A.2 Expansão de Taylor

Nem todo curso de Cálculo inclui a expansão de Taylor. Faremos aqui uma breve exposição para preencher esta lacuna. Polinômios de Taylor serão usados em algumas passagens dos Capítulos 910 e no Apêndice B.

Teorema A.6 (Expansão de Taylor).

Sejam f:(a,b)f:(a,b)\to\mathbb{R} e z(a,b)z\in(a,b). Se ff for kk vezes derivável no ponto zz, então

f(z+h)=f(z)+f(z)h+12f′′(z)h2++1k!f(k)(z)hk+r(h),f(z+h)=f(z)+f^{\prime}(z)h+\tfrac{1}{2}f^{\prime\prime}(z)h^{2}+\dots+\tfrac{1% }{k!}f^{(k)}(z)h^{k}+r(h),

para todo hh tal que z+h(a,b)z+h\in(a,b), onde a função resto rr é tal que

r(h)hk0\frac{r(h)}{h^{k}}\to 0

quando h0h\to 0. Se f(k+1)f^{(k+1)} existe e é contínua em (a,b)(a,b), então

r(h)=f(k+1)(x)(k+1)!hk+1r(h)=\tfrac{f^{(k+1)}(x)}{(k+1)!}h^{k+1}

para algum xx entre zz e z+hz+h.

Para lembrar-se da fórmula, basta ignorar o resto e impor que o valor da função e das kk primeiras derivadas de ambos lados da equação coincidam no ponto h=0h=0. A última fórmula se chama resto de Lagrange.

Demonstração.

Veja que

r(h)=f(z+h)[f(z)+f(z)h+12f′′(z)h2++1k!f(k)(z)hk]r(h)=f(z+h)-\Big{[}f(z)+f^{\prime}(z)\cdot h+\tfrac{1}{2}f^{\prime\prime}(z)h^% {2}+\dots+\tfrac{1}{k!}f^{(k)}(z)h^{k}\Big{]}

satisfaz

r(0)=r(0)=r′′(0)==r(k)(0)=0.r(0)=r^{\prime}(0)=r^{\prime\prime}(0)=\dots=r^{(k)}(0)=0. (A.7)

Aplicando a regra de L’Hôpital k1k-1 vezes, obtemos

limh0r(h)hk=1k!limh0r(k1)(h)h=1k!r(k)(0)=0,\lim_{h\to 0}\frac{r(h)}{h^{k}}=\frac{1}{k!}\lim_{h\to 0}\frac{r^{(k-1)}(h)}{h% }=\frac{1}{k!}r^{(k)}(0)=0,

provando a primeira parte. Para a segunda parte, consideramos o caso h>0h>0, pois h<0h<0 é idêntico e h=0h=0 é trivial. Sejam MM^{\prime} e MM o mínimo e o máximo de r(k+1)r^{(k+1)} em [0,h][0,h]. Pelo Teorema do Valor Extremo, MM^{\prime} e MM são atingidos por r(k+1)r^{(k+1)} em pontos de [0,h][0,h]. Usando (A.7) e integrando k+1k+1 vezes, pela cota Mr(k+1)(s)MM^{\prime}\leqslant r^{(k+1)}(s)\leqslant M obtemos M(k+1)!hk+1r(h)MM^{\prime}\leqslant\frac{(k+1)!}{h^{k+1}}r(h)\leqslant M. Pelo Teorema do Valor Intermediário, existe t[0,h]t\in[0,h] tal que h(k+1)(t)=(k+1)!hk+1r(h)h^{(k+1)}(t)=\frac{(k+1)!}{h^{k+1}}r(h). Como f(k+1)(z+t)=h(k+1)(t)f^{(k+1)}(z+t)=h^{(k+1)}(t), isso conclui a prova. ∎