
> não quero entrar no debate de defesa ou não do ENEM apesar de achar que
o estabelecimento de um sistema como este de avaliação único como este vale a
pena.
>
> Acho que há vários pontos em que o ENEM pode melhorar mas acho que é um
avanço num bom
caminho.
>
> Quero apenas comentar sobre a prova de redação... os comentários que
Luiz e Luis fazem não deveriam ser colocados como crítica ao ENEM (ou
desfavorecimento do ENEM em comparação aos vestibulares isolados de
universidades e
faculdades).
>
> A correção da redação por 2 professores independentemente é a forma
aplicada por todos os exames ( eu acho... posso estar enganada). Pelo menos era
assim que ocorria com o vestibular ENCE-UNIRIO. Se a discrepância entre as notas
fosse maior que um certo valor, a redação era avaliada por mais um
professor.
>
> Posso não estar atualizada sobre como o processo de correção de redação
é realizado nos diversos vestibulares vigentes.. qual seria a forma de fazê-lo,
então? Se esta não é boa.. qual seria a sugestão de
melhoria?
>
> Fico sempre preocupada em saber , quando fazemos crítica a um processo
de trabalho, se temos uma proposta de
melhoria.
> No caso da redação... qual seria a
proposta?
>
> Tenho que confessar que nunca pensei no assunto pois não acho tão
inadequado o procedimento utilizado no momento ( Pode até ser falta de reflexão
sobre o
assunto...mas..)
>
>
Abraços
>
Denise
>
> Em 5 de janeiro de 2012 11:37, Luiz Sergio Vaz <luizvaz@sarah.br>
escreveu:
>
>
>
> Professor
Luís Paulo, muito bom o seu email. O incrível é que o juiz federal, um
profissional legalmente habilitado, reconhece que há distorções. Mas as deixa
passar porque são isonômicas! Agora, imaginem se, no lugar do ENEM, fosse a UTI
de um hospital, em que houvesse distorções isonômicas. Duvido que o juiz federal
se internaria
lá.
>
> Se
é perigoso pensar, pensem bem o risco de não pensar
?
> Pronto.
Falei.
>
> Abraços.
> Luiz
>
>
>
> De: Luis
Paulo Vieira Braga [mailto:lpbraga@im.ufrj.br]
>
Enviada em: quinta-feira, 5 de janeiro de 2012 10:52
> Para:
abe-l@ime.usp.br
>
Assunto: Re: RES: [ABE-L]: enem, tri e
redação
>
>
> O estudante Michael Cerqueira de Oliveira, de SP, recorreu contra a
anulação de sua redação no ENEM. A Escola Lourenço Castanho onde ele estudou
ajudou nos procedimentos judiciais porque tratava-se do seu melhor aluno. Após
determinação judicial o MEC foi obrigado a fazer a revisão da prova,
procedimento que recusa sistematicamente. A nova banca deu 880 pontos em 1.000
para Michael que deseja estudar economia na UFRJ. Esse aluno pode ser vítima de
um caso raríssimo, ou a ponta do iceberg de um sistema de correção de redações
que vem sendo criticado por professores, alunos, especialistas e cidadãos.
Reservadamente um ex-coordenador de vestibular de uma IFE, confidenciou-me que
era uma temeridade corrigir as redações via internet por pares de professores.
As distorções seriam enormes. Mas o seu silêncio foi assegurado com uma licença
para fazer doutoramento... Ontem um juiz federal negou pedido do Procurador
Público do Estado do Ceará para desconsiderar as notas da redação no ENEM. Em
seu arrazoado considerou que as distorções eram isonômicas, portanto, não se
justificava a anulação dessa etapa...
>
> Não considero que em um
debate como esse somente pessoas qualificadas e certificadas possam manifestar
suas opiniões. Sem dúvida a execução de um projeto de natureza estatística, ou a
elaboração de um parecer judicial, são prerrogativas dos profissionais
legalmente habilitados para esse fim. É portanto, surpreendente(ou não), alguém
querer restringir a livre discussão, e calar-se diante do exercício ilegal da
profissão.
>
> Como diz um colega meu, na academia é perigoso
pensar!
> Pensar ou falar? Pergunto eu.
> Pensar, falar é
mortal.Responde de pronto.
>
> On
Wed, 4 Jan 2012 14:13:47 -0200, Luiz Sergio Vaz wrote
>
> Isso, sem falar no vazamento das questões. Para se ter uma idéia,
representantes do Greenpeace compararam o vazamento da bacia de Campos ao
vazamento das questões do ENEM. Veja você...
> >
> >
> > De: Luis Paulo Vieira Braga [mailto:lpbraga@im.ufrj.br]
>
> Enviada em: quarta-feira, 4 de janeiro de 2012 12:02
> >
Para: abe-l@ime.usp.br
> > Assunto: [ABE-L]:
enem, tri e redação
> >
>
> Colegas,
> > Não há mais limites para os desmandos dos atuais
dirigentes do MEC.
> > Hoje em todo o Brasil estudantes vão protestar
contra o ENEM.
> > Leiam essa entrevista de um acadêmico que teve a
coragem de dizer a verdade, enquanto a maioria fica em silêncio:
>
> Mestre em Econometria pela London Business School e em Matemática pelo
IMPA, Leonardo Cordeiro endossa o argumento de que é um equívoco somar notas com
metodologias diferentes. Para ele, as soluções possíveis são usar a nota da
redação apenas com caráter eliminatório ou calcular as notas das provas
objetivas pelo percentual de acertos de cada candidato, descartando o TRI, como
era feito até 2008.
>
> [WINDOWS-1252?]? O que não se pode é misturar as duas medidas. Usar a nota
da redação combinada com a TRI provoca uma distorção matemática tão grande na
classificação que, em média, 40 a 50% dos alunos que poderiam ser aprovados
anteriormente deixariam de passar por esse cálculo. Ao misturar notas obtidas
por metodologias incompatíveis, o MEC compara "maçãs" com
"laranjas" [WINDOWS-1252?]? diz Cordeiro que foi professor de Finanças
da London School of Economics, na Inglaterra, por cinco anos.
>
> Na opinião de Cordeiro, a não divulgação das notas de todos os candidatos
fere os príncipios de transparência em concursos públicos. Para ele, se o MEC
divulgasse detalhes da metodologia empregada como os parâmetros estimados pela
TRI para cada item ou questão, seria possível recalcular a nota final obtida por
cada candidato:
>
> [WINDOWS-1252?]? Esses parâmetros são os de discriminação, de dificuldade e
de acerto casual. Como são parâmetros universais, a divulgação não fere
princípios de confindecialidade e certamente acalmaria os espíritos dos
candidatos, que poderiam confirmar a validade de suas notas.
>
>
> > Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/vestibular/estudantes-protestam-nesta-quarta-por-mais-transparencia-no-enem-3562788#ixzz1iUshjA3G
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