Densidade condicional
Dadas duas variáveis aleatórias simples e ,
na seção anterior definimos a variável aleatória que assume o valor no evento .
Naquele contexto, o valor para tal que pode ser calculado a partir da distribuição condicional
(11.25)
como feito nas Seções 3.4 e 5.4.
Entretanto, quando é uma variável aleatória contínua, a fórmula (11.25) resulta na forma indeterminada .
Gostaríamos de poder definir de forma tal que permita recuperar as propriedades vistas na seção anterior.
Nesta seção consideraremos o caso em que e têm densidade conjunta.
Faremos uma apresentação informal buscando motivar as definições e propriedades mais importantes.
Uma justificativa mais rigorosa das propriedades aqui enunciadas será dada na Seção 11.6.
Por analogia a (11.14) definimos a densidade condicional de dado por
(11.26)
para todo tal que .
Para os pontos onde , definimos, por convenção .
Observe-se que, se multiplicamos a equação acima por , obtemos
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Ou seja, coerentemente com a ideia de que representa a probabilidade de estar em , aqui representa a probabilidade condicional de tal evento dado que está em .
A densidade condicional de dado define uma distribuição parametrizada por , à que chamamos distribuição condicional de dado , dada por
(11.27)
para todo intervalo .
Repare na semelhança com (11.19).
Assim como vimos no caso discreto, a distribuição conjunta de e , ou de isoladamente, pode ser calculada a partir dessa distribuição condicional, tomando-se a média sobre , isto é,
(11.28)
para quaisquer intervalos e , veja a semelhança com (11.21).
Observe que logramos obter expressões úteis envolvendo probabilidades condicionais, apesar de estarmos condicionando em um evento de medida zero.
Essas expressões justificam-se mutuamente, pois
(11.29)
.
Sejam e com densidade conjunta
Vamos determinar a densidade condicional de dado .
Primeiramente,
se e caso contrário.
Para , calculamos
Para , tomamos, por exemplo, .
∎
.
Sejam e com densidade conjunta
Vamos determinar a densidade condicional de dado .
Temos
para . Logo .
Assim, para temos
Uma situação muito comum na prática é quando são especificadas e .
Neste caso, podemos estudar a variável a partir de e da informação sobre como esta influencia aquela.
Mais precisamente, podemos usar
e
.
Sejam e variáveis aleatórias tais que e, condicionado a que , tem distribuição uniforme em .
Isto é,
Sendo assim, podemos calcular as densidades conjunta e marginal utilizando as fórmulas acima,
obtendo
e
para e zero caso contrário.
∎
.
Sejam e variáveis aleatória, onde e condicionado que , tem distribuição . Isto é, a densidade condicional é especificada e vale . Sendo assim, podemos determinar a densidade de como
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Isto é, .
∎
A partir da distribuição condicional de dado , podemos calcular a esperança condicional de dado .
Por analogia a (11.15), definimos
(11.34)
.
Se e são as variáveis do Exemplo 11.32, podemos calcular
o que já era de se esperar dado que, condicionado ao evento , a variável tem distribuição uniforme em .
∎
Como na seção anterior, definimos como a variável aleatória que toma valor no evento .
Observe que é uma variável aleatória que pode ser expressa como uma função de .
.
No Exemplo 11.31, calculemos e .
Considerando a densidade condicional já calculada no Exemplo 11.31, temos
Logo,
Como no Teorema 11.5, vale a propriedade da esperança iterada:
(11.37)
No contexto da seção anterior, esta fórmula toma a forma
enquanto que no contexto desta seção temos,
.
Continuando os Exemplos 11.32 e 11.35,