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MAT–2454: Soluções de Exercícios e de Provas

Seção 5.1 Primeira Prova

Exercícios Exercícios

1.

O valor da integral \(\displaystyle{\int_0^1 2x\left[\int_2^{2x^2} e^{-t^2}\,dt\right]\, dx}\) é
  1. \(\dfrac{e^{-4}-1}{4}\text{.}\)
  2. \(\dfrac{1-e}{2}\text{.}\)
  3. \(\dfrac{e-1}{2}\text{.}\)
  4. \(\dfrac{e^{-4}}{2}\text{.}\)
  5. \(\dfrac{1-e^{-4}}{4}\text{.}\)
Resposta.
Alternativa a.
Solução.
Usaremos aqui integração por parter, fazendo \(du=2x\) e \(v=\int_2^{2x^2} e^{-t^2}\,dt\text{,}\) donde \(u=x^2\) e \(dv=4xe^{-4x^4}\text{.}\) Assim,
\begin{align*} \int_0^1 2x\left[\int_2^{2x^2} e^{-t^2}\,dt\right]\, dx&=\left[x^2 \int_2^{2x^2} e^{-t^2}\,dt\right]_0^1-\int_0^1 (x^2)(4xe^{-4x^4})\, dx\\ &\stackrel{(\ast)}{=} 0-\int_0^{-4} \dfrac{e^{s}}{-4}\, dx\\ &=\dfrac{e^{-4}-1}{4}. \end{align*}
Em \((\ast)\) temos que o primeiro termo se anula devido ao primeiro fator quando \(x=0\) e devido ao segundo (extremos de integração coindicentes) quando \(x=1\text{.}\) Além disso, fazemos a mudança \(s=-4x^4\implies ds=-16x^3\, dx\) na segunda parcela.

2.

Considere a curva \(\gamma\colon\R\to\R^2\) dada por \(\gamma(t)=\big(t^2\cos(\pi t),t^2\sin(\pi t)\big)\text{.}\) Sabe-se que a trajetória de \(\gamma\) admite duas retas tangentes distintas no ponto \((4,0)\text{.}\) O produto escalar dos vetores tangentes à trajetória de \(\gamma\) neste ponto é igual a:
  1. \(0\text{.}\)
  2. \(-4(4\pi^2+4)\text{.}\)
  3. \(4(4\pi^2-4)\text{.}\)
  4. \(4(4\pi^2+4)\text{.}\)
  5. \(4(4-4\pi^2)\text{.}\)
Resposta.
Alternativa c.
Solução.
O ponto \((4,0)\) está na imagem da curva \(\gamma\) e é atingido quando \(t=\pm2\text{.}\) O vetor tangente em cada instante de tempo \(t\) é \(\gamma'(t)=\big(2t\cos(\pi t)-\pi t^2\sin(\pi t),2t\sin(\pi t)+\pi t^2\cos(\pi t)\big)\text{.}\) Calculando nos dois pontos temos \(\gamma'(2)=(4,4\pi)\) e \(\gamma'(-2)=(-4,4\pi)\text{.}\)
Logo, \(\big\langle\gamma'(2),\gamma'(-2)\big\rangle=4(4\pi^2-4)\text{.}\)
Apesar de desnecessário, segue um esboço da curva e os vetores tangentes pedidos:
described in detail following the image
A curva \(\gamma\) e suas duas tangentes em \((4,0)\text{.}\)
Figura 5.1.1. A curva \(\gamma\) e suas duas tangentes em \((4,0)\text{.}\)
Verifique o que acontece com a imagem da curva, pois aqui temos representado apenas o trecho para \(t\in[-\pi,\pi]\text{.}\)

3.

Seja \(F(x,y)=x^2y-5xy\text{.}\) Sabe-se que o plano tangente ao gráfico de \(F\) em um ponto \(\big(x_0,y_0,F(x_0,y_0)\big)\) tem equação \(-15x+50y-z-75=0\text{.}\) Nestas condições, a soma das coordenadas \(x_0+y_0\) é igual a:
  1. \(9\text{.}\)
  2. \(-4\text{.}\)
  3. \(10\text{.}\)
  4. \(11\text{.}\)
  5. \(0\text{.}\)
Resposta.
Alternativa b.
Solução.
Derivando \(F\) diretamente em \((x_0,y_0)\) temos \(F_x(x_0,y_0)=2x_0y_0-5y_0\) e \(F_y(x_0,y_0)=x^2_0-5x_0\text{.}\)
Da equação do planotangente no enunciado concluímos que \(F_x(x_0,y_0)=-15\) e \(F_y(x_0,y_0)=50\text{.}\) Com isso temos o sistema
\begin{equation*} \begin{cases} 2x_0y_0-5y_0&=15\\ x^2_0-5x_0&=50, \end{cases} \end{equation*}
cujas soluções são \(x_0=-5\) e \(y_0=1\) ou \(x_0=10\) e \(y_0=-1\text{.}\) Como o ponto \(\big(x0,y0,F(x0,y0)\big)\) pertence ao plano tangente, temos que \(-15x_0+50y_0-F(x_0,y_0)-75=0\text{,}\) que só é verificado por \(x_0=-5\) e \(y_0=1\text{,}\) donde \(x_0+y_0=-4\text{.}\)

4.

Seja \(f\colon\R^2\to\R\) dada por \(f(x,y)=e^{\alpha x}\sin(8\beta y)\text{,}\) onde \(\alpha\) e \(\beta\neq 0\) são números reais fixados. Suponha que, para todo \((x,y)\in\R^2\text{,}\) a função \(f\) satisfaça
\begin{equation*} \dfrac{\partial^2 f}{\partial x^2}(x,y)+2\dfrac{\partial^2 f}{\partial x\partial y}(x,y)-\dfrac{\partial^2 f}{\partial y^2}(x,y)=\dfrac{\partial f}{\partial x}(x,y)+\dfrac{\partial f}{\partial y}(x,y). \end{equation*}
Nestas condições o valor de \(\dfrac{\alpha^2}{\beta^2}\) é
Resposta.
\(64\)
Solução.
Calculando explicitamente as derivadas parciais de \(f\) que aparecem no enunciado, temos:
\begin{align*} \dfrac{\partial f}{\partial x}(x,y)=&\alpha e^{\alpha x}\sin(8\beta y)\\ \dfrac{\partial f}{\partial y}(x,y)=&8\beta e^{\alpha x}\cos(8\beta y)\\ \dfrac{\partial^2 f}{\partial x^2}(x,y)=&\alpha^2 e^{\alpha x}\sin(8\beta y)\\ \dfrac{\partial^2 f}{\partial x\partial y}(x,y)=& \dfrac{\partial f}{\partial x}\Big(\dfrac{\partial f}{\partial y}\Big)(x,y)=8\alpha\beta e^{\alpha x}\cos(8\beta y)\\ \dfrac{\partial^2 f}{\partial y^2}(x,y)=&-64\beta^2 e^{\alpha x}\sin(8\beta y) \end{align*}
Com isso, a equação do enunciado escreve-se como
\begin{equation*} \big(\alpha^2+64\beta^2-\alpha\big)e^{\alpha x}\sin(8\beta y)+\big(16\alpha\beta-8\beta\big)e^{\alpha x}\cos(8\beta y)=0, \end{equation*}
ou ainda, lembrando que \(e^{\alpha x}\neq 0\text{,}\)
\begin{equation*} \big(\alpha^2+64\beta^2-\alpha\big)\sin(8\beta y)+\big(16\alpha\beta-8\beta\big)\cos(8\beta y)=0. \end{equation*}
Esta equação vale para todos \((x,y)\in\R^2\) e, portanto, podemos atribuir valores convenientes a estas variáveis a fim de obter equações para \(\alpha\) e \(\beta\text{:}\)
\begin{align*} y=0\colon& 16\alpha\beta-8\beta=0\implies \alpha=\dfrac{1}{2};\\ y=\dfrac{\pi}{16\beta}\colon& \alpha^2+64\beta^2-\alpha=0\implies \beta^2=\dfrac{\alpha-\alpha^2}{64}=\dfrac{1}{256}. \end{align*}
Assim, \(\dfrac{\alpha^2}{\beta^2}=\dfrac{1/4}{1/256}=64\text{.}\)

5.

Seja \(f\colon\R\to\R\) uma função derivável até quarta ordem tal que
\begin{equation*} f(0) = -3,\quad f’(0) = 4,\quad f''(0) = 3\quad \mbox {e}\quad f'''(0) = 1. \end{equation*}
Suponha que \(f^{(4)}(x) = \sqrt {1+9x^4}\text{,}\) para todo \(x \in \mathbb {R}\text{.}\)
Usando o Polinômio de Taylor de ordem \(3\) de \(f\) em torno de \(x_0 = 0\text{,}\) obtemos a seguinte aproximação para \(f(1/2)\) com 5 casas decimais: \(\boxed{\phantom{-0,60417}}\text{.}\)
O erro cometido nesta aproximação pertence ao intervalo:
  1. \(\displaystyle (1/384, 5/1536);\)
  2. \(\displaystyle (1/480, 1/384);\)
  3. \(\displaystyle (1/600, 1/480);\)
  4. \(\displaystyle (1/750, 1/600);\)
  5. \(\displaystyle (5/1536, 25/6144).\)
Resposta.
\(-0,60147\)
Alternativa a.
Solução.
Com os dados fornecidos no enunciado recuperamos o polinômio de ordem \(3\) de \(f\text{,}\) centrado em \(x_0=0\text{:}\)
\begin{align*} P_3(x)&=f(0)+f'(0)(x-0)+\dfrac{f''(0)}{2}(x-0)^2 +\dfrac{f'''(0)}{3!}(x-0)^3\\ &=-3+4x+\dfrac{3x^2}{2}+\dfrac{x^3}{6}. \end{align*}
Substituindo então \(x=\dfrac{1}{2}\text{,}\) temos
\begin{equation*} f\big(\dfrac{1}{2}\big)\approx P_3\big(\dfrac{1}{2}\big)=-3+2+\dfrac{3}{8}+\dfrac{1}{48} =-\dfrac{29}{48}\approx -0.60147. \end{equation*}
A estimativa do erro na aproximação de \(f(x)\) pelo polinômio de Taylor de odem \(3\text{,}\) centrado em \(x_0\text{,}\) quando \(f\) é uma função que admite quarta derivada é dada por
\begin{equation*} E_3(x)=\dfrac{f^{(4)}(\overline{x})}{4!}(x-x_0)^4, \end{equation*}
com \(\overline{x}\) entre \(x\) e \(x_0\text{.}\) Neste exercício, a função é de classe \(\mathscr{C}^4\text{,}\) e essa expressão fica
\begin{equation*} E_3\big(\dfrac{1}{2}\big)= \dfrac{\sqrt{1+9\overline{x}^4}}{24}\big(\frac{1}{2}\big)^4= \dfrac{\sqrt{1+9\overline{x}^4}}{384}. \end{equation*}
Como \(0<\overline{x}<\dfrac{1}{2}\text{,}\) temos que \(\dfrac{1}{384}< E_3\big(\dfrac{1}{2}\big)< \dfrac{\sqrt{1+\frac{9}{16}}}{384}=\dfrac{5}{1536}\text{.}\)

6.

Seja \(f\colon\R^2\to\R\) uma função e defina \(g\colon\R^2\to\R\) por \(g(x,y) = \arctan \big(f(x,y)\big)\text{.}\) Suponha que os conjuntos
\begin{equation*} \big\{(x,y) \in \mathbb {R}^2\colon y = x^2\big\}\text{ e } \big\{ (x,y) \in \mathbb {R}^2\colon 0<x<1, xy = 1\big\} \end{equation*}
sejam as curvas de nível \(c=-1\) e \(c=0\text{,}\) respectivamente, de \(f\text{.}\)
Sobre o limite \(\lim \limits _{(x,y) \to (1,1)} g(x,y)\text{,}\) é correto afirmar que:
  1. o limite não existe.
  2. o limite existe e é igual a \(0\text{.}\)
  3. o limite existe e é igual a \(\pi/4\text{.}\)
  4. o limite existe e é igual a \(-\pi/4\text{.}\)
  5. o limite existe e é um número real, mas não temos informações suficientes para determinar seu valor.
  6. Não temos informações suficientes para determinar se o limite existe ou não.
Sobre o limite \(\lim \limits _{(x,y) \to (1,1)} g(x,x^2)+\dfrac {(x-1)^2}{(x-1)^2+y^2}g(x,y)\text{,}\) é correto afirmar que:
  1. o limite não existe.
  2. o limite existe e é igual a \(0\text{.}\)
  3. o limite existe e é igual a \(\pi/4\text{.}\)
  4. o limite existe e é igual a \(-\pi /4\text{.}\)
  5. o limite existe e é um número real, mas não temos informações suficientes para determinar seu valor.
  6. Não temos informações suficientes para determinar se o limite existe ou não.
Resposta.
Alternativa a.
Alternativa d.
Solução.
Para o primeiro limite observamos que a curva \(\gamma_1(t)=(t,t^2)\) é tal que
\begin{equation*} \lim\limits_{t\to 1}g\big(\gamma_1(t)\big)=\arctan(-1)=-\dfrac{\pi}{4}, \end{equation*}
pois esta curva parametriza a curva de nível \(-1\) de \(g\text{.}\) De modo análogo, a curva \(\gamma_2(t)=\big(t,\dfrac{1}{t}\big)\text{,}\) \(0< t< 1\text{,}\) nos dá que
\begin{equation*} \lim\limits_{t\to 1}g\big(\gamma_1(t)\big)=\arctan(0)=0, \end{equation*}
mostrando que \(\lim \limits _{(x,y) \to (1,1)} g(x,y)\) não existe.
Para o segundo limite, notamos que a primeira parcela vale \(-\dfrac{\pi}{4},\) (exatamente o limite de \(g\) ao longo de \(\gamma_1\) no parágrafo acima). Já segunda parcela tem limite nulo, pois um produto que tem \(g(x,y)\) como um fator limitado (entre \(-\dfrac{\pi}{2}\) e \(\dfrac{\pi}{2}\)) e \(\dfrac{(x-1)^2}{(x-1)^2+y^2}\) como fator que tende a zero (pois é uma função contínua no ponto \((1,1)\)). Desta forma a soma tem limite igual a \(-\dfrac{\pi}{4}\text{.}\)

7.

Seja \(f\colon\R^2\to\R\) dada por \(f(x,y)=\begin{cases} \dfrac {\sin (xy^3)}{x^2+y^4},&\text{ se }(x,y) \neq (0,0)\\ \hfill 0,&\text{ se }(x,y)=(0,0) \end{cases}\text{.}\)
Decida se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira ou falsa.
  1. \(f\) é contínua em \((0,0)\text{.}\)
  2. \(f\) é diferenciável em \((0,0)\text{.}\)
  3. \(\dfrac {\partial f}{\partial x}\) e \(\dfrac {\partial f}{\partial y}\) existem em todos os pontos de \(\R^2\text{.}\)
  4. O plano \(z=0\) é tangente ao gráfico de \(f\) em \((0,0,0)\text{.}\)
Resposta.
  1. Verdadeira
  2. Falsa
  3. Verdadeira
  4. Falsa
Solução.
  1. Precisamos verificar se \(\lim \limits _{(x,y) \to (0,0)} f(x,y)=f(0,0)=0\text{.}\) Para tanto, se \((x,y)\neq (0,0)\) podemos escrever
    \begin{equation*} f(x,y)=\dfrac {\sin (xy^3)}{x^2+y^4}=y\dfrac{xy^2}{x^2+y^4}\dfrac{\sin(xy^3)}{xy^3}, \end{equation*}
    onde
    • o primeiro fator tende a zero;
    • o segundo fator é limitado: basta trocar \(y\) por \(y^2\) no exemplo aos 4min 20seg de Figura A.3.6;
    • o terceiro fator tende a \(1\text{:}\) aplique a Proposição A.3.1 com as funções \(f(u)=\begin{cases}\dfrac{\sin u}{u},& u\neq 0\\ \hfill 1,& u=0\end{cases}\) e \(g(x,y)=xy^3\text{.}\)
    Segue então, do Corolário A.3.7, a verificação da igualdade incial, garantindo a continuidade de \(f\) na origem.
  2. A diferenciabilidade de \(f\) em \((0,0)\) depende da verificação da igualdade
    \begin{equation*} \lim \limits _{(h,k) \to (0,0)} \dfrac{f(0+h,0+k)-f(0,0)-f_x(0,0)h-f_y(0,0)k}{\sqrt{h^2+k^2}}=0. \end{equation*}
    Para isso precisamos das derivadas parciais de \(f\) na origem:
    • \(\dfrac {\partial f}{\partial x}(0,0)=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{f(0+h,0)-f(0,0)}{h}=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{\sin(h\cdot 0^3)}{(h^2+0^4)h}=0\text{;}\)
    • \(\dfrac {\partial f}{\partial y}(0,0)=\lim\limits_{k\to 0}\dfrac{f(0,0+k)-f(0,0)}{h}=\lim\limits_{k\to 0}\dfrac{\sin(0\cdot k^3)}{(0^2+k^4)k}=0\text{.}\)
    Assim o limite em questão resume-se a
    \begin{equation*} \lim \limits _{(h,k) \to (0,0)} \dfrac{\sin(hk^3)}{(h^2+k^4)\sqrt{h^2+k^2}}=\lim \limits _{(h,k) \to (0,0)} \dfrac{\sin(hk^3)}{hk^3}\dfrac{hk^2}{h^2+k^4}\dfrac{k}{\sqrt{h^2+k^2}}, \end{equation*}
    onde o primeiro fator tende a \(1\) (visto acima), mas o segundo e terceiro, apesar de limitados, não possuem limite (aqui você já deve ser capaz de encontrar as curvas que atestam isso). Em particular, o limite em questão não se anula e, desta forma, concluímos que \(f\) não é diferenciável em \((0,0)\text{.}\)
  3. A existência das derivadas parciais na origem é parte da solução do item anterior. Nos demais pontos observamos que \(f\) é dada por uma expressão que nos permite aplicar as regras de derivação (é um bom exercício fazer essas contas!) e portanto as derivadas parcias fora da origem também existem.
  4. Como \(f\) não é difrenciável na origem, ela não admite plano tangente neste ponto de seu domínio, apesar das derivadas parciais existirem ali e ser possível escrever a equação do que seria o plano tangente (neste caso este plano daria boas aproximações nas direções dos eixos coordenados, mas não em outras direções. Veja a figura:
    Figura 5.1.2. Gráfico da função e candidato a plano tangente

8.

Considere uma função \(F\colon\R^2\to\R\) e as duas curvas abaixo:
\begin{equation*} \gamma (t) = (-5,2t ), \forall t \in \mathbb {R}\quad \mbox {e}\quad \sigma (t) = (-5 +t,1), \forall t \in \mathbb {R}. \end{equation*}
Sabe-se que
\begin{equation*} F\big(\gamma (t)\big )= -20t^2, \forall t \in \mathbb {R}\quad \mbox {e}\quad F\big (\sigma (t)\big )=\ln (t^2+1)-5, \forall t \in \mathbb {R}. \end{equation*}
Escolha a alternativa correta para cada caso:
  1. Sobre a continuidade de \(F\) em \((-5,1)\) podemos afirmar que:
    1. é contínua em \((-5,1)\text{.}\)
    2. não é contínua em \((-5,1)\text{.}\)
    3. não temos informação suficiente para dizer algo.
  2. Sobre a diferenciabilidade de \(F\) em \((-5,1)\text{,}\) podemos afirmar que:
    1. é diferenciável em \((-5,1)\text{.}\)
    2. não é diferenciável em \((-5,1)\text{.}\)
    3. não temos informação suficiente para dizer algo.
  3. Sobre \(\dfrac {\partial F}{\partial x} (-5,1)\) podemos afirmar que:
    1. vale \(-5\text{.}\)
    2. vale \(0\text{.}\)
    3. não existe.
    4. não é possível garantir sua existência.
  4. Sobre \(\dfrac {\partial F}{\partial y} (-5,1)\)
    1. vale \(-10\text{.}\)
    2. vale \(-12\text{.}\)
    3. não existe.
    4. não é possível garantir sua existência.
Resposta.
  1. Alternativa c.
  2. Alternativa c.
  3. Alternativa b.
  4. Alternativa a.
Solução.
  1. Apesar das curvas \(\gamma\) e \(\sigma\) serem contínuas, \(\gamma(1/2)=\sigma(0)=(-5,1)\text{,}\) \(F(-5,1)=F\big(\gamma(1/2)\big)=-20(\frac{1}{2})^2=-5\text{,}\) \(F\big(\sigma(0)\big)=\ln(0^2+1)-5\text{,}\)
    \begin{align*} \lim\limits_{t\to 1/2}F\big(\gamma(t)\big)& =\lim\limits_{t\to 1/2}-20t^2=-5\text{ e}\\ \lim\limits_{t\to 0}F\big(\sigma(t)\big)& =\lim\limits_{t\to 0}\ln(t^2+1)-5=-5, \end{align*}
    temos informações sobre \(F\) apenas ao longo de duas curvas. Poderia haver uma terceira curva ao longo da qual a função não tem o mesmo comportamento, o que mostraria sua descontinuidade ali.
  2. O mesmo argumento acima também se aplica aqui.
  3. As curvas dadas têm imagens paralelas aos eixos coordenados, ambas passando por \((-5,1)\text{,}\) logo podemos usá-las para obter as derivadas parciais!
    Usando as definições temos que
    \begin{align*} \dfrac{\partial F}{\partial x}(-5,1)& =\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{F(-5+h,1)-F(-5,1)}{h}\\ &=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{F\big(\sigma(h)\big)+5}{h}= \lim\limits_{t\to 0}\dfrac{\ln(t^2+1)}{t}=0. \end{align*}
  4. De modo totalmente análogo,
    \begin{align*} \dfrac{\partial F}{\partial y}(-5,1)& =\lim\limits_{k\to 0}\dfrac{F(-5,1+k)-F(-5,1)}{k}\\ & \stackrel{(\ast)}{=}\lim\limits_{t\to 1/2}\dfrac{F\big(\gamma(t)\big)+5}{2t-1} =\lim\limits_{t\to 1/2}\dfrac{-20t^2+5}{2t-1}=-10, \end{align*}
    onde, em \((\ast)\text{,}\) fizemos a mudança \(k=2t-1\text{.}\)

9.

Nesta questão \(m\) e \(k\) são números reais fixados. Considere a função \(F(x,y) = \sqrt {1+mx^2+ky^2}\text{.}\) Sabe-se que:
  • A intersecção de \(\text {graf}(F)\) com o plano \(x=0\) está contida numa elipse no plano \(x=0\) que tem parametrização \(y(t) = 2 \cos (t)\text{,}\) \(z(t) = \sin (t)\text{,}\) para todo \(t \in \mathbb {R}.\)
  • A curva de nível \(c = \sqrt {2}\) de \(F\) é uma hipérbole de assíntotas \(y = \pm 2x\text{.}\)
Com essas informações:
  1. determine \(m\) e \(k\text{;}\)
  2. descreva o conjunto \(\text {Dom}(F)\) e faça um esboço;
  3. encontre uma parametrização para a parte da curva de nível que contém o ponto \((x_0,y_0) = (1,2\sqrt {2})\) e determine a reta tangente a essa curva em \((x_0,y_0)\text{;}\)
  4. esboce o gráfico de \(F\text{.}\)
Resposta.
  1. \(m=1\) e \(k=-\dfrac{1}{4}\text{.}\)
  2. \(\text {Dom}(F)=\big\{(x,y)\in\mathbb R^2\colon 1+x^2-\dfrac{y^2}{4}\geq 0 \big\}\text{.}\) Veja o esboço do domínio na solução.
  3. \(\gamma(t)=(\tan t, 2\sec(t))\text{,}\) \(t\in \big(-\dfrac{\pi}{2},\dfrac{\pi}{2}\big)\) e \(r\colon y=\sqrt{2}x+\sqrt{2}\text{.}\)
  4. Veja o gráfico de \(F\) na solução.
Solução.
  1. A primeira informação do enunciado nos diz que
    \begin{equation*} z=F(0,y)=\sqrt{1+ky^2}\implies z^2-ky^2=1. \end{equation*}
    Para que isso seja descrito pela parametrização dada (uma elipse), devemos ter \(k< 0\text{.}\) Além disso, tal elipse tem equação cartesiana \(z^2+\dfrac{y^2}{4}=1\text{.}\) Fica fácil então ver que \(k=-\dfrac{1}{4}\text{.}\)
    A segunda informação nos diz que
    \begin{equation*} F(x,y)=\sqrt{2}\implies 1+mx^2-\dfrac{y^2}{4}=2\implies mx^2-\dfrac{y^2}{4}=1, \end{equation*}
    é uma hipérbole de assíntotas \(y=\pm 2x\text{.}\) Observe que isso garante \(m>0\text{,}\) uma vez que \(k<0\text{.}\) Da equação desta hipérbole, vemos que seus focos estão no eixo \(Ox\) e podemos escrever sua porção nos quadrantes \(y> 0\) como \(y=2\sqrt{mx^2-1}\text{,}\) que tem como assíntotas as retas \(y=\pm 2\sqrt{m}x\text{.}\) Assim, \(2\sqrt{m}=2\implies m=1\text{.}\)
  2. De posse dos valores de \(m\) e \(k\text{,}\) temos a expressão de \(F\text{:}\) \(F(x,y)=\sqrt{1+x^2-\dfrac{y^2}{4}}\text{.}\) Seu domínio máximo é, então, aquele onde o termo na raiz é não-negativo, ou seja,
    \begin{equation*} \text {Dom}(F)=\big\{(x,y)\in\mathbb R^2\colon 1+x^2-\dfrac{y^2}{4}\geq 0\big\}. \end{equation*}
    Sua representação gráfica corresponte à região entre os ramos da hipérbole \(-x^2+\dfrac{y^2}{4}=1\) (atenção aos eixos fora de escala!):
    described in detail following the image
    O domínio de \(F\) e a tangente pedida no item abaixo.
    Figura 5.1.3. O domínio de \(F\) e a tangente pedida no item abaixo.
  3. Como \(F(1,2\sqrt {2})=\sqrt{1+1^2-\dfrac{(2\sqrt{2})^2}{4}}=0\text{,}\) estamos falando da curva de nível \(0\) de \(F\text{,}\) a qual (por pura sorte) é exatamente aquela que delimira o domínio, da qual pedimos a parte que contém o ponto dado, ou seja, vamos trabalhar com o ramo "superior" da hipérbole.
    Existem muitas maneiras de parametrizar esse ramo: funções trigonométricas, trigonométricas hiperbólicas ou mesmo descrevê-la como o gráfico de uma função a uma variável:
    • \(\gamma(t)=(\tan t, 2\sec(t))\text{,}\) \(t\in \big(-\dfrac{\pi}{2},\dfrac{\pi}{2}\big)\text{;}\)
    • \(\beta(t)=(\sinh t, 2\cosh t(t))\text{,}\) \(t\in\R\text{;}\)
    • \(\alpha(t)=(t,2\sqrt{t^2+1})\text{,}\) \(t\in\R\text{.}\)
    Usaremos o primeiro caso para determinar a reta tangente pedida. Para isso precisamos de \(t_0\in\big(-\dfrac{\pi}{2},\dfrac{\pi}{2}\big)\) tal que \(\gamma(t_0)=(1,2\sqrt {2})\text{,}\) fácil: \(t_0=\dfrac{\pi}{4}\text{.}\) A equação da reta pedida escreve-se:
    \begin{equation*} r\colon (x,y)=\gamma(t_0)+\gamma\beta'(t_0)=(1,2\sqrt {2})+\lambda(2,2\sqrt{2}),\lambda\in\R. \end{equation*}
    A equação geral de tal reta é \(r\colon y=\sqrt{2}x+\sqrt{2}\text{.}\)
  4. Pode-se perceber, fazendo \(z=F(x,y)\) que o gráfico de \(F\) satisfaz \(-x^2+\dfrac{y^2}{4}+z^2=1\text{,}\) com \(z\geq 0\text{,}\) ou seja, é um hiperbolóide de uma folha (seções elípticas) em torno do eixo \(Ox\text{.}\) Sem isso, o gráfico da função é construído analisando-se suas curvas de nível e cortes por planos verticais. Começando pelos últimos temos:
    • \(z=F(0,y)=\sqrt{1-\dfrac{y^2}{4}}\text{,}\) uma parte de elipse;
    • \(z=F(x,0)=\sqrt{1+x^2}\text{,}\) um ramo de hipérbole;
    Já as curvas de nível \(c\) tem uma alteração no comportamento:
    • \(0\leq c< 1\text{:}\) hipérboles com focos no eixo \(Oy\text{;}\)
    • \(c=1\text{:}\) par de retas concorrentes na origem, \(y=\pm 2x\text{;}\)
    • \(c> 1\text{:}\) hipérboles com focos no eixo \(Ox\text{;}\)
    Uma figura:
    Figura 5.1.4. Gráfico da função.