1.
Seja \(f(x,y)=
\begin{cases}
\dfrac{(x-1)^3}{(x-1)^2+(y-1)^2}&,\text{ se }(x,y)\neq(1,1)\\
\hfill 0&,\text{ se }(x,y)=(1,1)
\end{cases}\text{.}\)
- Determine se \(f\) é contínua em \((1,1)\text{.}\)
- Determine \(\dfrac{\partial f}{\partial x}(1,1)\) e \(\dfrac{\partial f}{\partial y}(1,1)\text{.}\)
- Determine se \(f\) é diferenciável em \((1,1)\text{.}\)
Resposta.
- Sim, \(f\) é contínua em \((1,1)\text{.}\)
- \(\dfrac{\partial f}{\partial x}(1,1)=1\) e \(\dfrac{\partial f}{\partial y}(1,1)=0\text{.}\)
- Não, \(f\) não é diferenciável em \((1,1)\text{.}\)
Solução.
-
Para que \(f\) seja contínua em \((1,1)\text{,}\) devemos ter\begin{equation*} \lim\limits_{(x,y)\to (1,1)}f(x,y)=f(1,1). \end{equation*}Basta fazer as contas:\begin{align*} \lim\limits_{(x,y)\to (1,1)}f(x,y)&=\lim\limits_{(x,y)\to (1,1)}\dfrac{(x-1)^3}{(x-1)^2+(y-1)^2}\\ &=\lim\limits_{(x,y)\to (1,1)}(x-1)\dfrac{(x-1)^2}{(x-1)^2+(y-1)^2}\stackrel{(\ast)}{=}0=f(1,1), \end{align*}Podemos usar o SageMath 1 para realizar alguns cálculos simbólicos. Definimos as variáveis e a função (aqui excluímos o ponto \((1,1)\) do domínio): Calculamos o limite necessário: Caso queira, também é possível definir a função por múltiplas sentenças, verificando o valor dela em cada ponto e a igualdade necessária para a continuidade:
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Calcular as derivadas parciais nesse caso é aplicação direta da definição:\begin{align*} \dfrac{\partial f}{\partial x}(1,1)&=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{f(1+h,1)-f(1,1)}{h}=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{\frac{h^3}{h^2+0^2}-0}{h}=\lim\limits_{h\to 0}\dfrac{h}{h}=1.\\ \dfrac{\partial f}{\partial y}(1,1)&=\lim\limits_{k\to 0}\dfrac{f(1,1+k)-f(1,1)}{k}=\lim\limits_{k\to 0}\dfrac{\frac{0^3}{0^2+k^2}-0}{k}=\lim\limits_{k\to 0}0=0. \end{align*}No SageMath:
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A diferenciabilidade de \(f\) em \((1,1)\) se dá verificando que\begin{equation*} \lim\limits_{(h,k)\to(0,0)} \dfrac{f(1+h,1+k)-f(1,1)-f_x(1,1)h-f_y(1,1)k}{\sqrt{h^2+k^2}}=0. \end{equation*}Aplicando a expressão de \(f\) e os valores do item anterior, o limite acima torna-se\begin{equation*} \lim\limits_{(h,k)\to(0,0)}\dfrac{\frac{h^3}{h^2+k^2}-h}{\sqrt{h^2+k^2}}=\lim\limits_{(h,k)\to(0,0)} \dfrac{-hk^2}{(h^2+k^2)\sqrt{h^2+k^2}}, \end{equation*}o qual sequer existe, logo não pode valer \(0\text{.}\) Tal afirmação verifica-se ao estudar o limite proposto ao longo da curva \(\gamma(t)=(t,t)\text{:}\)\begin{equation*} \lim\limits_{t\to 0}f\big(\gamma(t)\big)=\lim\limits_{t\to 0}-\dfrac{\sqrt{2}t}{4|t|}, \end{equation*}cujos limites laterais assumem valores distintos. No SageMath a expressão do limite acima pode ser calculada explicitamente: A restição à curva \(\gamma\) e o limite ao longo dela são: