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RES: Res: [ABE-L]: Um quarto de seculo!



Prezados colegas,

Sou graduada e mestre em Estatística e doutora em Educação. Tenho lecionado
Estatística aplicada à Psicologia, na maior parte de minha docência, embora
já tenha lecionado também para outros cursos da área de Exatas,Biológicas e
da Saúde.
Já acompanhei várias mudanças de currículo, e já constatei em anos
anteriores que muitos coordenadores de cursos, alunos e professores insistem
em não dar a devida importância para a Estatística, enquanto uma poderosa
ferramenta de trabalho para a análise de dados em sua área de conhecimento.
No curso de Psicologia em que leciono atualmente, tanto na graduação quanto
na pós-graduação, o foco está na avaliação psicológica, e além da utilização
de técnicas estatísticas em pesquisas empíricas, também é importante
trabalhar os conceitos estatísticos necessários para a Psicometria, para a
construção, validação e padronização de instrumentos de medida psicologia. A
Psicometria é lecionada no 3º semestre do curso. Neste caso é importante
trabalhar os conceitos básicos de Estatística no 2º semestre. Infelizmente
nossa grade não contempla uma segunda disciplina de Estatística, mais no
final do curso que dê conta de aprofundar os conhecimentos estatísticos
necessários para desenvolver pesquisas, por exemplo o Trabalho de Conclusão
de Curso.
Uma outra dificuldade é encontrar profissionais que dêem conta de falar a
mesma linguagem. A comunicação entre Estatísticos e pesquisadores de
diferentes áreas, e vice-versa com muita freqüência não é boa.
Entre estudantes, se observa, com freqüência, atitudes negativas em relação
à Estatística, e logo no início da disciplina o professor deve trabalhar
para que elas se modifiquem e se tornem mais positivas para que de fato
ocorra o ensino e a aprendizagem dessa disciplina. Muitas variáveis
interferem nesse processo, e além da discussão dos conteúdos a serem
ensinados é fundamental discutir também sobre essas várias para que sejam
utilizadas estratégias de ensino que realmente possibilitem a utilização
segura da Estatística no futuro profissional dos estudantes.
No entanto, a nossa luta deve continuar, no sentido de cada vez mais
aproximar os Estatísticos de estudantes e profissionais de outras áreas,
adequando os conteúdos às ênfases dadas a cada curso, os exemplos de
aplicação a serem utilizados e viabilizando a utilização de laboratórios de
informática para as aulas práticas.

Saudações a todos,


Profª Drª Claudette Maria Medeiros Vendramini
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Universidade São Francisco - Itatiba/SP
55 11 4534-8035 ou 55 11 4534-8040



-----Mensagem original-----
De: Basilio de Bragança Pereira [mailto:basilio@hucff.ufrj.br] 
Enviada em: terça-feira, 2 de junho de 2009 19:40
Para: Denismar Nogueira
Cc: abe-l@ime.usp.br
Assunto: Re: Res: [ABE-L]: Um quarto de seculo!

Caro Denismar
Minha experiencia e nao so na medicina onde estatistica e muito mais aceita 
por aparecer na maioria dos artigos medicos , mas tambem em geografia 
geologia , engenharia , nutricao.
Tome cuidado aos seguintes aspectos
1)Nao estar servindo de bucha de canhao e dando cursos quando os proprios 
medicos estao tirando o corpo fora e fazendo que voce faca , uma selecao 
preliminar dos alunos.
2)ao final do curso voce esteja repetindo tudo de novo , quando eles agora 
realmente estao interessados , e ja esqueceram o assunto. Voce neste final 
do curso por acaso ensina analise multivariada (PCA, Log linear models , 
factor analysis , cluster analysis, Bayesian statistics  etc) ou repete o 
curso dos primeiros anos? Com quatro cursos voce tem a obrigacao de chegar a

esses assuntos.
Basilio 

Denismar Nogueira Escreveu: 

> Uma
> experiência interessante. 
> 
> Trabalhei em uma faculdade particular lecionando estatística para o curso
de
> medicina. Desde muito tempo, existia uma briga enorme dos alunos para
retirarem
> a estatística do curso por acharem que não seria importante e pelo grande
> número de reprovados no primeiro semestre do curso. Depois de muita
conversa e
> com o intuito de melhorar o curso conseguimos aumentar a carga horária.
Como no
> curso de medicina o grande foco dos alunos é fazer a prova da residência,
> percebemos que cada vez mais esta exige conhecimento de bioestatística e
> epidemiologia. Desta forma colocamos estatística nos primeiros anos em
duas
> disciplinas e no quinto e sexto ano preparando-os para a residência.
Percebe-se
> claramente um amadurecimento dos alunos do início para os do fim do curso,
em
> todos os aspectos, facilitando e muito o aprendizado deles. Porem, a
> Estatística se faz necessária estar presente nos primeiros anos, pois
muitas
> disciplinas usam termos estatísticos nos seus conteúdos diários. Sei que
tenho
> uma experiência única, pois acabava lecionando quatro disciplinas de
conteúdo
> Estatístico dentro de um curso de medicina e que tive um resultado muito
> interessante. 
>  
> []s
>  
> Denismar A. Nogueira
> Prof. Adjunto
> Departamento de Ciências Exatas 
> Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-MG
> (35) 3299-1447  
> 
>  
> 
> 
> ________________________________
> De: Prof. Marinho G. Andrade Filho <marinho@icmc.usp.br>
> Para: Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br>
> Cc: silvia.shimakura@ufpr.br; abe-l@ime.usp.br
> Enviadas: Terça-feira, 2 de Junho de 2009 10:14:36
> Assunto: Re: [ABE-L]: Um quarto de seculo! 
> 
> Caro Basilio, 
> 
> Gostei muito da frase: 
> 
> "Variável aleatória para um matemático e apenas uma função mensurável,
para um estatístico é a alma de uma observação." 
> 
> Aqui no ICMC USP - São Carlos, nos confrontamos sempre com alguns
matemáticos afirmando que a estatística é só um (pequeno)
> ramo da matemática (segundo alguns, menor que a a álgebra). Esta semana eu
perguntei a alguns deles se eles já deram diploma
> de algebrista para alguém? ou se existe um bacharelado em álgebra? :-))) 
> 
> Abs.
> Marinho 
> 
> Basilio de Bragança Pereira escreveu:
>> Na minha experiencia , acho que o que atrapalha o ensino e portanto a
divulgacao da estatistica para outros profissionais e que disciplinas de
estatistica para outros cursos tem que ser lecionados nos anos finais do
cursos e nao nos primeiros anos como em geral e feito
>> Como ensinar uma metodologia cientifica como a estatistica se o individuo
nao sabe nada de sua profissao e ciencia.
>> Somente quando ele ja esta com algum conhecimento de sua profissao pode
aprender a utilidade dos metodos cienticos como a estatistica.
>> O problema e convencer os coordenqadores de outros cursos .
>> Como disse no passado estatistica nao e matematica , e nao pode ser
ensinada como matematica nos primeiros anos dos cursos. Nao estou dizendo
que o estatistico nao precisa saber matematica, mas apenas que e mais
dificil que matematica.
>> Novamente parafraseando um grande estatistico (Se nao me engano G Watson)
>> Variavel aleatoria para um matematico e apenas uma funcao mensuravel,
para um estatistico e a alma de uma observacao. Ou de outra forma: a
observacao e o nascimento de uma variavel aleatoria.
>> Basilio
>> +
>> Prof. Marinho G. Andrade Filho Escreveu:
>>> Caros,
>>> Acho muito difícil divulgar o potencial da estatística para outras áreas
quando nos currículos destas áreas, tais  como engenharias,
>>> biologia e outras, o pouco conteúdo de estatística que é ministrado tem
sido dado de forma diluída em algumas disciplinas destes curso,
>>> isso tem ocorrido com algumas engenhas ao ministrarem disciplinas de
confiabilidade e controle de qualidade.
>>> Como resultado se ver fragmento de estatística ministrada para esses
estudantes, em geral de forma superficial e por professores que mal
>>> conhecem meia dúzia de distribuições e nem, seque sabe fazer um teste t
para comparação de duas médias.
>>> Um caminho que acho interessante seria promover, para estudantes e
profissionais destas diferentes áreas, palestras e apresentações de
>>> aplicações da estatística de bom nível aos problemas destas áreas (porém
com uma visão mais aplicada do que teórica).
>>> Mas acho que a estatística no Brasil ainda é muito jovem, e precisamos
nos preocupar muito mais com a qualidade dos bacharelados e
>>> mestrados antes de pensarmos em outras áreas.
>>> Abs.
>>> Marinho
>>>  
>>> Silvia Emiko Shimakura escreveu:
>>>> Hedibert,
>>>> penso que temos que nos unir para que a Estatística no Brasil enquanto
>>>> conhecimento/área/profissão como um todo possa ter sua importância
>>>> reconhecida e admirada.
>>>> Acredito que todos que fazem uso da Estatística (com ou sem
carteirinha)
>>>> gostariam de receber um olhar de admiração e não de espanto ou de
>>>> interrogação ao citar sua profissão.
>>>> Nós da área sabemos o quanto somos "sexies" :-)
>>>> Auto-estima não nos falta...mas o mundo não sabe disso.
>>>> Volto a dizer...precisamos mesmo de um bom marketeiro.
>>>> Abs,
>>>> Silvia 
>>>> 
>>>>> Porque nao fazer isso sem o conre? Pelo que me lembro o conre exigia
>>>>> que somente estatisticos fizessem estatistica.  Tomara que tenham
>>>>> mudado, mas minha priori e' pouco credula nessa direcao.
>>>>> Abs,
>>>>> Hedibert
>>>>> On Jun 1, 2009, at 11:58 AM, "Silvia Emiko Shimakura"
>>>>> <silvia.shimakura@ufpr.br
>>>>>  > wrote: 
>>>>> 
>>>>>> Caros redistas,
>>>>>> como todos nós sabemos atrair bons alunos para a graduação em
>>>>>> Estatística
>>>>>> não é exatamente uma missão fácil. Penso que muito dessa
>>>>>> dificuldade pode
>>>>>> ser explicada pela falta de informação da sociedade em geral sobre
q
>>>>>> uais
>>>>>> são as competências deste profissional. Ninguém tem dúvida do que
>>>>>> pode
>>>>>> fazer um médico, um advogado, um engenheiro, mas quantos sabem o que
>>>>>>  faz
>>>>>> um Estatístico?
>>>>>> Minha sugestão é que a ABE lidere juntamente com o CONRE um movimen
>>>>>> to
>>>>>> AMPLO de divulgação das áreas de atuação de um profissional de
>>>>>> Estatística. Porque não torná-la uma profissão "sexy" já que é
>>>>>> isso mesmo
>>>>>> que ela é? Se até o Lula tem seu marketeiro por quê não a
>>>>>> Estatística?
>>>>>> Silvia
>>>>>> -- Profa. Silvia Shimakura, PhD
>>>>>> Laboratório de Estatística e Geoinformação
>>>>>> Universidade Federal do Paraná
>>>>>>   
>>>>>> 
>>>>   
>>>> 
>>> 
>>  
>> 
>> 
>> Basilio de Bragança Pereira
>> *Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
>> *FM-Faculty of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
>> HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
>> *UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
>> *Tel: (55 21) 2562-2594 or /2558/7045
>> www.po.ufrj.br/basilio/
>> *MailAddress:
>> COPPE/UFRJ
>> Caixa Postal 68507
>> CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
>> Brasil 
>> 
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Basilio de Bragança Pereira
*Titular Professor of  Bioestatistics and of Applied Statistics
*FM-Faculty of Medicine and COPPE-Posgraduate School of Engineering and
HUCFF-University Hospital Clementino Fraga Filho.
*UFRJ-Federal University of Rio de Janeiro
*Tel: (55 21) 2562-2594 or /2558/7045
www.po.ufrj.br/basilio/ 

*MailAddress:
COPPE/UFRJ
Caixa Postal 68507
CEP 21941-972 Rio de Janeiro,RJ
Brasil