A.1 Cálculo
Nesta seção, listamos de forma muito sucinta um conjunto de conceitos do Cálculo que suporemos como pré-requisito para todo o livro.
Sequências e séries
Dada uma sequência de números reais e , dizemos que quando , também denotado por se, para todos e existe tal que para todo . Se for óbvio que o índice em questão é e o ponto é , podemos escrever apenas omitindo o “quando ”. Também podemos omitir o “”, escrevendo apenas De forma similar, dizemos que se, para todo , existe tal que para todo . A definição de é análoga com . Se não for o caso que , escrevemos . Dizemos que converge se existe e é finito. Caso contrário, ou seja, se não existe ou é , dizemos que a sequência diverge.
Escrevemos ou para indicar que é não-decrescente, ou não-crescente, e . De forma análoga, escrevemos ou para limites infinitos. Salientamos que toda sequência monótona tem um limite, possivelmente infinito.
O limite satisfaz às seguintes propriedades. Se e , então para todo . Se para todo , e , então , onde pode ser um número real ou . Usando-se bisseção e essas propriedades, pode-se provar o seguinte.
Teorema A.1.
Sejam não-vazios tais que para todo e . Então existe tal que para todos e .
Dada uma sequência de números reais, definimos a série
como o limite das somas parciais, caso exista. Se ademais o limite for finito, diremos que a série converge. Caso contrário, dizemos que a série diverge. Observe que a soma de números não-negativos sempre está bem definida, podendo ser finita ou infinita.
Se converge, então e .
A série geométrica converge se , e neste caso ela converge para . A chamada -série, dada por , converge se, e somente se, . Veremos a justificativa mais adiante. O caso particular com se chama série harmônica, dada por , que diverge.
Dizemos que os termos são somáveis, e que a respectiva série é absolutamente convergente, se . Nesse caso, também converge. Se e , então os são somáveis.
Uma série é chamada série alternada se os sinais dos termos são alternados entre positivo e negativo. Se, ademais, , então a série alternada converge.
Se uma série é convergente mas não é absolutamente convergente, dizemos que ela é condicionalmente convergente. Um exemplo é a chamada série harmônica alternada, dada por ; essa série converge pelo parágrafo anterior, e ela é condicionalmente convergente pois .
Limites de funções
Sejam , onde é um intervalo aberto, e . Dizemos que se, para toda sequência em tal que para todo e , vale . Dizemos que ou se para toda sequência em tal que para todo e , vale . Definição análoga vale para .
Observação A.2.
Na definição de , podemos nos restringir às sequências tais que para todo e que , isto é, podemos supor que é monótona. ∎
De maneira similar, dizemos que se para qualquer sequência tal que , e tomamos definição análoga para .
Dizemos que é contínua em se . Dizemos que é contínua à direita em se , análogo para continuidade à esquerda. Dizemos que é contínua se é contínua em todo ponto de . Dizemos que é contínua por partes se, em cada intervalo finito, tem no máximo uma quantidade finita de pontos onde é descontínua e, nos pontos onde é descontínua, tem ambos os limites laterais definidos e finitos. Dizemos que é uma função-degrau se é contínua por partes e, em todo intervalo finito, assume apenas finitos valores.
Integral de Riemann
Seja e . Dizemos que a integral de Riemann de em é igual a , o que denotamos por
se, para todos e , existe tal que, para todo , para todos com , e para cada , vale que
O somatório na expressão acima é chamado soma de Riemann. Dizemos que é Riemann-integrável se existe tal que .
Teorema A.3.
Se é contínua, então é Riemann-integrável.
Teorema A.4.
Se é monótona, então é Riemann-integrável.
Teorema A.5.
Se é uma função Riemann-integrável e é uma função contínua por partes, então é Riemann-integrável.
Integrais impróprias e iteradas
Seja uma função não-negativa. Definimos as integrais impróprias
Dizemos que a integral imprópria é convergente se o limite correspondente existe e é finito.
As integrais impróprias podem ajudar a determinar se as respectivas séries são convergentes e vice-versa. Se é não-crescente e definimos , então a série converge se, e somente se, a integral converge. Como converge se, e somente se, , justificamos o critério de convergência da -série enunciado anteriormente.
Seja uma função não-negativa. Dizemos que é Riemann-integrável se, para qualquer escolha de , a integral iterada
está definida, é finita, e não depende da ordem de integração.