Sejam e variáveis aleatórias
definidas num mesmo espaço de probabilidade .
Definição 7.1(Convergência em probabilidade).
Dizemos que a sequência converge em probabilidade para , denotado por
,
se, para todo , vale
Exemplo 7.2.
Sejam variáveis aleatórias independentes, tais que .
Temos para que
e portanto .
∎
Exemplo 7.3.
Sejam variáveis aleatórias independentes, identicamente
distribuídas com distribuição e tome
Então
para todo , portanto .
∎
Exemplo 7.4(Onda dançante).
Sejam e a sequência de intervalos dada por .
Definimos as variáveis aleatórias , que assemelham-se a uma onda dançante (veja Figura 7.1).
Figura 7.1: Primeiros elementos do contra-exemplo da “onda dançante”.
À medida que cresce, os intervalos vão se tornando mais estreitos, de modo que dado qualquer ,
Podemos ordenar os pares da forma sequencialmente da seguinte maneira.
Para todo , existe um único par tal que .
Tomamos .
Assim, quando .
∎
No exemplo acima, para todo fixado, para infinitos valores de índices .
Com efeito, para cada existirá um único valor de tal que .
Ou seja, apesar de que .
Isto é, a convergência em probabilidade tem suas debilidades, o que nos motiva a fazer a próxima definição.
Definição 7.5(Convergência quase certa).
Dizemos que
converge quase certamente para ,
denotado por ,
se
A convergência quase certa é uma convergência pontual num conjunto de probabilidade , ou seja, para todo , exceto em um conjunto de probabilidade nula.
Por outro lado, convergência em probabilidade não diz respeito à convergência pontual.
Ela apenas afirma que, para valores grandes de , as variáveis e são aproximadamente iguais com probabilidade muito alta, conforme ilustrado no Exemplo 7.4.
Exemplo 7.6.
Sejam e a sequência de variáveis aleatórias dada por
. Afirmamos que .
Com efeito,
e, portanto, .
∎
Definição 7.7(Convergência em ).
Dado , dizemos que converge para em , que denotamos por , se para todo e
Exemplo 7.8(Da volta à onda dançante).
Seja a onda dançante definida no Exemplo 7.4, definimos a “onda dançante crescente” , onde , e definimos como a correspondente sequência, segundo o mesmo ordenamento feito no Exemplo 7.4.
Podemos observar que no caso , vale
logo quando .
Por outro lado, no caso , vale
portanto não converge para em quando .
∎
Proposição 7.9.
Se para algum , então .
Demonstração.
Pela Desigualdade de Lyapunov,
Definição 7.10(Convergência em distribuição).
Sejam e variáveis aleatórias, e suas respectivas funções de distribuição. Dizemos que converge para em distribuição, denotado por , se
para todo ponto de continuidade da função .
Exemplo 7.11.
Seja uma sequência de variáveis aleatórias com , neste caso
Além disso, assuma que , quando . Mostraremos que a sequência converge em distribuição para uma distribuição exponencial de parâmetro . Para todos e , podemos escrever
Agora, observando que
obtemos que quando para todo .
Como já sabemos, essa expressão é a da função de distribuição de uma variável exponencial de parâmetro .
∎
Exemplo 7.12.
Seja para e .
Então , embora .
Mas como não é ponto de continuidade de , isto não é problema.
∎
No exemplo acima, temos variáveis aleatórias degeneradas que assumem os valores e .
Qualquer critério de convergência minimamente razoável deveria incluir esse caso.
Por isso, não poderíamos pedir que nos pontos de descontinuidade de .
Gostaríamos de ressaltar que, na convergência em distribuição, não é necessário que as variáveis aleatórias e estejam definidas no mesmo espaço de probabilidade, pois essa noção de convergência leva em conta apenas as suas respectivas funções de distribuição.
Vejamos agora
um critério para a convergência em distribuição de variáveis aleatórias assumindo valores em .
Proposição 7.13.
Sejam e variáveis aleatórias tomando valores em .
Então se, e somente se,
para todo .
Demonstração.
Observemos que e para todo .
Supondo que para todo , isso nos dá para todo e, portanto, .
Reciprocamente, suponha que e seja .
Como são pontos de continuidade de ,
quando , concluindo a prova.
∎
Exemplo 7.14.
Sejam e variáveis aleatórias com e .
Conforme vimos na Seção 3.2, para todo .
Logo, pela Proposição 7.13, .
∎
Finalizamos esta seção discutindo a unicidade dos limites de sequências de variáveis aleatórias.
Se e , então , veremos a prova na Seção 7.4.
Se e quase certamente, em probabilidade ou em , então quase certamente, deixamos a prova como exercício.